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Cacique Domingos de Aldeia Guarani, em Angra, é internado com Covid-19; há 30 casos de indígenas confirmados

25/06/2020

Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/rio



Cacique Domingos de Aldeia Guarani, em Angra, é internado com Covid-19; há 30 casos de indígenas confirmados
Com a pandemia, comunidade depende de doações para se alimentar

Felipe Grinberg
25/06/2020 - 04:30

RIO - Líder indígena Guarani Myba em Angra dos Reis, o cacique Domingos foi internado nesta terça-feira com coronavírus. Ele foi internado no CTI, onde recebe suporte de oxigênio, segundo a prefeitura. Em toda a cidade já foram confirmados 76 mortes e 1.395 casos de Covid-19.

Domingos foi diagnosticado com o vírus há cerca de duas semanas, mas sua situação clínica piorou na segunda-feira, quando começou a sentir falta de ar. Ele é um dos 30 casos de Covid-19 na aldeia que já foram confirmados pelo município. São cerca de 500 pessoas morando na região, sendo dividia em cinco grandes famílias.

O cacique e os outros diagnosticados estavam sendo acompanhados por uma equipe de saúde que atua diariamente na comunidade. A orientação, segundo os indígenas, foi que eles permanecessem isolados em casa. Apenas Domingos evoluiu para um caso mais grave, sendo preciso o atendimento em um hospital. Quando começou a sentir falta de ar, o líder chegou a pensar em realizar uma "pajelança" - ritual em busca de cura, mas foi convencido a procurar ajuda antes disso.

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O técnico de saúde mental Arundo Terceiro publicou um vídeo em suas redes sociais nesta terça-feira afirmando que cacique contou a ele ter procurado ajuda no domingo já com os sintomas, mas havia sido orientado em continuar em casa. Ao GLOBO, Terceiro, que é voluntário de uma ONG que atua na aldeia, contou que o líder indígena estava aborrecido com a situação:

- Ele me ligou e contou ter procurado a tenda mas tinham dito apenas para ele ficar em observação. Estava aborrecido com a situação - diz.

O cacique Domingos foi o primeiro agente de saúde na aldeia Sapukai, ainda na década de 1990. Depois também trabalhou como motorista e se aposentou há pouco tempo. Com mais de 60 anos, Domingos é o dono de um dos três carros da aldeia, e por isso vai frequentemente ao centro de Angra, para fazer compras e levar outros índios até o banco para receber os benefícios governamentais que têm direito.

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Em uma rede social, a prefeitura de Angra dos Reis publicou uma nota afirmando que o cacique "resistiu ao tratamento indicado pela Secretaria de Saúde, pois estava aguardando o término do ritual de pajelança". O município também afirmou que tem acompanhado toda a população da aldeia.

'Sem doações, não teríamos comida', conta liderança
O indígena e mestre em Linguística Algemiro da Silva contou ao GLOBO que no começo da pandemia muitos tiveram dificuldade de entender ou de acreditar que a doença chegaria na aldeia. Mas aos poucos a comunidade foi aceitando melhor e atualmente o dia-dia da aldeia está bastante afetado. A internação do cacique, segundo ele, assustou ainda mais os indígenas.

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- Demos a orientação para evitar alguns rituais e outras atividades que poderiam aumentar o contágio. Sabíamos que alguns precisam ir na cidade e poderiam levar o vírus para a aldeia. Mas a internação do cacique assustou a todos - conta.

Ele ainda explica a importância dos rituais para a cultura:

- Temos a pajelança na aldeia, tem danças, cantos, faz parte da cultura. Temos também o hábito de estarmos sempre juntos. Mas orientei a não fazerem mais e muitos seguiram. A maioria que pegou a Covid está se recuperando bem.

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Algemiro ainda explica que a aldeia sobreviva muito da venda de artesanato voltada ao turismo. Com as medidas de isolamento social, os indígenas ficaram seu um dos maiores pilares de rendimento. Ele ainda critica a falta de apoio da Funai, que, desde março, enviou apenas 55 cestas básicas para as 100 famílias.

Foi montada então uma rede online para arrecadar doações para a compra de cestas básicas. Um grupo de WhatsApp foi criado para receber todos os comprovantes de doação, afim de dar mais transparência. Já são mais de 200 participantes. Nesta quinta-feira deve ser entregue a quarta leva comprada com o dinheiro arrecadado:

- Esta iniciativa foi muito bacana porque sem essa rede, não teríamos nenhuma comida na aldeia. Com o arrecadado conseguimos comprar o básico para sobreviver- conta.

Procurada na madrugada desta quinta-feira, a Funai ainda não se pronunciou.


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