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Montagem da Cúpula dos Povos está atrasada

22/05/2012

Fonte: O Globo, Rio, p. 19



Montagem da Cúpula dos Povos está atrasada
Com aumento de preços, organizadores dizem que tendas no Aterro serão feitas de lona, em vez de bambu ecológico

Ludmilla de Lima
ludmilla.lima@oglobo.com.br

As estruturas para a Cúpula dos Povos, encontro que acontecerá no Aterro do Flamengo, paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), começarão a ser montadas somente no fim desta semana. Por causa de problemas burocráticos na liberação dos recursos pela Caixa Econômica Federal (CEF) e de aumento dos preços dos fornecedores inicialmente contatados, o evento organizado pela sociedade civil, que ocorrerá daqui a menos de um mês - de 15 a 23 de junho -, está tendo o seu orçamento e a sua planta reorganizados. Pelo cronograma anterior, as tendas começariam a ser erguidas semana passada.
Caixa liberou R$ 3 milhões no início do mês
No início deste mês, a CEF liberou R$ 3 milhões dos R$ 10 milhões que serão repassados para a cúpula. Mas, segundo os organizadores do evento, não houve tempo suficiente para contratar as tendas de bambu ecológico - material que precisa ser encomendado com 60 dias de antecedência - planejadas para a Cúpula dos Povos. Seriam entre 40 e 50 instalações desse tipo no Aterro.
- A gente queria que todas as tendas fossem de bioconstrução, feitas de bambu. Queríamos dar o exemplo de que é possível fazer o evento de outra maneira. Íamos capacitar moradores de comunidades sobre como montar, e depois doar essas tendas para eles. Mas as tendas de bambu não serão mais viáveis dentro do cronograma financeiro e do prazo. Vamos ter que usar tendas de lona tradicional mesmo - lamenta Carlos Henrique Painel, ambientalista e coordenador do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais.
Ele diz que a montagem deve ser iniciada entre sexta-feira e domingo. Outras adequações estão sendo necessárias para ajustar o planejamento inicial aos preços que estão sendo praticados para o período da Rio+20. Alguns fornecedores também precisaram ser trocados, porque desistiram do serviço diante da demora para receber o adiantamento.
- Tivemos que procurar novos fornecedores, que se adequassem ao orçamento que a gente tinha. Estamos tendo um retrabalho grande para contratar as tendas, equipamentos de som e de tradução simultânea. Entregamos o orçamento para o governo federal em fevereiro, mas houve um aumento dos valores nesse período. Há muitos vislumbrando oportunidades de lucros e aumentando preços para essas datas - afirma Painel.
Apesar das dificuldades financeiras, a cúpula vive uma "crise de sucesso", como define o coordenador do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais. O evento recebeu duas mil inscrições de atividades autogestionadas - promovidas por ONGs, movimentos e fóruns sociais -, enquanto o número previsto para ocorrer durante a cúpula era de 500. Painel conta que algumas não foram aceitas por terem partido de governos e de empresas, e que outras foram fundidas, por tratarem dos mesmos temas. A partir de agora, serão cerca de mil atividades do tipo no encontro, que terá um público de cerca de 30 mil pessoas.
A Cúpula dos Povos - que acontecerá no mesmo lugar do Fórum Global, durante a Rio 92, também cresceu em território, ultrapassando os limites do Aterro do Flamengo. Instituições vizinhas se integraram ao evento e cederão espaços para encontros e debates. Na lista, estão a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Caixa de Assistência dos Advogados do Rio (Caarj), o Instituto dos Arquitetos do Brasil no Rio (IAB-RJ) e o Museu da República, no Catete.
Sambódromo será usado como acampamento
A CEF informou que o contrato de patrocínio firmado com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) para a Cúpula dos Povos na Rio +20 foi assinado em 30 de abril deste ano, com a liberação de adiantamento de R$ 3 milhões no dia 2 de maio. Após a apresentação dos comprovantes das despesas, R$ 5 milhões serão repassados. Os R$ 2 milhões restantes serão depositados após a comprovação do cumprimento das contrapartidas.
O secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório, afirma que parte do Sambódromo será usada como acampamento de integrantes da Cúpula dos Povos. O espaço se somará à Quinta da Boa Vista e a dois Cieps - no Centro e no Catete - que serão destinados para as barracas dos participantes. No Aterro, caberá à prefeitura ajudar com parte da logística: o município entrará com as equipes de limpeza, de guardas municipais e de agentes de trânsito.


Aldeia Kari-Oca, enfim, começará a ser erguida
Índios do Alto Xingu trarão a madeira dos arcos que vão sustentar estruturas em Jacarepaguá

Vintes índios do Alto Xingu, da nação Kamayurá, desembarcam no fim desta semana no Rio, para iniciar a construção da aldeia Kari-Oca, em Jacarepaguá, onde indígenas de todo o mundo debaterão os rumos do planeta durante a Rio+20. Com eles, virão as madeiras dos arcos que sustentarão as cinco ocas, sendo duas especiais: a eletrônica, com tecnologia de informação de ponta, e uma da sabedoria, dedicada aos principais líderes espirituais indígenas do mundo. Por fora, elas serão iguais às das tribos do Alto Xingu.
O grupo que viajará, de ônibus, ao Rio é formados por jovens, com exceção de dois índios mais velhos, os arquitetos das ocas. O líder indígena Marcos Terena, que está à frente da organização da Kari-Oca pelo Comitê Intertribal, visitou novamente, na semana passada, a Colônia Juliano Moreira, local que abrigou a Kari-Oca na Rio 92. Ele diz que a prefeitura se comprometeu a preparar a área antes da instalação da aldeia.
- Ficou combinado que a prefeitura vai dar apoio na infraestrutura da aldeia, garantindo a limpeza diária e a coleta seletiva, a iluminação e o acesso à internet - afirma Terena, acrescentando que o papel do Comitê Intertribal será articular a vinda das delegações e elaborar a agenda de debates.
Já a Fiocruz irá ceder um espaço dentro da Colônia Juliano Moreira, enquanto os ministérios do Esporte e da Cultura deverão liberar os recursos para a montagem da aldeia.
- Considerando o transporte de 400 índios (do diferentes lugares do país) e alimentação para dez dias, vamos precisar de mais ou menos R$ 1 milhão - calcula o líder, dizendo que negocia com a Fundação Banco do Brasil o equipamento da oca eletrônica.
O Ministério do Esporte entrará com apoio, segundo Terena, por causa dos Jogos Mundiais Indígenas, no ano que vem. O movimento recebeu do prefeito Eduardo Paes apoio para que as competições sejam feitas no Rio. O lançamento oficial dos Jogos será durante a Rio+20.
O público esperado para a Kari-Oca é de 1.600 índios: 400 brasileiros, que integram 25 nações, e 1.200 estrangeiros, de países como Estados Unidos e Etiópia. De fora, são aguardados grupos como os maias, da América Central.

O Globo, 22/05/2012, Rio, p. 19
 

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