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Funai abandona índios

24/06/2005

Fonte: O Liberal-Belém-PA



Tembés estão em Belém há dez dias, mas Funai, em greve, não atende suas reivindicações

Os 70 índios Tembé que ocupam a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Belém, deram um prazo até a próxima segunda-feira, 27, para que seja sinalizada, pelo poder público, uma solução para as revindicações que motivaram a vinda do grupo a Belém. Os índios, que ocupam a sede do órgão há dez dias, dizem que estão sem alimentação e foram abandonados pelos servidores da Funai, que estão em greve há mais de três semanas. As Iideranças do grupo afirmam que uma reunião com o governo do Estado e representantes do Ibama, Incra e Ministério Público Federal (MPF) está marcada para as 11 horas da segunda-feira, no Palácio dos Despachos, e que se não houver nenhum tipo de negociação concreta, eles farão um manifestação diferenciada em Belém - mas não disseram de que forma.

"Estamos em situação de desespero: nossas crianças estão aqui passando fome e ninguém resolve a situação da nossa terra. Estamos abandonados", afirmou ontem Antônio Tembé, um dos líderes presentes no órgão.

Os índios Tembém vieram para Belém motivados, entre outras coisas, pela situação crítica da área dos Tembé no Alto Rio Guamá, que tem 279 mil hectares e está sendo devastada pelos madeireiros, que, segundo os índios, roubam sistematicamente a medeira da reserva. No local, os índios sobrevivem da cultura da farinha de mandioca e, em menor escala, do artesanto, que segundo eles não é suficiente para a sobreviência se a floresta continuar sendo destruída. Além de exigir a retirada das serrarias, os índios exigem da Funai a instalação de duas bases de vigilância na localidade de Santa Luzia, próxima da reserva. Apesar de já terem sido ouvidos pela coordenadora regional da Funai, Célia Vallois, que compareceu ao órgão há uma semana, e ainda pelo procurador federal Felício Ponte Júnior, os índios disseram que nenhuma garantia foi dada quanto à retirada das serrarias e à segurança e atendimento na área.

Apesar das precárias condições de alojamento, os indígenas afirmam que não sairão de Belém sem essa garantia. Segundo eles, outro grupo de índios entre os 470 habitantes da aldeia Tembé queria vir para Belém para dar apoio à manifestação em Belém, mas foi impedido. "Nós estamos resistindo e não permitirmos a vinda do grupo para não aumentar o número de gente nossa passando fome aqui", revelou, ao mostrar as instalações da Funai em difíceis condições de higiene e sem alimentos, salvo algumas sacas de farinha trazidas por eles da reserva. Com as panelas vazias e até sem água para beber, Antônio informou que os índios estão vivendo de doações obtidas pelas lideranças e não sabem como será o dia hoje. Ontem, o almoço chegou em marmitas doadas aos índios. À noite, uma sopa foi improvisada com os restos dos alimentos das marmitas.

Na luta contra o roubo de madeira, os índios chegaram a exigir, no encontro com a coordenação regional da Funai, a presença de representantes da Funai nacional, mas até agora o comando da instituição também não deu sinais de atendimento ao pedido dos índios, que buscam o que eles chamam de aliados para continuar resistindo. "As lideranças estão passando quase todo o dia andando por Belém em busca de aliados à nossa causa", disse Antônio Tembé.
 

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