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Indígenas Guarani-Kaiowá resistem ao deslocamento forçado e prisão a céu aberto em Dourados
22/03/2025
Fonte: A Nova Democracia - https://anovademocracia.com.br
O clima de guerra imposto pelos latifundiários contra os indígenas Guarani-Kaiowá ganhou novo capítulo na cidade de Dourados, em Mato Grosso do Sul (MS). A retomada Pakurity, localizada às margens da BR-463, na saída para a cidade fronteiriça de Ponta Porã, foi atacada por latifundiários e pistoleiros. A retomada existe há 15 anos e encontra-se em disputa judicial em segunda instância da Justiça Federal.
Uma equipe de reportagem de AND foi até a retomada Pakurity para averiguar a situação. Ao chegar, o repórter foi seguido por um trator que acompanhava os movimentos da retomada, em uma tentativa de intimidação. Segundo as informações dos indígenas, o trator também serve de transporte para os latifundiários que criaram uma base de campana na região.
Os indígenas contam que os primeiros ataques visaram empurrar os Guarani-Kaiowá para uma área menor do que aquela em que eles se encontravam. O assalto começou com a chegada de dezenas de camionetes pilotadas por latifundiários e pistoleiros. "Era uma verdadeira multidão de pistoleiros, vários homens armados", relatou uma fonte ao correspondente local de AND em Dourados.
Os indígenas foram forçados a recuar do território e se refugiar na mata, mas um indígena foi baleado na perna pelos pistoleiros e uma criança quebrou o braço enquanto corria para não ser baleada.
Deslocamento forçado e prisão a céu aberto
Depois do deslocamento forçado, os latifundiários cavaram um poço de aproximadamente três metros de profundidade por uma extensão de dezenas de metros para garantir que os Guarani-Kaiowá não iriam retornar ao território original. Em outras palavras, uma tática de guerra escancarada, com o objetivo de isolar os indígenas arbitrariamente na forma de um cerco para controlar as suas movimentações.
A trincheira feita pelos latifundiários impede que os indígenas retornem às suas antigas casas, impedindo o acesso a roupas e comida. O fosso também interrompeu o fluxo de um rio que servia de fonte de água para os indígenas. Para contornar a situação, os moradores da retomada cavaram um poço, mas a água que sai dali - o único meio possível de hidratação na área - é amarronzada e imprópria para consumo.
Além disso, durante o crime contra os povos originários, os latifundiários romperam fios de fibra ótica e fizeram com que quase meio milhão de pessoas ficassem sem internet, segundo a imprensa local.
'A PM se aliou aos latifundiários'
Revoltados contra o cerco, cerca de 20 guerreiros Guarani-Kaiowá se organizaram para atravessar o buraco de isolamento. Contudo, a saída da prisão forçada foi impedida pela Polícia Militar (PM), que foi até a região acionada pelos latifundiários e disparou balas de chumbo, borracha e spray de pimenta contra os indígenas. Durante o ataque, uma Guarani-Kaiowá entrou em trabalho de parto forçado por conta do estresse, tendo um filho prematuro. "É difícil, porque a Polícia Militar se aliou aos latifundiários", comentou uma Guarani-Kaiowá.
Do outro lado do fosso, uma tenda branca indica o local onde latifundiários e pistoleiros se revezam na observação de quem se aproxima. Os indígenas, por sua vez, aproveitam para ocupar seus próprios pontos de observação e tentar identificar os seus inimigos. De acordo com eles, o vereador bolsonarista Sargento Prates - o mesmo que era presença constante na região do conflito em Douradina e que utilizou o ataque contra Guaranis Kaiowás como forma de propaganda eleitoral - é um dos visitantes mais assíduos da base pistoleira. Além dele, o filho do ex-vereador Atílio Torraca Filho, chamado de "Atilinho", também visitou os pistoleiros. Um terceiro identificado é Allan Kruger, conhecido por estar envolvido em outros ataques contra indígenas Guarani-Kaiowá, como no tekoha Avae'te e na aldeia Bororó em Dourados, e Nivaldo Kruger, arrendatário da fazenda.
'Podem me matar, mas não saíremos daqui'
A campana também serve para que os latifundiários possam acionar a PM em caso de qualquer sinal de revolta e como base para as constantes intimidações e ameaças contra os indígenas. Segundo os Guarani-Kaiowá, as ameaças se intensificam durante a noite, quando os latifundiários e pistoleiros enchem a cara. Em uma madrugada, os latifundiários seguiram uma indígena e ameaçaram os moradores da retomada de morte. "Essa vala foi aberta para vocês. Vocês vão todos morrer. Não querem terra? Vocês vão ter a terra debaixo da terra", disse o candidato a assassino.
Apesar da situação de guerra, os indígenas se recusam a abandonar a área. "Podem me matar, mas não vamos sair daqui", comentou uma indígena Guarani-Kaiowá à reportagem.
https://anovademocracia.com.br/guarani-kaiowa-deslocamento-prisao-aberto/
Uma equipe de reportagem de AND foi até a retomada Pakurity para averiguar a situação. Ao chegar, o repórter foi seguido por um trator que acompanhava os movimentos da retomada, em uma tentativa de intimidação. Segundo as informações dos indígenas, o trator também serve de transporte para os latifundiários que criaram uma base de campana na região.
Os indígenas contam que os primeiros ataques visaram empurrar os Guarani-Kaiowá para uma área menor do que aquela em que eles se encontravam. O assalto começou com a chegada de dezenas de camionetes pilotadas por latifundiários e pistoleiros. "Era uma verdadeira multidão de pistoleiros, vários homens armados", relatou uma fonte ao correspondente local de AND em Dourados.
Os indígenas foram forçados a recuar do território e se refugiar na mata, mas um indígena foi baleado na perna pelos pistoleiros e uma criança quebrou o braço enquanto corria para não ser baleada.
Deslocamento forçado e prisão a céu aberto
Depois do deslocamento forçado, os latifundiários cavaram um poço de aproximadamente três metros de profundidade por uma extensão de dezenas de metros para garantir que os Guarani-Kaiowá não iriam retornar ao território original. Em outras palavras, uma tática de guerra escancarada, com o objetivo de isolar os indígenas arbitrariamente na forma de um cerco para controlar as suas movimentações.
A trincheira feita pelos latifundiários impede que os indígenas retornem às suas antigas casas, impedindo o acesso a roupas e comida. O fosso também interrompeu o fluxo de um rio que servia de fonte de água para os indígenas. Para contornar a situação, os moradores da retomada cavaram um poço, mas a água que sai dali - o único meio possível de hidratação na área - é amarronzada e imprópria para consumo.
Além disso, durante o crime contra os povos originários, os latifundiários romperam fios de fibra ótica e fizeram com que quase meio milhão de pessoas ficassem sem internet, segundo a imprensa local.
'A PM se aliou aos latifundiários'
Revoltados contra o cerco, cerca de 20 guerreiros Guarani-Kaiowá se organizaram para atravessar o buraco de isolamento. Contudo, a saída da prisão forçada foi impedida pela Polícia Militar (PM), que foi até a região acionada pelos latifundiários e disparou balas de chumbo, borracha e spray de pimenta contra os indígenas. Durante o ataque, uma Guarani-Kaiowá entrou em trabalho de parto forçado por conta do estresse, tendo um filho prematuro. "É difícil, porque a Polícia Militar se aliou aos latifundiários", comentou uma Guarani-Kaiowá.
Do outro lado do fosso, uma tenda branca indica o local onde latifundiários e pistoleiros se revezam na observação de quem se aproxima. Os indígenas, por sua vez, aproveitam para ocupar seus próprios pontos de observação e tentar identificar os seus inimigos. De acordo com eles, o vereador bolsonarista Sargento Prates - o mesmo que era presença constante na região do conflito em Douradina e que utilizou o ataque contra Guaranis Kaiowás como forma de propaganda eleitoral - é um dos visitantes mais assíduos da base pistoleira. Além dele, o filho do ex-vereador Atílio Torraca Filho, chamado de "Atilinho", também visitou os pistoleiros. Um terceiro identificado é Allan Kruger, conhecido por estar envolvido em outros ataques contra indígenas Guarani-Kaiowá, como no tekoha Avae'te e na aldeia Bororó em Dourados, e Nivaldo Kruger, arrendatário da fazenda.
'Podem me matar, mas não saíremos daqui'
A campana também serve para que os latifundiários possam acionar a PM em caso de qualquer sinal de revolta e como base para as constantes intimidações e ameaças contra os indígenas. Segundo os Guarani-Kaiowá, as ameaças se intensificam durante a noite, quando os latifundiários e pistoleiros enchem a cara. Em uma madrugada, os latifundiários seguiram uma indígena e ameaçaram os moradores da retomada de morte. "Essa vala foi aberta para vocês. Vocês vão todos morrer. Não querem terra? Vocês vão ter a terra debaixo da terra", disse o candidato a assassino.
Apesar da situação de guerra, os indígenas se recusam a abandonar a área. "Podem me matar, mas não vamos sair daqui", comentou uma indígena Guarani-Kaiowá à reportagem.
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