De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Noticias
Desafio da COP no Brasil será colocar acordos em prática, diz Marina Silva
12/12/2024
Autor: MARTINI, Paula; ZURUR, Camila
Fonte: Valor Econômico - https://valor.globo.com/
Desafio da COP no Brasil será colocar acordos em prática, diz Marina Silva
Conferência de Belém vai herdar discussão sobre financiamento climático da reunião do Azerbaijão
Paula Martini e Camila Zurur
12/12/2024
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, programada para 2025, em Belém, no Pará, tem o desafio de ser uma COP de implementação. O termo significa colocar em prática os acordos internacionais existentes para o enfrentamento das mudanças climáticas. É o que aponta a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Marina também chamou atenção para a necessidade de alinhar o financiamento climático às metas de redução de gases poluentes. A ministra participou nesta quarta-feira (11) do seminário "De Baku a Belém: o futuro climático em debate nas COPs", promovido pelo Valor e pelo jornal "O Globo", com patrocínio da Engie. No evento, a ministra defendeu ainda que na COP30, em novembro do ano que vem, seja traçado um "mapa do caminho" para atingir gradativamente a marca de US$ 1,3 trilhão ao ano para o financiamento climático.
A COP29, em Baku, no Azerbaijão, terminou no fim de novembro com o compromisso de uma meta anual de financiamento de US$ 300 bilhões até 2035 para ajudar os países mais pobres a lidar com os impactos das mudanças climáticas. O valor está abaixo do US$ 1,3 trilhão que os países em desenvolvimento apontam como necessário para ajudá-los a enfrentar a crise climática.
Para Marina, a COP do Brasil vai herdar o passivo de financiamento climático do Azerbaijão e terá, ainda, o desafio de aumentar as ambições das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). As NDCs consistem em metas de emissões que precisam ser reapresentadas a cada cinco anos - 2025 coincide com essa reapresentação.
Por esse motivo, disse a ministra, a COP30 não deve ser encarada como uma festa, mas como uma "força-tarefa" para enfrentar a emergência climática. "O que aconteceu no Rio Grande do Sul [em maio], o que está acontecendo no mundo e o prejuízo que isso está causando para os sistemas de produção de alimentos são algo para fazer com que a gente se mobilize com o sentido de urgência", disse. "Nós temos que chegar em Belém decretando estado de emergência climática", completou.
Apesar de reconhecer que o resultado de Baku foi frustrante, a ministra afirmou que houve avanços no reconhecimento de que o valor de US$ 1,3 trilhão é realmente necessário para os países em desenvolvimento. "Mas o reconhecimento é uma coisa, outra coisa é a viabilização", ressaltou. Ela disse que a falta de um acordo na edição deste ano teria sido "a pior coisa do mundo" devido ao contexto da eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos.
O republicano, que tomará posse em janeiro do ano que vem, já declarou que pretende retirar o país do Acordo de Paris, como fez no primeiro mandato (2017-2021). O processo pode levar um ano, o que faria com que os americanos ainda participem da COP30 em Belém. Marina demonstrou preocupação com a possibilidade de bloqueio por parte da nova administração dos Estados Unidos. "É possível que em um contexto conflagrado como esse possa haver bloqueio de negociação. E impedir que se tenha qualquer debate ou solução sobre financiamento seria o pior dos mundos", disse.
O embaixador André Corrêa do Lago, secretário do clima, energia e meio ambiente do Ministério das Relações Exteriores, concordou que o resultado de Baku foi insatisfatório, mas fez uma ressalva: "Era muito mais importante ter uma decisão se não você paralisava tudo e transmitia ao mundo uma sensação de incapacidade da COP num mundo em que o poder e a força das COPs se reduzem naturalmente por causa da eleição de Trump."
Com o possível afastamento dos Estados Unidos das discussões, a responsabilidade sobre o financiamento climático deve recair sobre a Europa, indicou Marina. Mas a ministra afirmou que os países europeus também enfrentam questões internas que levam a não se engajarem tanto no repasse de verbas para os demais países.
"Essas questões estão atravessando o processo político na Alemanha, na França e em todos os lugares. Isso fez com que Baku tivesse um cenário para negociação com muita dificuldade", disse Marina.
COP cada vez mais está se tornando uma negociação geopolítica"
- André Corrêa do Lago
Para Corrêa do Lago, as COPs se tornaram os encontros internacionais mais importantes da atualidade, apesar das dificuldades. Na avaliação do diplomata, as conferências do clima começaram a ganhar importância à medida em que os desastres climáticos passaram a acontecer com mais frequência. "Isso tornou [a COP] uma negociação econômica, política e cada vez mais está se tornando uma negociação geopolítica."
O seminário também reuniu representantes do setor privado e da sociedade civil. Para Caroline Dihl Prolo, head de stewardship climático na Fama Re.capital, um ponto crucial da conferência no Brasil será discutir o alinhamento dos fluxos financeiros para a descarbonização. "Os donos do dinheiro também têm um papel na transição climática e de alocar esse recurso com responsabilidade", disse.
Viviane Romeiro, diretora de clima, energia e finanças sustentáveis do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), destacou que também é necessário garantir um arcabouço legal para que as políticas sejam de fato implementadas.
"Todos esses instrumentos de política precisam estar conectados, instrumentalizados e disponíveis para que o setor privado de fato os implemente", disse citando como exemplo o projeto de lei do mercado regulado de carbono.
Sinéia do Vale Wapichana, coordenadora do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas, destacou que é preciso construir uma estratégia para que a participação dos povos indígenas tenha incidência sobre o resultados das negociações. "Estamos de acordo com a energia renovável, mas a questão é o processo de como se chega nas terras indígenas. Precisamos seguir a questão das consultas livres, prévias e informadas antes de qualquer empreendimento para que a gente não tenha problemas."
No evento, a Editora Globo anunciou o Projeto COP30, que reunirá uma série de conteúdos, incluindo seminários e mesas-redondas sobre a conferência de Belém. O projeto editorial dos jornais Valor e "O Globo" e da rádio CBN tem parceria institucional da Fundação Roberto Marinho, do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/12/12/desafio-da-cop-no-brasil-sera-colocar-acordos-em-pratica-diz-marina-silva.ghtml
Conferência de Belém vai herdar discussão sobre financiamento climático da reunião do Azerbaijão
Paula Martini e Camila Zurur
12/12/2024
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, programada para 2025, em Belém, no Pará, tem o desafio de ser uma COP de implementação. O termo significa colocar em prática os acordos internacionais existentes para o enfrentamento das mudanças climáticas. É o que aponta a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Marina também chamou atenção para a necessidade de alinhar o financiamento climático às metas de redução de gases poluentes. A ministra participou nesta quarta-feira (11) do seminário "De Baku a Belém: o futuro climático em debate nas COPs", promovido pelo Valor e pelo jornal "O Globo", com patrocínio da Engie. No evento, a ministra defendeu ainda que na COP30, em novembro do ano que vem, seja traçado um "mapa do caminho" para atingir gradativamente a marca de US$ 1,3 trilhão ao ano para o financiamento climático.
A COP29, em Baku, no Azerbaijão, terminou no fim de novembro com o compromisso de uma meta anual de financiamento de US$ 300 bilhões até 2035 para ajudar os países mais pobres a lidar com os impactos das mudanças climáticas. O valor está abaixo do US$ 1,3 trilhão que os países em desenvolvimento apontam como necessário para ajudá-los a enfrentar a crise climática.
Para Marina, a COP do Brasil vai herdar o passivo de financiamento climático do Azerbaijão e terá, ainda, o desafio de aumentar as ambições das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). As NDCs consistem em metas de emissões que precisam ser reapresentadas a cada cinco anos - 2025 coincide com essa reapresentação.
Por esse motivo, disse a ministra, a COP30 não deve ser encarada como uma festa, mas como uma "força-tarefa" para enfrentar a emergência climática. "O que aconteceu no Rio Grande do Sul [em maio], o que está acontecendo no mundo e o prejuízo que isso está causando para os sistemas de produção de alimentos são algo para fazer com que a gente se mobilize com o sentido de urgência", disse. "Nós temos que chegar em Belém decretando estado de emergência climática", completou.
Apesar de reconhecer que o resultado de Baku foi frustrante, a ministra afirmou que houve avanços no reconhecimento de que o valor de US$ 1,3 trilhão é realmente necessário para os países em desenvolvimento. "Mas o reconhecimento é uma coisa, outra coisa é a viabilização", ressaltou. Ela disse que a falta de um acordo na edição deste ano teria sido "a pior coisa do mundo" devido ao contexto da eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos.
O republicano, que tomará posse em janeiro do ano que vem, já declarou que pretende retirar o país do Acordo de Paris, como fez no primeiro mandato (2017-2021). O processo pode levar um ano, o que faria com que os americanos ainda participem da COP30 em Belém. Marina demonstrou preocupação com a possibilidade de bloqueio por parte da nova administração dos Estados Unidos. "É possível que em um contexto conflagrado como esse possa haver bloqueio de negociação. E impedir que se tenha qualquer debate ou solução sobre financiamento seria o pior dos mundos", disse.
O embaixador André Corrêa do Lago, secretário do clima, energia e meio ambiente do Ministério das Relações Exteriores, concordou que o resultado de Baku foi insatisfatório, mas fez uma ressalva: "Era muito mais importante ter uma decisão se não você paralisava tudo e transmitia ao mundo uma sensação de incapacidade da COP num mundo em que o poder e a força das COPs se reduzem naturalmente por causa da eleição de Trump."
Com o possível afastamento dos Estados Unidos das discussões, a responsabilidade sobre o financiamento climático deve recair sobre a Europa, indicou Marina. Mas a ministra afirmou que os países europeus também enfrentam questões internas que levam a não se engajarem tanto no repasse de verbas para os demais países.
"Essas questões estão atravessando o processo político na Alemanha, na França e em todos os lugares. Isso fez com que Baku tivesse um cenário para negociação com muita dificuldade", disse Marina.
COP cada vez mais está se tornando uma negociação geopolítica"
- André Corrêa do Lago
Para Corrêa do Lago, as COPs se tornaram os encontros internacionais mais importantes da atualidade, apesar das dificuldades. Na avaliação do diplomata, as conferências do clima começaram a ganhar importância à medida em que os desastres climáticos passaram a acontecer com mais frequência. "Isso tornou [a COP] uma negociação econômica, política e cada vez mais está se tornando uma negociação geopolítica."
O seminário também reuniu representantes do setor privado e da sociedade civil. Para Caroline Dihl Prolo, head de stewardship climático na Fama Re.capital, um ponto crucial da conferência no Brasil será discutir o alinhamento dos fluxos financeiros para a descarbonização. "Os donos do dinheiro também têm um papel na transição climática e de alocar esse recurso com responsabilidade", disse.
Viviane Romeiro, diretora de clima, energia e finanças sustentáveis do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), destacou que também é necessário garantir um arcabouço legal para que as políticas sejam de fato implementadas.
"Todos esses instrumentos de política precisam estar conectados, instrumentalizados e disponíveis para que o setor privado de fato os implemente", disse citando como exemplo o projeto de lei do mercado regulado de carbono.
Sinéia do Vale Wapichana, coordenadora do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas, destacou que é preciso construir uma estratégia para que a participação dos povos indígenas tenha incidência sobre o resultados das negociações. "Estamos de acordo com a energia renovável, mas a questão é o processo de como se chega nas terras indígenas. Precisamos seguir a questão das consultas livres, prévias e informadas antes de qualquer empreendimento para que a gente não tenha problemas."
No evento, a Editora Globo anunciou o Projeto COP30, que reunirá uma série de conteúdos, incluindo seminários e mesas-redondas sobre a conferência de Belém. O projeto editorial dos jornais Valor e "O Globo" e da rádio CBN tem parceria institucional da Fundação Roberto Marinho, do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/12/12/desafio-da-cop-no-brasil-sera-colocar-acordos-em-pratica-diz-marina-silva.ghtml
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.