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Cobrança de líder indígena a ministro marca o início da Cúpula dos Povos

16/06/2012

Fonte: O Globo, Especial, p. 8



Cobrança de líder indígena a ministro marca o início da Cúpula dos Povos
Primeiro dia de atividades do principal evento paralelo à Rio+20 reúne no Aterro do Flamengo ativistas céticos em relação ao rumo dos debates da conferência do Riocentro

Natasha Mazzacaro
natasha.mazzacaro@oglobo.com.br

Foi animado o início das atividades na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20 que acontece no Aterro do Flamengo. A postura do índio Otoniel Ricardo Guarani, vereador da cidade de Caarapó, em Mato Grosso do Sul, que foi filmado apontando o dedo para o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, causou confusão no local. Impressionado com a repercussão do episódio, o índio, que tem o nome de Ñanoeva e Kaiowa na comunidade guarani, defendeu-se das acusações de ter sido rude com Patriota, e alegou que estava no local para entregar um documento ao ministro, reiterando que a maneira como se portou é "simplesmente a sua forma de se comunicar".
- Eu não botei o dedo na cara do ministro. Apenas aproveitei a vinda dele para falar sobre a questão da demarcação de terras indígenas no Brasil. Problemas como meio ambiente, educação e outros campos seriam solucionados com isso - afirmou o líder indígena, membro da comissão Atayaguasu.
Kaiowa disse que 245 líderes da sua comunidade já foram mortos por fazendeiros da região. Ele acredita que também corre risco de vida:
- É provável que um dia eu apareça morto, como outros líderes locais.
Ao lado de povos indígenas do Brasil e de outras regiões do mundo, o líder pretende entregar ao ministro, no último dia da cúpula, um documento com os interesses das comunidades indígenas brasileiras. Segundo Kaiowa, Patriota disse que receberia o texto em mão.
Durante o evento, que acontece até o dia 23 e reúne diversos movimentos sociais, serão realizadas cinco plenárias e três assembleias, além de 800 atividades, entre debates, oficinas, seminários e performances.
- Essa conferência tem tudo para ser um marco histórico, mas ela não se limita em si mesma. Nós teremos que criar uma rede de contatos para continuar trabalhando e utilizar essa força toda para levarmos adiante esse esforço para o desenvolvimento sustentável - disse Patriota.
Ativistas políticos criticam as diferenças entre as cúpulas Integrante da Via Campesina, organização internacional que defende os interesses dos camponeses, Luiz Zarref, que também é organizador da Cúpula dos Povos, diz que um documento com soluções alternativas às propostas pela Rio+20 também será elaborado durante cinco plenárias, que acontecerão nos dias 19, 21 e 22.
- Temos movimentos de mulheres, camponeses, índios, negros. Todas as expressões sociais serão ouvidas aqui. Protestamos contra a mercantilização da vida e queremos fazer mobilizações e estimular discussões sobre a economia verde e o biodiesel, que, ao nosso ver, não são soluções reais para os problemas ambientais - afirmou Zarref.
A americana Cindy Wiesner, da Grassroots Global Justice Alliance e outra organizadora da Cúpula dos Povos, concorda com Zarref. E vai além: para a ativista, as soluções apontadas pela Rio+20 traduzem somente a visão dos governantes:
- No nosso entendimento, não sairá nada de positivo da Rio+20. Se havia alguém com boas intenções na Rio 92, agora não há mais ninguém.
As duas cúpulas que estão ocorrendo vão determinar o futuro do meio ambiente e elas são muito diferentes entre si. Aqui falamos das raízes dos problemas. Não estamos dando soluções temporárias. Não temos confiança no que eles estão decidindo no Riocentro, simplesmente porque os governos decidem com base em objetivos capitalistas - diz Cindy.
Para atender os cerca de 20 mil visitantes que são esperados por dia no Aterro do Flamengo, a organização montou uma estrutura com 400 banheiros químicos e três áreas de convivência, com três lanchonetes em cada uma. Além disso, três postos de saúde e cinco ambulatórios da Cruz Vermelha estão espalhados pela orla. Para garantir a segurança no local, 250 policiais militares foram deslocados para cinco bases.

O Globo, 16/06/2012, Especial, p. 8
 

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