De Pueblos Indígenas en Brasil
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Noticias
Bibliotecas comunitárias ampliam acesso à leitura na Amazônia
23/04/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Bibliotecas comunitárias ampliam acesso à leitura na Amazônia
Espaços criados por ONG viram centros culturais geridos por indígenas, ribeirinhos e quilombolas na região Norte, que enfrenta queda nos índices de leitura
23/04/2025
Victória Pacheco
Bastou um livro para que Elma Reis, 42, ajudasse uma menina negra a enxergar beleza em seus cachos. Desde que leu "Meu Crespo é de Rainha" (2018), a ribeirinha de sete anos brinca com penteados e nunca mais desejou ter o cabelo liso das amigas.
A obra infantil da escritora americana bell hooks integra o acervo da biblioteca comunitária de Barreirinhas (MA), onde crianças e adolescentes se reúnem para ouvir histórias contadas por Elma e outros voluntários da ONG Vaga Lume.
"Um livro pode transformar a vida de uma criança, principalmente em comunidades como a nossa, com desafios para acessar informação e conhecimento", diz a "mediadora de leitura" -como são chamadas as mais de 6.000 pessoas capacitadas pela organização para promover esse hábito entre os mais jovens.
São 97 bibliotecas em escolas e espaços construídos ou cedidos pela comunidade, ao longo de 23 municípios da Amazônia Legal, incluindo alguns na zona de transição do bioma, como Barreirinhas.
Nelas, livros ficam dispostos em prateleiras baixas, ao alcance dos pequenos, que podem se deitar em esteiras no chão para lê-los.
As estantes são móveis e permitem que voluntários transportem os volumes para diferentes locais. "Normalmente estendemos um tapete de palha de bananeira debaixo de alguma árvore e colocamos uma música para tocar. A criançada logo fica curiosa e forma uma roda", conta Elma.
Não são apenas os pequenos que se divertem: as bibliotecas promovem atividades culturais para toda a população, como sessões de cinema, saraus, festas temáticas e contações de histórias por idosos. Além disso, a formação de mediadores de leitura é aberta a todos.
O acervo totaliza 195 mil livros, adquiridos pela Vaga Lume via Lei Rouanet. "Fazemos um extenso trabalho de curadoria. É um processo de meses, em que a equipe educacional seleciona obras de diferentes autores, ilustradores, formatos e projetos gráficos", explica Lia Jamra, diretora-executiva da ONG.
"Procuramos contemplar a diversidade que existe em cada território, levando livros de escritores indígenas e quilombolas, por exemplo, além de autores internacionais, para que a biblioteca seja de fato um lugar atraente."
Beneficiários também produzem seus próprios livros. Até agora, crianças e adolescentes criaram 289 obras com apoio dos voluntários, várias delas baseadas em histórias de moradores locais, sobretudo idosos.
O baixo interesse dos brasileiros pela leitura é fator que motiva a atuação da ONG. Segundo a sexta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Livro no último ano, o país perdeu quase 7 milhões de leitores de 2019 a 2024.
Entre as crianças do ensino fundamental 1 (primeiro ao quinto ano), a leitura caiu de 49% para 40%. Já na faixa entre 5 e 10 anos, o percentual recuou de 71% para 62%. Em todo o território nacional, o Norte teve a maior queda, de 63% para 48%.
Ao impactar anualmente cerca de 15 mil crianças e jovens, o projeto da Vaga Lume busca reverter essa tendência na região. Em 2025, a expectativa é que sejam construídas cinco novas bibliotecas.
Chave para o êxito desses espaços, destaca Lia Jamra, é o engajamento comunitário. "Desde o local de armazenamento dos livros até os dias de funcionamento, o processo de empréstimo e as mediações de leitura, tudo depende de um acordo da comunidade. São espaços de pertencimento e trabalho coletivo."
Com frequência, a vontade de transmitir o gosto pela leitura é passada de geração em geração. Foi esse o caso de Elma Reis, que via seus pais se voluntariando no projeto, iniciado em seu município em 2008.
Até então, as únicas opções de livros eram os da escola municipal, com variedade limitada e poucos exemplares.
"Muitos adolescentes que frequentaram a biblioteca comunitária foram fazer medicina, enfermagem e outros cursos. Então, fazer parte desse projeto, para mim, é fazer parte da mudança, mesmo que a passos de formiguinha", diz ela.
https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2025/04/bibliotecas-comunitarias-ampliam-acesso-a-leitura-na-amazonia.shtml
Espaços criados por ONG viram centros culturais geridos por indígenas, ribeirinhos e quilombolas na região Norte, que enfrenta queda nos índices de leitura
23/04/2025
Victória Pacheco
Bastou um livro para que Elma Reis, 42, ajudasse uma menina negra a enxergar beleza em seus cachos. Desde que leu "Meu Crespo é de Rainha" (2018), a ribeirinha de sete anos brinca com penteados e nunca mais desejou ter o cabelo liso das amigas.
A obra infantil da escritora americana bell hooks integra o acervo da biblioteca comunitária de Barreirinhas (MA), onde crianças e adolescentes se reúnem para ouvir histórias contadas por Elma e outros voluntários da ONG Vaga Lume.
"Um livro pode transformar a vida de uma criança, principalmente em comunidades como a nossa, com desafios para acessar informação e conhecimento", diz a "mediadora de leitura" -como são chamadas as mais de 6.000 pessoas capacitadas pela organização para promover esse hábito entre os mais jovens.
São 97 bibliotecas em escolas e espaços construídos ou cedidos pela comunidade, ao longo de 23 municípios da Amazônia Legal, incluindo alguns na zona de transição do bioma, como Barreirinhas.
Nelas, livros ficam dispostos em prateleiras baixas, ao alcance dos pequenos, que podem se deitar em esteiras no chão para lê-los.
As estantes são móveis e permitem que voluntários transportem os volumes para diferentes locais. "Normalmente estendemos um tapete de palha de bananeira debaixo de alguma árvore e colocamos uma música para tocar. A criançada logo fica curiosa e forma uma roda", conta Elma.
Não são apenas os pequenos que se divertem: as bibliotecas promovem atividades culturais para toda a população, como sessões de cinema, saraus, festas temáticas e contações de histórias por idosos. Além disso, a formação de mediadores de leitura é aberta a todos.
O acervo totaliza 195 mil livros, adquiridos pela Vaga Lume via Lei Rouanet. "Fazemos um extenso trabalho de curadoria. É um processo de meses, em que a equipe educacional seleciona obras de diferentes autores, ilustradores, formatos e projetos gráficos", explica Lia Jamra, diretora-executiva da ONG.
"Procuramos contemplar a diversidade que existe em cada território, levando livros de escritores indígenas e quilombolas, por exemplo, além de autores internacionais, para que a biblioteca seja de fato um lugar atraente."
Beneficiários também produzem seus próprios livros. Até agora, crianças e adolescentes criaram 289 obras com apoio dos voluntários, várias delas baseadas em histórias de moradores locais, sobretudo idosos.
O baixo interesse dos brasileiros pela leitura é fator que motiva a atuação da ONG. Segundo a sexta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Livro no último ano, o país perdeu quase 7 milhões de leitores de 2019 a 2024.
Entre as crianças do ensino fundamental 1 (primeiro ao quinto ano), a leitura caiu de 49% para 40%. Já na faixa entre 5 e 10 anos, o percentual recuou de 71% para 62%. Em todo o território nacional, o Norte teve a maior queda, de 63% para 48%.
Ao impactar anualmente cerca de 15 mil crianças e jovens, o projeto da Vaga Lume busca reverter essa tendência na região. Em 2025, a expectativa é que sejam construídas cinco novas bibliotecas.
Chave para o êxito desses espaços, destaca Lia Jamra, é o engajamento comunitário. "Desde o local de armazenamento dos livros até os dias de funcionamento, o processo de empréstimo e as mediações de leitura, tudo depende de um acordo da comunidade. São espaços de pertencimento e trabalho coletivo."
Com frequência, a vontade de transmitir o gosto pela leitura é passada de geração em geração. Foi esse o caso de Elma Reis, que via seus pais se voluntariando no projeto, iniciado em seu município em 2008.
Até então, as únicas opções de livros eram os da escola municipal, com variedade limitada e poucos exemplares.
"Muitos adolescentes que frequentaram a biblioteca comunitária foram fazer medicina, enfermagem e outros cursos. Então, fazer parte desse projeto, para mim, é fazer parte da mudança, mesmo que a passos de formiguinha", diz ela.
https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2025/04/bibliotecas-comunitarias-ampliam-acesso-a-leitura-na-amazonia.shtml
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