De Pueblos Indígenas en Brasil
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Índio protesta e é retirado à força do tribunal
27/04/2012
Fonte: O Globo, O País, p. 3
Índio protesta e é retirado à força do tribunal
BRASÍLIA. Logo em sua segunda sessão como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Carlos Ayres Britto deparouse com uma situação incomum para um cenário tão formal: no meio do voto do ministro Luiz Fux, o índio da etnia guarani Araju Sepeti, que estava na plateia, começou a gritar. Reclamava que só se falava da situação dos negros no Brasil e nada se comentava dos índios. Calmamente, Fux explicou que ele não poderia se manifestar. O homem insistiu. Foi a vez de Ayres Britto reforçar o mesmo esclarecimento. Fux tentou continuar o voto, mas não foi possível diante dos protestos ininterruptos.
- Se prosseguir, vou mandar o senhor ser retirado à força. Por favor, fique e vamos assistir ao julgamento - disse o presidente.
E não foi apenas Fux que se sentiu incomodado. Um advogado negro que estava no plenário foi um dos que pediram silêncio. Ouviu do índio uma ofensa: - Se não está satisfeito, volta pro seu quilombo! Diante da insistência do homem em se fazer ouvido, Ayres Britto interrompeu a sessão até que os seguranças cumprissem a ordem de retirada à força. E assim foi feito.
Em apenas um minuto, Sepeti, que compareceu ao tribunal acompanhado da mulher e das duas filhas, uma delas ainda um bebê de colo, foi retirado à força pelos seguranças engravatados do STF. Esperneou, reclamou e acabou do lado de fora.
- A democracia tem seus momentos que às vezes ultrapassam a dose, mas faz parte da nossa Casa - lamentou Fux, que retomou o seu voto.
Sepeti vestia uma camisa do Vasco. Ele contou que mora numa invasão em Brasília.
Já expulso do tribunal, o guarani reclamou que tinham machucado seu braço. A mulher e a filha maior chamaram os seguranças de "racistas" e "cavalos".
- É assim que tratam o índio no Brasil - reclamou Sepeti.
- Vocês violam os direitos de todos e não respeitam a Constituição. O Brasil é composto de três raças: raça indígena, raça branca e raça negra. E esses safados (os seguranças) não respeitam.
No plenário, Fux tentava se concentrar novamente, mas teve dificuldade.
- De alguma maneira, essas perturbações vão limitando nossa capacidade de digressão - observou.
Fux mencionou o direito dos indígenas e concluiu seu voto a favor das cotas para estudantes negros.
Para entrar no Supremo, é necessário apresentar documento de identidade e passar por um detector de metais.
Em sessões normais, é exigido dos homens que usem terno e gravata. Como o julgamento de ontem foi acompanhado por pessoas de diversas classes sociais, o vestuário foi flexibilizado.
Outros indígenas estavam presentes, bem como representantes de movimentos negros.
No entanto, não houve outras manifestações durante o julgamento.
O Globo, 27/04/2012, O País, p. 3
BRASÍLIA. Logo em sua segunda sessão como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Carlos Ayres Britto deparouse com uma situação incomum para um cenário tão formal: no meio do voto do ministro Luiz Fux, o índio da etnia guarani Araju Sepeti, que estava na plateia, começou a gritar. Reclamava que só se falava da situação dos negros no Brasil e nada se comentava dos índios. Calmamente, Fux explicou que ele não poderia se manifestar. O homem insistiu. Foi a vez de Ayres Britto reforçar o mesmo esclarecimento. Fux tentou continuar o voto, mas não foi possível diante dos protestos ininterruptos.
- Se prosseguir, vou mandar o senhor ser retirado à força. Por favor, fique e vamos assistir ao julgamento - disse o presidente.
E não foi apenas Fux que se sentiu incomodado. Um advogado negro que estava no plenário foi um dos que pediram silêncio. Ouviu do índio uma ofensa: - Se não está satisfeito, volta pro seu quilombo! Diante da insistência do homem em se fazer ouvido, Ayres Britto interrompeu a sessão até que os seguranças cumprissem a ordem de retirada à força. E assim foi feito.
Em apenas um minuto, Sepeti, que compareceu ao tribunal acompanhado da mulher e das duas filhas, uma delas ainda um bebê de colo, foi retirado à força pelos seguranças engravatados do STF. Esperneou, reclamou e acabou do lado de fora.
- A democracia tem seus momentos que às vezes ultrapassam a dose, mas faz parte da nossa Casa - lamentou Fux, que retomou o seu voto.
Sepeti vestia uma camisa do Vasco. Ele contou que mora numa invasão em Brasília.
Já expulso do tribunal, o guarani reclamou que tinham machucado seu braço. A mulher e a filha maior chamaram os seguranças de "racistas" e "cavalos".
- É assim que tratam o índio no Brasil - reclamou Sepeti.
- Vocês violam os direitos de todos e não respeitam a Constituição. O Brasil é composto de três raças: raça indígena, raça branca e raça negra. E esses safados (os seguranças) não respeitam.
No plenário, Fux tentava se concentrar novamente, mas teve dificuldade.
- De alguma maneira, essas perturbações vão limitando nossa capacidade de digressão - observou.
Fux mencionou o direito dos indígenas e concluiu seu voto a favor das cotas para estudantes negros.
Para entrar no Supremo, é necessário apresentar documento de identidade e passar por um detector de metais.
Em sessões normais, é exigido dos homens que usem terno e gravata. Como o julgamento de ontem foi acompanhado por pessoas de diversas classes sociais, o vestuário foi flexibilizado.
Outros indígenas estavam presentes, bem como representantes de movimentos negros.
No entanto, não houve outras manifestações durante o julgamento.
O Globo, 27/04/2012, O País, p. 3
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