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Noticias

Transporte de cargas precisa rasgar a floresta?

09/12/2024

Autor: FERREIRA, André Luis; DINIZ, Isis Nóbile

Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/



Transporte de cargas precisa rasgar a floresta?
É importante identificar que corredores logísticos podem ser usados com menor risco social e ambiental

André Luis Ferreira
Diretor executivo do Instituto Energia e Meio Ambiente (Iema)

Isis Nóbile Diniz
Coordenadora de comunicação do Iema


09/12/2024

As Nações Unidas acabaram de debater o financiamento climático na conferência mundial do clima (COP29), em Baku, no Azerbaijão. O tema visa à transferência de recursos de países desenvolvidos para aqueles, principalmente no Hemisfério Sul, que historicamente emitiram menos carbono, mas são os que mais sofrem com as consequências das mudanças climáticas.

Representantes do Brasil, incluindo organizações de pesquisa como o Instituto Energia e Meio Ambiente (Iema), estiveram no encontro buscando contribuir para a promoção de uma transição energética global que seja equitativa, igualitária e justa. Considerando que a COP30, em novembro de 2025, será realizada em Belém, no Pará, foi impossível participar de um evento desse porte sem voltar os olhos para a Amazônia. Uma região tão sensível, ainda marcada pelo desmatamento e pressionada por uma infraestrutura voltada ao transporte de cargas destinadas prioritariamente à exportação de commodities, como soja e minérios.

Antes de entrar nesse debate, vale ressaltar que cerca de 30 milhões habitam a Amazônia Legal, região que, no imaginário mundial, é vista apenas como floresta e água. No entanto é habitada por pessoas que carecem de infraestrutura básica. Segundo estimativas do Iema, cerca de 1 milhão não têm acesso a energia elétrica pública na Amazônia. Fora necessidades de transportes, saúde, educação, justiça, segurança e abastecimento de bens. Enquanto isso, o debate público é dominado por projetos voltados apenas ao escoamento de cargas para exportação.

É fundamental um debate preliminar sobre que prioridades o Brasil deve estabelecer em relação ao transporte de cargas dentro de seu território. Em outras palavras, é preciso decidir que problemas desse setor o país quer resolver e que tipo de desenvolvimento pretende alcançar. Quais são nossas prioridades? Melhorar a circulação das pessoas e o abastecimento interno de bens? Oferecer mais infraestrutura de logística de transportes ao escoamento de produtos da agricultura familiar na Amazônia? Facilitar o escoamento de bens intermediários e produtos industrializados? Ou priorizar especificamente a exportação de grãos de Mato Grosso e de minérios do Pará? Que investimentos merecem recursos públicos? Quais melhorarão a vida dos brasileiros no país todo? E quais podem ajudar quem mora na Amazônia?
Uma vez definidas as cargas prioritárias, tanto para o mercado interno quanto para exportação, é importante identificar que corredores logísticos podem ser usados para atender a essas demandas com menores riscos sociais e ambientais. Podem ser usados corredores mais ao leste para exportar as commodities brasileiras, evitando cortar literalmente o meio da floresta e reduzindo potenciais conflitos socioambientais no futuro.

Precisamos proteger nossos maiores tesouros: a diversidade cultural e ambiental. Também precisamos otimizar recursos, para beneficiar o maior número de brasileiros, e não apenas interesses econômicos específicos. O Brasil é mundialmente reconhecido como país abençoado por recursos naturais que praticamente satisfazem a suas necessidades de desenvolvimento e melhoram a qualidade de vida de sua população. Com essa visão, o transporte de cargas pode se tornar fonte de maior renda e desenvolvimento socioambiental para todos os brasileiros. Precisamos de uma perspectiva mais global de nossas necessidades e de como podemos usar essas ferramentas logísticas para alcançar uma vida mais digna.

https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2024/12/transporte-de-cargas-precisa-rasgar-a-floresta.ghtml
 

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