De Pueblos Indígenas en Brasil
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Carta dos Povos Truká e Tumbalalá*
17/02/2005
Fonte: Centro de Cultura Paulo Freire
Nós, lideranças e comunidade do povo Truká, reunidos na Ilha da Assunção, queremos manifestar nossa indignação com a postura do Governo federal, frente ao debate sobre a transposição do rio São Francisco (nosso rio, nosso alimento e, principalmente, nossa vida, dado por Deus aos nossos antepassados) e o comportamento da Polícia Militar do estado de Pernambuco, que todas as vezes que vamos participar de alguma reivindicação para o nosso povo, fica com carros na entrada da Ilha da Assunção, nosso território, bloqueando a passagem, intimidando, constrangendo, insultando e tratando todos nós como bandidos.
Os fatos:
1- Em janeiro deste ano, aconteceu uma audiência pública sobre a transposição, na cidade de Salgueiro, Pernambuco, onde os indígenas Truká e Tumbalalá solicitaram do Governo Federal que fosse realizada uma reunião de esclarecimento a população de Cabrobó, local de onde sairia um dos canais da transposição, para aprofundarmos o debate, e que essa reunião não teria o caráter de audiência pública. Ficou acordado que a reunião ocorreria no dia 17 de fevereiro de 2005.
2- A TV Grande Rio (afiliada a Rede Globo), noticiou na noite do dia 16 de fevereiro, portanto as vésperas da reunião, que esta não aconteceria mais, provocando uma desmobilização nas comunidades ribeirinhas e nos povos Truká e Tumbalalá. Para nossa surpresa, alguns indígenas que se encontravam em Cabrobó, no dia 17 de fevereiro, descobriram que o Ginásio Valdemir Jacinto Pereira (Araujão) estava pronto para acontecer a reunião, que muitos diziam ser audiência pública.
3- Logo pela manhã do dia 17 de fevereiro, a cabeça da ponte, na entrada da Ilha da Assunção, estava repleta de policiais abordando e constrangendo os índios que passavam para a cidade, numa atitude desrespeitosa e preconceituosa. Nós perguntamos: por que não se revistou as pessoas da cidade que foram até o ginásio participar da reunião?
Queremos neste momento, reafirmar nossa disposição em discutir a transposição com a sociedade de Cabrobó e com nossos irmãos Tumbalalá, além de reafirmar que somos contrários a transposição, pois temos várias razões de desconfiar destas propostas:
a) Até hoje, esse Governo que ai está nunca atendeu a pauta de reivindicações dos povos indígenas, e quando aparece vem barganhar.
b) Até hoje, esse Governo nunca veio até nossa comunidade apresentar a análise de impacto ambiental e social, causada pela transposição.
c) O Governo não fala em revitalização do rio, não fala das cidades que o rio banha e que não tem saneamento básico, poluindo o rio, matando nossos peixes, não fala que o rio diminui seu volume de água, a cada dia, ameaçando aqueles que vivem da agricultura e da pesca nas margens do Velho Chico.
d) O Governo que enviar água para outros estados, "para combater a seca", mas muitos que moram a poucos quilômetros do rio não tem acesso a água deste. Fala que a água é para o consumo humano, mas como será que o povão vai pagar esta água, que segundo os técnicos do próprio Governo terá um custo muito alto?
Nós somos contrários a privatização das águas do que resta do São Francisco, porque isso viola o nosso direito a vida, porque não aceitamos vender nossa liberdade, porque não queremos ser cativos de um novo senhor de escravos.
Povo Truká (PE) e Tumbalalá (BA)
Os fatos:
1- Em janeiro deste ano, aconteceu uma audiência pública sobre a transposição, na cidade de Salgueiro, Pernambuco, onde os indígenas Truká e Tumbalalá solicitaram do Governo Federal que fosse realizada uma reunião de esclarecimento a população de Cabrobó, local de onde sairia um dos canais da transposição, para aprofundarmos o debate, e que essa reunião não teria o caráter de audiência pública. Ficou acordado que a reunião ocorreria no dia 17 de fevereiro de 2005.
2- A TV Grande Rio (afiliada a Rede Globo), noticiou na noite do dia 16 de fevereiro, portanto as vésperas da reunião, que esta não aconteceria mais, provocando uma desmobilização nas comunidades ribeirinhas e nos povos Truká e Tumbalalá. Para nossa surpresa, alguns indígenas que se encontravam em Cabrobó, no dia 17 de fevereiro, descobriram que o Ginásio Valdemir Jacinto Pereira (Araujão) estava pronto para acontecer a reunião, que muitos diziam ser audiência pública.
3- Logo pela manhã do dia 17 de fevereiro, a cabeça da ponte, na entrada da Ilha da Assunção, estava repleta de policiais abordando e constrangendo os índios que passavam para a cidade, numa atitude desrespeitosa e preconceituosa. Nós perguntamos: por que não se revistou as pessoas da cidade que foram até o ginásio participar da reunião?
Queremos neste momento, reafirmar nossa disposição em discutir a transposição com a sociedade de Cabrobó e com nossos irmãos Tumbalalá, além de reafirmar que somos contrários a transposição, pois temos várias razões de desconfiar destas propostas:
a) Até hoje, esse Governo que ai está nunca atendeu a pauta de reivindicações dos povos indígenas, e quando aparece vem barganhar.
b) Até hoje, esse Governo nunca veio até nossa comunidade apresentar a análise de impacto ambiental e social, causada pela transposição.
c) O Governo não fala em revitalização do rio, não fala das cidades que o rio banha e que não tem saneamento básico, poluindo o rio, matando nossos peixes, não fala que o rio diminui seu volume de água, a cada dia, ameaçando aqueles que vivem da agricultura e da pesca nas margens do Velho Chico.
d) O Governo que enviar água para outros estados, "para combater a seca", mas muitos que moram a poucos quilômetros do rio não tem acesso a água deste. Fala que a água é para o consumo humano, mas como será que o povão vai pagar esta água, que segundo os técnicos do próprio Governo terá um custo muito alto?
Nós somos contrários a privatização das águas do que resta do São Francisco, porque isso viola o nosso direito a vida, porque não aceitamos vender nossa liberdade, porque não queremos ser cativos de um novo senhor de escravos.
Povo Truká (PE) e Tumbalalá (BA)
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