De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Deputado do PV do PR é condenado por licença

19/10/2011

Fonte: OESP, Vida, p. A20



Deputado do PV do PR é condenado por licença
Rasca Rodrigues autorizou hidrelétrica quando dirigia órgão ambiental; pena é perda de função pública

Evandro Fadel / Curitiba

O juiz da 1.ª Vara Federal de Londrina (PR), Roberto Lima Santos, condenou o deputado estadual Rasca Rodrigues (PV) à perda da função pública que esteja exercendo na ocasião do trânsito em julgado de sua sentença, por entender que ele cometeu irregularidades no processo de concessão de licença ambiental para a construção da Hidrelétrica de Mauá, no Rio Tibagi.
À época da licença, em 2005, o deputado presidia o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que liberou o licenciamento, e era conselheiro fiscal da Companhia Paranaense de Energia (Copel), interessada e, depois, vencedora da licitação para construir e operar a usina.
A sentença, proferida no dia 10, suspende os direitos políticos do deputado do PV por cinco anos. Ele também foi condenado a pagar à União multa no valor de 50 vezes a quantia de sua remuneração.
O deputado disse ontem que vai recorrer da decisão, mas ressaltou que os possíveis efeitos somente poderão ser aplicados depois do trânsito em julgado, o que, ele estima, acontecerá em seis ou oito anos. Ele ressaltou que a sentença se refere a uma questão "formal" e todos os atos relacionados à questão ambiental foram convalidados.
Mas, segundo ele, nem mesmo uma possível informação privilegiada que poderia ser passada à Copel deveria ser levada em conta porque a empresa estatal paranaense foi a vencedora em um leilão público. "A CNEC Engenharia era a detentora do inventário", salientou. Segundo ele, se houvesse alguma irregularidade, as concorrentes teriam recorrido à Justiça.
Referência. Para Rodrigues, a Usina de Mauá, que fica entre os municípios de Tibagi e Telêmaco Borba, é uma "obra fantástica" em termos ambientais, tornando-se uma "referência". O ex-presidente do IAP disse que a altura da barragem foi rebaixada em 7,5 metros, o que permite 24% de redução no tempo de permanência da água na represa e 22,7% de redução no alagamento do Rio Barra Grande, um dos afluentes do Rio Tibagi.
Em outra das cinco ações que tratam da Hidrelétrica de Mauá, a Justiça determinou que a CNEC Engenharia, responsável pela elaboração do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima), pague multa de R$ 40 milhões por danos coletivos. A alegação é que a empresa teria omitido impactos ambientais, sociais, econômicos, políticos e culturais para a população ribeirinha.
A CNEC informou que a WorleyParsons comprou a empresa, mas a parte responsável pelos estudos na Usina de Mauá continua com a construtora Camargo Corrêa. A construtora informou, no fim da tarde, que vai recorrer da decisão.
O juiz também determinou que, após o trânsito em julgado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) assuma o licenciamento ambiental, que era competência do IAP.
A obra da usina, iniciada em 2008, deve custar cerca de R$ 1,2 bilhão e terá capacidade de 361 megawatts. O Rio Tibagi tem uma bacia que corresponde a 13% do território paranaense./ COLABOROU KARINA NINNI


Área a ser inundada abrigava mina de carvão

Karina Ninni

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) se debruça desde 1992 sobre a bacia do Rio Tibagi. "Quando a ideia da hidrelétrica surgiu, nós estávamos estudando a região havia anos e tínhamos dados para provar que essa barragem, no local em que foi proposta, seria inviável", diz Mário Orsi, biólogo e pesquisador da UEL. Ele diz que o Ministério do Meio Ambiente havia selecionado a região como área prioritária para preservação, por se tratar de uma região de transição entre três paisagens: Mata Atlântica, Mata de Araucária e Cerrado.
"Além disso, é o local da bacia com maior diversidade de espécies aquáticas e terrestres", completa Orsi.
A exemplo do que acontece também em Belo Monte (PA), a região em que a UHE Mauá foi parcialmente instalada tem tribos indígenas, de três diferentes etnias.
Além das acusações de manipulação do EIA-RIMA e de ausência de documentos que seriam necessários para determinar os impactos ambientais, como uma avaliação integrada da bacia, há outro problema: na área selecionada para a instalação do lago de 90 quilômetros quadrados e 130 metros de profundidade, funcionavam antigas minas de carvão mineral.
"O consórcio diz que cobrirá a área com uma camada de argila, mas isso não é suficiente. Uma de nossas professoras, Sirlei Dennemann, pagou do próprio bolso uma avaliação do sangue dos ribeirinhos e índios da região. Eles apresentavam altos índices de contaminação por chumbo, cobre e mercúrio. Com a pressão do lago, esses contaminantes vão penetrar mais fundo no solo e podem ameaçar águas subterrâneas", crê o biólogo.
Rachadura. O lago ainda não foi formado e, em julho, uma rachadura de 12 metros apareceu no paredão da barragem. Os pesquisadores, junto com o MPF, tentam impedir que a região seja inundada. "Não há um plano de evacuação de fauna, é um descalabro", diz Orsi.
Os cientistas dizem que Londrina (a 380 km de Curitiba) será a cidade mais afetada pela barragem caso entre em funcionamento. "Quase 70% da água da cidade vêm da bacia do Tibagi", diz Mário Orsi.

OESP, 19/10/2011, Vida, p. A20

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,deputado-do-pv-do-pr-e--condenado-por-licenca-,787284,0.htm
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,area-a-ser-inundada-abrigava-mina-de-carvao--,787327,0.htm
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.