De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Noticias
Índios desfilam, mas também pedem ajuda
28/02/2017
Fonte: O Globo, Carnaval2017, p. 5
Índios desfilam, mas também pedem ajuda
Cinquenta lideranças do Xingu defenderam as cores da Imperatriz
Não teve "uga, uga", mas teve "opa, opa". Na concentração da Sapucaí, a poucos minutos de entrar na Passarela do Samba, o cacique Jacalo, da etnia Cuicuro, um dos 50 indígenas que representaram os povos tradicionais do Alto Xingu no desfile da Imperatriz Leopoldinense, não sabia ao certo como se posicionar na Avenida Presidente Vargas. A 2,5 mil quilômetros de sua aldeia, onde "cada um respeita o espaço do outro", muitos esbarravam em seu corpo forte, no corre-corre de diretores e equipes de apoio antes do desfile.
- Opa, opa - dizia o cacique, surpreso a cada esbarrão.
Quando explodiram os fogos de artifício, anunciando o início do desfile, alguns índios se assustaram. Um dos pajés, no alto do quarto carro alegórico, parecia com medo de cair - suas pernas tremiam lá em cima. Vieram as principais lideranças indígenas da região, que sofre com a construção da barragem de Paranatinga 2.
- Os peixes foram embora. É triste - resume o cacique Jacalo. - Mas hoje é noite de festa. Está parecendo o Quarup - afirma, lembrando a festa anual em que os povos do Xingu se unem para homenagear seus mortos.
Marcelo Camaiorá se disse emocionado desde que chegou ao Rio, na quinta-feira. Ao se deparar com o carnaval de rua, na sexta, a caminho do Cristo Redentor, viu muito "homem branco vestido de índio". Na Sapucaí, ainda mais.
- No Mato Grosso, ninguém se veste de índio. Aqui no Rio sinto que nos respeitam. Mas fico pensando: quantas dessas pessoas realmente se importam com os problemas do índio? reflete.
Como as sungas de cor preta distribuídas pela escola ficaram muito apertadas no corpanzil dos ilustres convidados, alguns desfilaram de bermuda.
- Isso não é índio de verdade, é gente lá da minha terra - dizia um bêbado, na concentração, proferindo asneiras e mexendo com as mulheres que acompanhavam os maridos, de 12 etnias.
Um diretor de ala chamava a atenção dos homens, dizendo para guardarem "chinelos, celulares e mochilas".
- É para ficar como se vocês estivessem no Xingu - gritou, sem paciência, com os que estavam na sexta alegoria.
Único dos índios afetado pela usina de Belo Monte, no Médio Xingu, Timei Assurini conta que sua etnia entrou em contato com o branco há apenas 40 anos. A tribo tinha milhares de pessoas. Hoje, são apenas 250.
- O carnaval é uma grande emoção, nunca imaginei estar aqui. Mas vim com a missão de pedir socorro - disse Assurini.
O Globo, 28/02/2017, Carnaval 2017, p. 5
Cinquenta lideranças do Xingu defenderam as cores da Imperatriz
Não teve "uga, uga", mas teve "opa, opa". Na concentração da Sapucaí, a poucos minutos de entrar na Passarela do Samba, o cacique Jacalo, da etnia Cuicuro, um dos 50 indígenas que representaram os povos tradicionais do Alto Xingu no desfile da Imperatriz Leopoldinense, não sabia ao certo como se posicionar na Avenida Presidente Vargas. A 2,5 mil quilômetros de sua aldeia, onde "cada um respeita o espaço do outro", muitos esbarravam em seu corpo forte, no corre-corre de diretores e equipes de apoio antes do desfile.
- Opa, opa - dizia o cacique, surpreso a cada esbarrão.
Quando explodiram os fogos de artifício, anunciando o início do desfile, alguns índios se assustaram. Um dos pajés, no alto do quarto carro alegórico, parecia com medo de cair - suas pernas tremiam lá em cima. Vieram as principais lideranças indígenas da região, que sofre com a construção da barragem de Paranatinga 2.
- Os peixes foram embora. É triste - resume o cacique Jacalo. - Mas hoje é noite de festa. Está parecendo o Quarup - afirma, lembrando a festa anual em que os povos do Xingu se unem para homenagear seus mortos.
Marcelo Camaiorá se disse emocionado desde que chegou ao Rio, na quinta-feira. Ao se deparar com o carnaval de rua, na sexta, a caminho do Cristo Redentor, viu muito "homem branco vestido de índio". Na Sapucaí, ainda mais.
- No Mato Grosso, ninguém se veste de índio. Aqui no Rio sinto que nos respeitam. Mas fico pensando: quantas dessas pessoas realmente se importam com os problemas do índio? reflete.
Como as sungas de cor preta distribuídas pela escola ficaram muito apertadas no corpanzil dos ilustres convidados, alguns desfilaram de bermuda.
- Isso não é índio de verdade, é gente lá da minha terra - dizia um bêbado, na concentração, proferindo asneiras e mexendo com as mulheres que acompanhavam os maridos, de 12 etnias.
Um diretor de ala chamava a atenção dos homens, dizendo para guardarem "chinelos, celulares e mochilas".
- É para ficar como se vocês estivessem no Xingu - gritou, sem paciência, com os que estavam na sexta alegoria.
Único dos índios afetado pela usina de Belo Monte, no Médio Xingu, Timei Assurini conta que sua etnia entrou em contato com o branco há apenas 40 anos. A tribo tinha milhares de pessoas. Hoje, são apenas 250.
- O carnaval é uma grande emoção, nunca imaginei estar aqui. Mas vim com a missão de pedir socorro - disse Assurini.
O Globo, 28/02/2017, Carnaval 2017, p. 5
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.