De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Em São Paulo, menor reserva indígena do país luta contra redução de território

01/09/2017

Autor: Juliana Gonçalves

Fonte: Brasil de Fato - https://www.brasildefato.com.br



Localizada a 27 quilômetros do centro da cidade de São Paulo, a aldeia urbana do Jaraguá abriga cerca de 700 indígenas. Ao chegar no local, logo se percebe o abandono do Estado. Sem saneamento básico, sem espaço adequado para a plantação, muitas casas são pequenos cubículos feitos de madeira.

Fazia cerca de 27 graus na manhã que a reportagem esteve na aldeia. O tempo seco levantava uma poeira grossa do chão. Quase não há verde ou árvores para se abrigar do sol. O calor agrava ainda mais a situação, vista com angústia por Ara Miri, em português Sonia, líder guarani que mora há 14 anos no local.

"Olha o estado que é esse lugar! As pessoas estão praticamente amontoadas umas em cima das outras. Isso é vida? Não é vida... A comunidade indígena não vive dessa forma.. Viver dessa forma é sub-humano. O calor que está fazendo, sem água aqui, com um monte de criança...", conta Ara Miri.

O comentário é completado com a explicação de que a água encanada chega apenas a alguns lugares da aldeia, que abriga um posto de saúde e uma pequena escola onde crianças e jovens cursam até o Ensino Fundamental. Há ainda uma casa de reza e uma horta onde as plantas vivem, assim como os guarani, com pouco espaço.


Menor terra indígena


A precariedade da vida no local cria uma sensação de que nada mudou no território ocupado por eles desde 1950. A terra indígena é formada por cinco aldeias guarani, chamadas tekuá, e cada uma tem um grupo de lideranças responsável por organizar coletivamente a comunidade.

Em 1987, o governo federal homologou a terra indígena em 1,7 hectare, espaço menor do que dois campos de futebol, é o menor território indígena do país. Depois de muita pressão da comunidade de 700 pessoas, em 2015, a Portaria 581 garantiu mais de 500 hectares de terra aos guarani. Porém, em 21 de agosto deste ano, o Ministério da Justiça revogou essa portaria.

O líder Davi Karai Popygua ressalta a importância de a sociedade entender a situação: "Nossa luta é a cobrança do Estado, da dívida histórica pela retirada do nosso território, mas a gente vai resistir, a gente não vai desistir do nosso modo de vida e aceitar a imposição de passar o resto da vida nesses 1,7 hectare, sem o direito de ensinar para as nossas crianças o plantio e a colheita, o modo de se aprender a lidar com a terra".

A questão do território impacta de diversas formas a vida dos indígenas. A pesca, por exemplo, teve que ser adaptada. Maria do Santos, guarani Arapotu que mora na comunidade há 26 anos, conversou com a reportagem enquanto esperava um dos 300 peixes do tanque colocado na aldeia morder a isca.

"A gente não tem mais rios, cachoeiras e de onde tirar [os peixes]. Daí surgiu essa ideia do pessoal do Programa Aldeias de construir esse pesqueiro para que a gente tivesse o sustento do peixe. Hoje está difícil para o indígena pescar, ter um peixe saudável", conta. O programa foi criado pela prefeitura de São Paulo, em 2014, durante a gestão de Fernando Haddad (PT).

Na luta pela demarcação de suas terras, os guarani realizaram a ocupação do prédio da Secretaria da Presidência da República na última terça-feira (30). Além disso, tomaram as ruas da Avenida Paulista em uma manifestação que contou com o apoio de indígenas Guarani kaiowá do Mato Grosso do Sul e outras etnias aqui de São Paulo. Apesar de terem desocupado o prédio, as lideranças garantem que a luta continua.



https://www.brasildefato.com.br/2017/09/01/em-sao-paulo-menor-reserva-indigena-do-pais-luta-contra-reducao-de-territorio/
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.