De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Guia para entender a crise yanomami: o que aconteceu, onde fica a reserva e mais

01/02/2023

Fonte: Valor Econômico - https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/02/01



Guia para entender a crise yanomami: o que aconteceu, onde fica a reserva e mais
A crise humanitária do povo indígena yanomami ganhou destaque nos últimos dias após denúncias de lideranças sobre o agravamento dos problemas causados, principalmente, pelo avanço do garimpo ilegal na região.

Por Guilherme Lucio da Rocha, Para o Valor - Santos
01/02/2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve em Roraima com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e outros representantes do Executivo no último dia 21 de janeiro para acompanhar a situação.
A terra indígena yanomami fica localizada na fronteira entre Brasil e Venezuela, com população nos dois países.
O lado brasileiro contempla municípios dos Estados do Amazonas e Roraima, com cerca de 27 mil indígenas, segundo levantamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI)/Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) yanomami de 2019.
Até o começo do século XX, essa população tinha contato apenas com grupos indígenas próximos. A partir dos anos 1960, com a chegada de postos do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e missionários católicos e evangélicos, foi aumentando o contato dos yanomami com o homem branco.
Garimpo ilegal
A partir dos anos 1970, de acordo o Instituto Socioambiental (ISA), apareceram os primeiros garimpos na região. A exploração mineral em terras indígenas foi aumentando com o passar dos anos, principalmente por conta da "corrida do ouro" na década seguinte.
O movimento de invasão dos garimpeiros ilegais causa desmatamento, poluição dos rios e proliferação de doenças.
A situação da terra indígena, mesmo depois da demarcação oficial em 1992, vem passando por problemas, mas se agravou nos últimos anos.
O relatório "Yanomami sob ataque", produzido em abril de 2022, mostrou que o garimpo ilegal na região cresceu 3.350% entre os anos de 2015 a 2020.
Só entre 2020 e 2021, o crescimento da destruição causada pela prática criminosa foi de 46%, atingindo um total de 3.272 hectares.
Os yanomamis têm na sua terra não apenas seu sustento, mas uma forma de conexão com o mundo. Reconhecidos como uma população de caçadores e agricultores, rios e solos são meios de sobrevivência.
"Segundo relatam indígenas da região, com o aprofundamento das relações com o garimpo, muitas famílias deixaram de cultivar suas roças e tornaram-se dependentes de trocas desiguais com os garimpeiros. Alguns trabalham como carregadores em troca de pagamento em dinheiro ou ouro para depois comprar nas cantinas dos acampamentos, onde 1 quilo de arroz ou um frango congelado custam 1 grama de ouro ou 400 reais", diz trecho do relatório.
Governo Bolsonaro
Durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), diversas autoridades indígenas denunciaram a omissão do governo federal no apoio aos yanomamis, principalmente no momento mais agudo da pandemia de covid-19, além das ações que incentivam o trabalho de garimpeiros na região.
Na segunda-feira (30), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Roberto Barroso determinou a investigação de possível prática dos crimes de genocídio e desobediência de decisões judiciais por autoridades do governo Bolsonaro.
Na decisão, Barroso cita uma série de falhas e medidas que colocaram em risco os indígenas, como a divulgacão de data e local de operação sigilosa destinada ao combate de crimes na terra indígena, a mudança de logística de operações planejadas com as forças armadas, além da retirada de 29 aeronaves ligadas ao garimpo ilegal e apreendidas pela Polícia Federal do seu local de depósito, além da falta de controle do tráfego aéreo em Roraima.
O STF também alertou a descoberta de indícios de prestação de informações falsas por representantes do governo anterior, e que possíveis ilegalidades serão apuradas. A Corte também apontou que, desde 2020, acompanha de perto a situação da população yanomami e que a União não seguiu o planejamento aprovado pelo tribunal.
Governo Lula
Após a visita à Casa de Saúde Indígena Yanomami, o presidente Lula criou um Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desistência Sanitária, quem tem como missão discutir medidas a serem adotadas e auxiliar na articulação interpores e interfederativas.
Fazem parte do comitê representantes da Casa Civil e dos ministérios dos Povos Indígenas, da Saúde, Defesa, Justiça e Segurança Pública, Desenvolvimento e Assistência Social, e Gestão e Inovação em Serviços Públicos.
A ministra da Saúde também decretou Emergência em Saúde Pública por conta da crise humanitária. O governo também enviou casas básicas e medicamentos para a região.
Para tentar frear a ação do garimpo ilegal na terra indígena, o presidente Lula determinou que as Forças Armadas e o Ministério da Defesa criassem um bloqueio aéreo, terrestre e fluvial, segundo apuração do Valor.
Yanomamis não vieram da Venezuela
Após a visita de Lula a Roraima e o aumento das críticas à gestão de Jair Bolsonaro, passou a circular nas redes sociais notícias falsas de que os yanomamis que aparecem desnutridos viriam da Venezuela fugindo do regime de Nicolás Maduro, o que é falso.
Os relatos de lideranças, além dos atendimentos realizados, dão conta que as pessoas subnutridas e com problemas de saúde vivem em terras brasileiras.
Outra informação falsa que circula entre influenciadores bolsonaristas é de que a crise humanitária dos yanomamis vem de muitos anos e que a desnutrição é por conta do modo de vida dos povos indígenas.
A tese não leva em conta o agravamento da invasão de garimpeiros na região durante os últimos quatro anos, além da omissão do governo em ações para proteger os indígenas.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/02/01/guia-para-entender-a-crise-yanomami-o-que-aconteceu-onde-fica-a-reserva-e-mais.ghtml
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.