De Pueblos Indígenas en Brasil
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Uma nova estratégia para os 'superalimentos' da Amazônia
27/01/2025
Fonte: Valor Econômico, Empresas, p. B9
Documentos anexos
Uma nova estratégia para os 'superalimentos' da Amazônia
A floresta produz superalimentos, mercado global estimado em US$ 297 bi em 2029
Andrea Assef
27/01/2025
Um novo modelo de negócio está emergindo na Amazônia com foco nos ingredientes ancestrais e naturais da Floresta Amazônica, como cupuaçu, açaí, cajá, bacuri e castanha-do-Pará, conhecidos por seu alto valor nutricional e potencial antioxidante. A produção é em escala sem desmatamento ou monoculturas prejudiciais.
Esses "superalimentos" amazônicos se alinham à crescente demanda global por nutrição funcional e saúde integral, mercados em expansão no Brasil e no exterior. O mercado global de superalimentos, avaliado em US$ 182,47 bilhões em 2024, está projetado para alcançar US$ 297,1 bilhões até 2029, segundo a empresa de pesquisa Mordor Intelligence.
Com foco em integrar a conservação ambiental, o fortalecimento de comunidades tradicionais e a criação de valor econômico sustentável, empresas como Horta da Terra, Mazô Maná e Mahta unem ciência nutricional, sabedoria ancestral e pensamento estratégico de startup. Em comum, as três empresas especializadas em tecnologia aplicada aos alimentos, buscam receita sustentável para a empresa e as comunidades locais.
As três companhias são premiadas no Brasil e no exterior, têm investidores internacionais e estão mirando o mercado global para expandir suas vendas. Também as une o fato de não seguirem a abordagem clássica do marketing.
"Quando decidimos nossa estratégia de marca, a palavra de ordem foi otimização. Não temos o orçamento das grandes corporações, então, em vez de seguir a cartilha tradicional de marketing, focamos em algo mais estratégico e alinhado com nossa realidade como startup", explica Bruno Kato, fundador e executivo-chefe (CEO) da Horta da Terra. "Isso significa investir onde faz sentido para nós: desenvolvimento agrícola, fabricação e pesquisa científica interna."
A startup é especializada na produção de plantas alimentícias não convencionais (Pancs), como jambu e taioba.
Segundo Kato, a Horta da Terra, fundada em 2016 em Santo Antônio de Tauá, no Pará, está desenvolvendo análises científicas e narrativas bem fundamentadas para construir autoridade em um mercado que ainda não os conhece e que também pouco entende os ingredientes inovadores com os quais trabalham.
"A ideia é construir uma base sólida antes de pensar em grandes campanhas. Para nós, marketing não é só sobre o que comunicar, mas sobre como garantir que nossa mensagem tenha peso, relevância e credibilidade", afirma Kato.
A empresa foi uma das primeiras startups a receber apoio financeiro do Amazon Biodiversity Fund (Fundo para a Biodiversidade da Amazônia). Trata-se de um fundo de investimento idealizado pela filial brasileira da agência de ajuda do governo dos EUA (Usaid/Brasil), em 2021, pelo grupo de pesquisa Alliance of Bioversity International e o Centro Internacional de Agricultura Tropical (Aliança/Ciat).
Nascido em Belém, Kato deixou o Pará logo após se formar em Engenharia pela Universidade Federal do Pará. Trabalhou em empresas multinacionais na região Sudeste até o dia em que, segundo ele, 'ouviu o rugido da onça e decidiu voltar para a floresta'. E, a partir de lá, olhar para o mundo.
O foco da empresa é o consumidor internacional que, segundo ele, paga não só porque o dinheiro dele vale mais que o nosso, mas porque ele entende o valor do produto. "Estamos expandindo a nossa fábrica em Belém para consolidar o crescimento das vendas internacionais, assegurar contratos recorrentes e adaptar o desenvolvimento de produtos conforme as necessidades de cada país ou região, incluindo América do Norte, Europa e Ásia", afirma Kato.
Com apenas um ano de vida, a Mazô Maná também está no processo de internacionalização para alguns países da Europa, mas a estratégia principal no momento é focar no mercado premium do Sudeste brasileiro com seu principal produto, o Supershake da Floresta Amazônica, feito com 14 ingredientes amazônicos.
"Nosso compromisso com a floresta começa com a escolha de nossa sede em Altamira, município a oeste do Pará, região-chave por sua importância geográfica e histórica na questão socioambiental, e vai até a dedicação de 10% da participação societária da companhia aos povos tradicionais da Amazônia", diz Zé Porto, como é conhecido José Porto, coCEO e diretor de marketing da empresa.
A liderança da Mazô Maná é compartilhada com Marcelo Salazar, que durante 14 anos coordenou o escritório do Instituto Socioambiental (ISA) na Terra do Meio, e Raimunda Rodrigues, moradora da Reserva Extrativista Rio Iriri e gestora da miniusina da comunidade Rio Novo. A Mazô Maná ainda conta com os chefs Bela Gil e Alex Atala entre os sócios fundadores e que também atuam como influenciadores na divulgação da marca. Bela Gil contribui no desenvolvimento de produtos e na comunicação nacional, com foco na nutrição funcional, enquanto Atala auxilia na expansão internacional, impulsionando sua reputação global como o chef brasileiro.
Recentemente, a empresa firmou uma parceria estratégica com o Grupo Carrefour Brasil, integrando o Programa 'Floresta Faz Bem' para a venda de produtos produzidos por povos indígenas e comunidades tradicionais. Todos os produtos são desenvolvidos em parceria com comunidades locais como o Rio Novo, na Resex do Rio Iriri, um dos integrantes da Rede Terra do Meio e com nutricionistas, engenheiros, biólogos e arqueólogos que fazem parte da rede que a empresa mobiliza.
Com mais de 20 anos de experiência em marketing e publicidade e tendo atuado por sete anos como diretor de marketing do Google para América Latina, liderando projetos de diversidade, inclusão e reputação de marca, Porto explica que nesse primeiro momento a estratégia de marketing da Mazô Maná está focada em influenciadores e redes sociais, basicamente Instagram, com conteúdo feito em parceria com outros criadores.
"A venda é feita pelo e-commerce no nosso site, mas escolhemos alguns pontos, lojas físicas estratégicas, principalmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Florianópolis, para fazermos ações de degustação, já que é um produto muito novo, com ingredientes que as pessoas não conhecem, com potencial de uso de diversas formas, desde o preparo de bolo até no pós-treino", diz Porto.
Após anos de pesquisas sobre a biodiversidade amazônica, Max Petrucci e o sócio Edgard Calfat - cofundador da Puravida, vendida em 2022 à Nestlé, optaram por um empreendimento voltado à promoção da saúde. Assim nasceu há dois anos e meio a Mahta, uma "foodtech", ou empresa de tecnologia alimentar, que fundamenta sua linha de produtos em ingredientes oriundos de comunidades tradicionais da Amazônia e de pequenos agricultores que adotam práticas de sistemas agroflorestais.
O carro-chefe da Mahta é um suplemento em pó que combina 15 frutas e castanhas da Floresta Amazônica. A promessa é promover um sistema regenerativo "para dentro e para fora", como explica Petrucci. "Tem que... respeitar as comunidades locais, os pequenos produtores e o bioma", diz ele.
Com um faturamento mensal de R$ 1 milhão e 90% das vendas realizadas on-line, a Mahta oferece três produtos principais: um shake amazônico à base de torta de castanha, cupuaçu, açaí e frutas, que equivale a uma refeição; leite vegetal em pó feito com castanha regenerativa - um pacote de 240 gramas gera cinco litros de leite e reduz em 95% as emissões de CO2 durante o transporte; e café funcional.
A torta de castanha, um subproduto frequentemente negligenciado da castanha-do-brasil, é o resíduo gerado após a extração do óleo destinado à indústria de cosméticos. "Rica em fibras, proteínas e gorduras saudáveis, essa torta estava sendo descartada por falta de uso mais nobre e rentável", explica Petrucci. "Hoje, ela serve como base para nossos superalimentos."
A Mahta compra toda a produção dessa torta da Reca, uma cooperativa que reúne mais de 300 famílias na Amazônia, sendo a castanha-do-brasil uma das principais fontes de sustento para essas comunidades. "Pagamos dez vezes mais pelo insumo, resultando em aproximadamente R$ 2 milhões em contribuições às comunidades da floresta amazônica", destaca Petrucci.
Um dos principais parceiros da Mahta é a Belterra, cujo fundador, Valmir Ortega, acaba de ser eleito Empreendedor Social do Ano em Davos. "A nossa busca diária é um modelo de impacto absolutamente verdadeiro e factível", afirma Petrucci. "Por isso, hoje o nosso laboratório de inovação está no Parque Tecnológico de Piracicaba [interior paulista], onde fica a Esalq, referência em pesquisa agrícola no país. O próximo passo será reproduzir o nosso MahtaLab na Amazônia."
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/01/27/uma-nova-estrategia-para-os-superalimentos-da-amazonia.ghtml
Valor Econômico, 27/01/2025, Brasil, p. B9
A floresta produz superalimentos, mercado global estimado em US$ 297 bi em 2029
Andrea Assef
27/01/2025
Um novo modelo de negócio está emergindo na Amazônia com foco nos ingredientes ancestrais e naturais da Floresta Amazônica, como cupuaçu, açaí, cajá, bacuri e castanha-do-Pará, conhecidos por seu alto valor nutricional e potencial antioxidante. A produção é em escala sem desmatamento ou monoculturas prejudiciais.
Esses "superalimentos" amazônicos se alinham à crescente demanda global por nutrição funcional e saúde integral, mercados em expansão no Brasil e no exterior. O mercado global de superalimentos, avaliado em US$ 182,47 bilhões em 2024, está projetado para alcançar US$ 297,1 bilhões até 2029, segundo a empresa de pesquisa Mordor Intelligence.
Com foco em integrar a conservação ambiental, o fortalecimento de comunidades tradicionais e a criação de valor econômico sustentável, empresas como Horta da Terra, Mazô Maná e Mahta unem ciência nutricional, sabedoria ancestral e pensamento estratégico de startup. Em comum, as três empresas especializadas em tecnologia aplicada aos alimentos, buscam receita sustentável para a empresa e as comunidades locais.
As três companhias são premiadas no Brasil e no exterior, têm investidores internacionais e estão mirando o mercado global para expandir suas vendas. Também as une o fato de não seguirem a abordagem clássica do marketing.
"Quando decidimos nossa estratégia de marca, a palavra de ordem foi otimização. Não temos o orçamento das grandes corporações, então, em vez de seguir a cartilha tradicional de marketing, focamos em algo mais estratégico e alinhado com nossa realidade como startup", explica Bruno Kato, fundador e executivo-chefe (CEO) da Horta da Terra. "Isso significa investir onde faz sentido para nós: desenvolvimento agrícola, fabricação e pesquisa científica interna."
A startup é especializada na produção de plantas alimentícias não convencionais (Pancs), como jambu e taioba.
Segundo Kato, a Horta da Terra, fundada em 2016 em Santo Antônio de Tauá, no Pará, está desenvolvendo análises científicas e narrativas bem fundamentadas para construir autoridade em um mercado que ainda não os conhece e que também pouco entende os ingredientes inovadores com os quais trabalham.
"A ideia é construir uma base sólida antes de pensar em grandes campanhas. Para nós, marketing não é só sobre o que comunicar, mas sobre como garantir que nossa mensagem tenha peso, relevância e credibilidade", afirma Kato.
A empresa foi uma das primeiras startups a receber apoio financeiro do Amazon Biodiversity Fund (Fundo para a Biodiversidade da Amazônia). Trata-se de um fundo de investimento idealizado pela filial brasileira da agência de ajuda do governo dos EUA (Usaid/Brasil), em 2021, pelo grupo de pesquisa Alliance of Bioversity International e o Centro Internacional de Agricultura Tropical (Aliança/Ciat).
Nascido em Belém, Kato deixou o Pará logo após se formar em Engenharia pela Universidade Federal do Pará. Trabalhou em empresas multinacionais na região Sudeste até o dia em que, segundo ele, 'ouviu o rugido da onça e decidiu voltar para a floresta'. E, a partir de lá, olhar para o mundo.
O foco da empresa é o consumidor internacional que, segundo ele, paga não só porque o dinheiro dele vale mais que o nosso, mas porque ele entende o valor do produto. "Estamos expandindo a nossa fábrica em Belém para consolidar o crescimento das vendas internacionais, assegurar contratos recorrentes e adaptar o desenvolvimento de produtos conforme as necessidades de cada país ou região, incluindo América do Norte, Europa e Ásia", afirma Kato.
Com apenas um ano de vida, a Mazô Maná também está no processo de internacionalização para alguns países da Europa, mas a estratégia principal no momento é focar no mercado premium do Sudeste brasileiro com seu principal produto, o Supershake da Floresta Amazônica, feito com 14 ingredientes amazônicos.
"Nosso compromisso com a floresta começa com a escolha de nossa sede em Altamira, município a oeste do Pará, região-chave por sua importância geográfica e histórica na questão socioambiental, e vai até a dedicação de 10% da participação societária da companhia aos povos tradicionais da Amazônia", diz Zé Porto, como é conhecido José Porto, coCEO e diretor de marketing da empresa.
A liderança da Mazô Maná é compartilhada com Marcelo Salazar, que durante 14 anos coordenou o escritório do Instituto Socioambiental (ISA) na Terra do Meio, e Raimunda Rodrigues, moradora da Reserva Extrativista Rio Iriri e gestora da miniusina da comunidade Rio Novo. A Mazô Maná ainda conta com os chefs Bela Gil e Alex Atala entre os sócios fundadores e que também atuam como influenciadores na divulgação da marca. Bela Gil contribui no desenvolvimento de produtos e na comunicação nacional, com foco na nutrição funcional, enquanto Atala auxilia na expansão internacional, impulsionando sua reputação global como o chef brasileiro.
Recentemente, a empresa firmou uma parceria estratégica com o Grupo Carrefour Brasil, integrando o Programa 'Floresta Faz Bem' para a venda de produtos produzidos por povos indígenas e comunidades tradicionais. Todos os produtos são desenvolvidos em parceria com comunidades locais como o Rio Novo, na Resex do Rio Iriri, um dos integrantes da Rede Terra do Meio e com nutricionistas, engenheiros, biólogos e arqueólogos que fazem parte da rede que a empresa mobiliza.
Com mais de 20 anos de experiência em marketing e publicidade e tendo atuado por sete anos como diretor de marketing do Google para América Latina, liderando projetos de diversidade, inclusão e reputação de marca, Porto explica que nesse primeiro momento a estratégia de marketing da Mazô Maná está focada em influenciadores e redes sociais, basicamente Instagram, com conteúdo feito em parceria com outros criadores.
"A venda é feita pelo e-commerce no nosso site, mas escolhemos alguns pontos, lojas físicas estratégicas, principalmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Florianópolis, para fazermos ações de degustação, já que é um produto muito novo, com ingredientes que as pessoas não conhecem, com potencial de uso de diversas formas, desde o preparo de bolo até no pós-treino", diz Porto.
Após anos de pesquisas sobre a biodiversidade amazônica, Max Petrucci e o sócio Edgard Calfat - cofundador da Puravida, vendida em 2022 à Nestlé, optaram por um empreendimento voltado à promoção da saúde. Assim nasceu há dois anos e meio a Mahta, uma "foodtech", ou empresa de tecnologia alimentar, que fundamenta sua linha de produtos em ingredientes oriundos de comunidades tradicionais da Amazônia e de pequenos agricultores que adotam práticas de sistemas agroflorestais.
O carro-chefe da Mahta é um suplemento em pó que combina 15 frutas e castanhas da Floresta Amazônica. A promessa é promover um sistema regenerativo "para dentro e para fora", como explica Petrucci. "Tem que... respeitar as comunidades locais, os pequenos produtores e o bioma", diz ele.
Com um faturamento mensal de R$ 1 milhão e 90% das vendas realizadas on-line, a Mahta oferece três produtos principais: um shake amazônico à base de torta de castanha, cupuaçu, açaí e frutas, que equivale a uma refeição; leite vegetal em pó feito com castanha regenerativa - um pacote de 240 gramas gera cinco litros de leite e reduz em 95% as emissões de CO2 durante o transporte; e café funcional.
A torta de castanha, um subproduto frequentemente negligenciado da castanha-do-brasil, é o resíduo gerado após a extração do óleo destinado à indústria de cosméticos. "Rica em fibras, proteínas e gorduras saudáveis, essa torta estava sendo descartada por falta de uso mais nobre e rentável", explica Petrucci. "Hoje, ela serve como base para nossos superalimentos."
A Mahta compra toda a produção dessa torta da Reca, uma cooperativa que reúne mais de 300 famílias na Amazônia, sendo a castanha-do-brasil uma das principais fontes de sustento para essas comunidades. "Pagamos dez vezes mais pelo insumo, resultando em aproximadamente R$ 2 milhões em contribuições às comunidades da floresta amazônica", destaca Petrucci.
Um dos principais parceiros da Mahta é a Belterra, cujo fundador, Valmir Ortega, acaba de ser eleito Empreendedor Social do Ano em Davos. "A nossa busca diária é um modelo de impacto absolutamente verdadeiro e factível", afirma Petrucci. "Por isso, hoje o nosso laboratório de inovação está no Parque Tecnológico de Piracicaba [interior paulista], onde fica a Esalq, referência em pesquisa agrícola no país. O próximo passo será reproduzir o nosso MahtaLab na Amazônia."
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/01/27/uma-nova-estrategia-para-os-superalimentos-da-amazonia.ghtml
Valor Econômico, 27/01/2025, Brasil, p. B9
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