De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Noticias
Waimiri-Atroari fazem carta de repúdio à obra sem consulta
26/05/2018
Fonte: Folha web http://folhabv.com.br/
O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, defendeu transformar o Linhão de Tucuruí, que vai interligar Manaus e Boa Vista, como obra de interesse nacional. O empreendimento foi licitado em 2011, mas, por falta de licenciamento relacionado à construção de rede de transmissão de energia em território dos índios Waimiri-Atroari, o projeto não saiu do papel.
Em ofício enviado ao Ministério da Defesa, Moreira trata da possibilidade de classificar o projeto como de interesse nacional, o que seria uma estratégia para facilitar a licenciamento. "Os direitos dos povos indígenas devem e sempre serão respeitados pelo MME. Porém, também é dever do MME garantir o fornecimento de energia a todos os brasileiros - o que não vem ocorrendo com os moradores de Roraima", destacou o Ministério de Minas e Energia, em nota no qual admite ter tratado com o Ministério da Defesa a possibilidade de a obra "ser vista" como relevante para política de Defesa Nacional.
O oficio teve resposta imediata das comunidades indígenas. Em carta enviada à Folha e assinada por Parwe Mario, tuxaua da Associação Comunidade Waimiri-Atroari, os indígenas repudiam veementemente a decisão do Ministério das Minas e Energia, que segundo os indígenas quer, de qualquer forma, passar a linha de transmissão que liga Manaus a Boa Vista, pela Terra Indígena, à revelia, sem deixar os índios serem ouvidos, segundo o Protocolo de Consultas.
Eles citam o período de 1967 a 1977, quando houve o enfrentamento do povo indígena com os construtores da BR-174, e, conforme o Relatório da Comissão da Verdade, dos cerca de 3 mil Waimiri-Atroari existentes no início da construção da estrada, restaram menos de 400 pessoas em 1986.
"Isso ainda está muito vivo em nossa memória, pois não hesitaram em usar a força para abrir caminho no processo da construção da rodovia. Este confronto quase nos levou ao extermínio. Mais de 85% de toda a nossa população morreu. Proporcionalmente esta mortandade foi pior que o efeito da bomba atômica em Hiroshima", alegaram.
Para os Waimiri-Atroari, o ministro das Minas e Energia, Moreira Franco, quer atropelar seus direitos. "Somos o povo Waimiri-Atroari. Resistimos todos estes anos. Mantemos nossa cultura e dignidade. Sabemos que temos direitos constitucionais. Sabemos que é obrigação do Estado Brasileiro perguntar, adequada e respeitosamente, ao nosso povo nossa posição sobre decisões administrativas e legislativas capazes de afetar nossas vidas e nossos direitos. Esse diálogo deve ser amplamente participativo, ter transparência, ser livre de pressões, flexível, e ter efeito vinculante, no sentido de levar o Estado a incorporar o que se dialoga na decisão a ser tomada. Sabemos também que a Consulta Prévia está garantida na Convenção 169/OIT e que é lei no Brasil desde 2004 (Decreto Presidencial no 5051). Assim repudiamos toda e qualquer iniciativa do Governo Federal em tirar nossos direitos e nos trazer à memória a triste história de extermínio de nosso povo".
LINHÃO DE TUCURUÍ - O nó de toda a polêmica está no traçado escolhido para a linha. Dos 721 quilômetros da malha, 121 quilômetros passam dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari, uma área de 26 mil quilômetros quadrados, maior que o Estado de Sergipe. Na terra indígena, espalhados em 31 aldeias, vivem 1.600 índios.
O traçado atualmente previsto corre paralelamente à BR-174, que liga Manaus a Boa Vista e que, portanto, já passa pela terra indígena há mais de 30 anos. Um acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) permitiria aproximar mais as torres da estrada. Em vez da distância de 500 metros, como se prevê, a rede seria instalada dentro da "faixa de domínio" do Dnit, a 40 metros do asfalto.
http://folhabv.com.br/noticia/Waimiri-Atroari-fazem-carta-de-repudio-a-obra-sem-consulta/40273
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.