De Pueblos Indígenas en Brasil
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Noticias
Como trabalhar a diversidade indígena em sala de aula
23/04/2025
Fonte: Nova Escola - https://novaescola.org.br/conteudo/22143/como-trabalhar-a-diversidade-indigena-em-sala
Como trabalhar a diversidade indígena em sala de aula
Apresentar os diferentes povos originários do Brasil é uma forma de combater estereótipos e visões reducionistas e valorizar a complexidade e a pluralidade das várias etnias
Por Thais Paiva
23/04/2025
O Brasil é formado por centenas de povos indígenas com línguas, tradições, crenças e formas de organização diversas. Para se ter uma ideia, segundo o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país reúne 1,7 milhão de indígenas, que estão presentes em 86,7% dos municípios do país. E, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), existem atualmente 279 povos que falam mais de 160 línguas no território brasileiro.
Dados como esses mostram a importância de compreender e valorizar essa diversidade. Em sala de aula, esse trabalho não só contribui para uma sociedade mais plural e consciente de suas múltiplas raízes como também ajuda a romper preconceitos e combater visões reducionistas, promovendo o respeito às culturas originárias.
É o que defende Felipe Tuxá, professor adjunto do departamento de Antropologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e vice-diretor da Associação Nacional Indigenista (ANAI). Para ele, a visão homogeneizante dos indígenas é fruto do projeto colonialista que, desde sempre, construiu um imaginário que rejeita a complexidade e pluralidade desses povos. Felipe também afirma que a representação dos indígenas como povos simples e atrasados tem o objetivo de negar direitos.
"A categoria 'índio' utilizada pelos portugueses ao chegarem aqui, de forma unilateral, desconsidera os diversos povos com seus diferentes projetos de sociedade, costumes, línguas e culturas. Algo como: 'pouco importa quem vocês são, vamos chamar todos de índio'. Logo, esse termo genérico nasce para o apagamento das subjetividades que estavam aqui presentes", explica.
Ele considera que, apesar dos avanços, esse imaginário persiste. "As pessoas conseguem equacionar a presença dos indígenas no passado, mas não no presente. Lidar com os indígenas hoje nas cidades, nas universidades e nos ministérios causa uma 'pane' porque a expectativa era que não mais existissem."
Protagonistas do presente
Assim, conhecer os povos originários em sua diversidade é essencial para compreender verdadeiramente a formação do Brasil, superando a ideia dos povos indígenas como parte do passado e os enxergando como protagonistas também do presente e do futuro.
Nessa perspectiva, complexificar o repertório sobre esses povos exige senso crítico do professor já que, invariavelmente, será necessário falar sobre a história da ocupação do país. "Os mitos, a literatura, isso tudo acaba tendo um espaço maior no pedagógico. Mas como você trabalha essa distribuição dos povos hoje em uma linha de continuidade com o que era antes? Há uma dimensão nesse trabalho que não é só lúdica, é política", acredita Felipe.
Edson Kayapó, escritor, historiador e professor no Instituto Federal da Bahia (IFBA), concorda. "Os educadores precisam fazer esse diálogo com a organização indígena hoje e depois uma análise considerando a dimensão do tempo. Como era nos séculos passados? É necessário debater a relação dos diferentes povos indígenas com os grupos que chegaram e tecer essas conexões com os fluxos migratórios dos indígenas no território."
Aprender a partir de seus relatos
No Núcleo de Transformação e Saberes (NUTRAS) do Museu das Culturas Indígenas (MCI), em São Paulo (SP), o trabalho para ampliar o repertório sobre os diferentes povos indígenas envolve colocar o público para aprender a partir de suas próprias narrativas. "Um dos nossos principais públicos são os educadores, por conta da Lei 11.645/2008 [que torna obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas do país]. E são os mestres de saberes indígenas que os recebem. Eles pertencem a diferentes etnias e contam suas histórias, visões de mundo, suas demandas", comenta a assistente Letícia Yumi Shimoda.
Entre os temas solicitados aos mestres, costumam aparecer com frequência as brincadeiras indígenas entre os educadores da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Já entre entre os educadores dos Anos Finais do Fundamental e Ensino Médio, ciência e saberes da medicina tradicional, literatura e território, relação com a natureza e grafismos constituem os principais assuntos. "Os dados do IBGE mostram que os indígenas estão em todos os lugares, por que não aprender com eles a partir de seus próprios olhares?", sugere Edson.
Além do contato direto com representantes de diferentes povos, Letícia aconselha pesquisar e consumir conteúdos de autoria indígena a fim de complexificar as referências sobre pessoas indígenas entre os alunos. "Tem muita coisa interessante por aí, de plataformas a canais no YouTube. Vale procurar saber quem são essas pessoas e mostrar para os alunos esses materiais de acordo com a faixa etária."
https://novaescola.org.br/conteudo/22143/como-trabalhar-a-diversidade-indigena-em-sala-de-aula
Apresentar os diferentes povos originários do Brasil é uma forma de combater estereótipos e visões reducionistas e valorizar a complexidade e a pluralidade das várias etnias
Por Thais Paiva
23/04/2025
O Brasil é formado por centenas de povos indígenas com línguas, tradições, crenças e formas de organização diversas. Para se ter uma ideia, segundo o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país reúne 1,7 milhão de indígenas, que estão presentes em 86,7% dos municípios do país. E, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), existem atualmente 279 povos que falam mais de 160 línguas no território brasileiro.
Dados como esses mostram a importância de compreender e valorizar essa diversidade. Em sala de aula, esse trabalho não só contribui para uma sociedade mais plural e consciente de suas múltiplas raízes como também ajuda a romper preconceitos e combater visões reducionistas, promovendo o respeito às culturas originárias.
É o que defende Felipe Tuxá, professor adjunto do departamento de Antropologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e vice-diretor da Associação Nacional Indigenista (ANAI). Para ele, a visão homogeneizante dos indígenas é fruto do projeto colonialista que, desde sempre, construiu um imaginário que rejeita a complexidade e pluralidade desses povos. Felipe também afirma que a representação dos indígenas como povos simples e atrasados tem o objetivo de negar direitos.
"A categoria 'índio' utilizada pelos portugueses ao chegarem aqui, de forma unilateral, desconsidera os diversos povos com seus diferentes projetos de sociedade, costumes, línguas e culturas. Algo como: 'pouco importa quem vocês são, vamos chamar todos de índio'. Logo, esse termo genérico nasce para o apagamento das subjetividades que estavam aqui presentes", explica.
Ele considera que, apesar dos avanços, esse imaginário persiste. "As pessoas conseguem equacionar a presença dos indígenas no passado, mas não no presente. Lidar com os indígenas hoje nas cidades, nas universidades e nos ministérios causa uma 'pane' porque a expectativa era que não mais existissem."
Protagonistas do presente
Assim, conhecer os povos originários em sua diversidade é essencial para compreender verdadeiramente a formação do Brasil, superando a ideia dos povos indígenas como parte do passado e os enxergando como protagonistas também do presente e do futuro.
Nessa perspectiva, complexificar o repertório sobre esses povos exige senso crítico do professor já que, invariavelmente, será necessário falar sobre a história da ocupação do país. "Os mitos, a literatura, isso tudo acaba tendo um espaço maior no pedagógico. Mas como você trabalha essa distribuição dos povos hoje em uma linha de continuidade com o que era antes? Há uma dimensão nesse trabalho que não é só lúdica, é política", acredita Felipe.
Edson Kayapó, escritor, historiador e professor no Instituto Federal da Bahia (IFBA), concorda. "Os educadores precisam fazer esse diálogo com a organização indígena hoje e depois uma análise considerando a dimensão do tempo. Como era nos séculos passados? É necessário debater a relação dos diferentes povos indígenas com os grupos que chegaram e tecer essas conexões com os fluxos migratórios dos indígenas no território."
Aprender a partir de seus relatos
No Núcleo de Transformação e Saberes (NUTRAS) do Museu das Culturas Indígenas (MCI), em São Paulo (SP), o trabalho para ampliar o repertório sobre os diferentes povos indígenas envolve colocar o público para aprender a partir de suas próprias narrativas. "Um dos nossos principais públicos são os educadores, por conta da Lei 11.645/2008 [que torna obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas do país]. E são os mestres de saberes indígenas que os recebem. Eles pertencem a diferentes etnias e contam suas histórias, visões de mundo, suas demandas", comenta a assistente Letícia Yumi Shimoda.
Entre os temas solicitados aos mestres, costumam aparecer com frequência as brincadeiras indígenas entre os educadores da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Já entre entre os educadores dos Anos Finais do Fundamental e Ensino Médio, ciência e saberes da medicina tradicional, literatura e território, relação com a natureza e grafismos constituem os principais assuntos. "Os dados do IBGE mostram que os indígenas estão em todos os lugares, por que não aprender com eles a partir de seus próprios olhares?", sugere Edson.
Além do contato direto com representantes de diferentes povos, Letícia aconselha pesquisar e consumir conteúdos de autoria indígena a fim de complexificar as referências sobre pessoas indígenas entre os alunos. "Tem muita coisa interessante por aí, de plataformas a canais no YouTube. Vale procurar saber quem são essas pessoas e mostrar para os alunos esses materiais de acordo com a faixa etária."
https://novaescola.org.br/conteudo/22143/como-trabalhar-a-diversidade-indigena-em-sala-de-aula
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