De Pueblos Indígenas en Brasil
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Indígenas lutam por terra, língua e cultura
27/04/2025
Autor: Robson Adriano
Fonte: A Critica - https://www.acritica.com
Regularização fundiária, a conservação, resgate da cultura originária e revitalização da língua se tornaram desafiadores para os povos indígenas que vivem em Manaus. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no censo de 2022, o Amazonas abriga cerca de 490,9 mil indígenas.
Manaus é o município com o maior número, com 71,7 mil, seguida por São Gabriel da Cachoeira, com 48,3 mil, e Tabatinga, com 34,5 mil.
"A maior luta que temos hoje, e tem sido há mais de 500 anos, é o território. Se hoje temos a nível nacional a demarcação das nossas terras indígenas, na cidade (de Manaus) temos a luta pela regularização fundiária desses territórios. Não tem nenhum instrumento jurídico que reconheça terras indígenas em cidades", disse Marcivana Sateré Mawé, coordenadora da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime).
Segundo números da Copime, mais de 100 comunidades indígenas estão formadas em Manaus, 58 são associadas na coordenação e 52 etnias distintas vivem na capital.
Marcivana frisa que a regularização das terras onde vivem os indígenas na capital está ligada ao acesso de demais serviços públicos como educação, saneamento básico e saúde. Para ela, esses acessos são intrínsecos ao território.
"Muitas vezes a falta de reconhecimento desse território nega, por exemplo, o acesso as principais políticas, como educação, saúde, saneamento básico, entre outros", disse a coordenadora. "Manaus é referência quando se fala em indígenas em cidade. Embora, nossos filhos e nossas crianças estejam nos ensinos regulares municipais, hoje temos espaços de estudo da língua materna e conhecimentos tradicionais", acrescentou.
Marcivana Sateré-Mawé, coordenadora Copime
Construção de Escolas
Em Manaus, esses espaços funcionam nas casas de lideranças indígenas, e regulamentados pela Lei 2.781/2021, que determina a criação de escolas indígenas municipais.
"Estamos em processo de diálogo para construção dessa escola. Para nós indígenas o modelo atual seria inadequado, para a educação escolar indígena de fato se efetivar, precisa de alguns elementos importantes, como rios, natureza e animais", declarou Marcivana.
No âmbito estadual existe a Fundação Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas (Fepiam), mas o município não dispõe de uma autarquia específica para a população indígena. O executivo municipal cogitou a criação de uma pasta para os povos originários, mas até o momento sem avanços.
"O movimento indígena de Manaus não foi convidado para pensar isso. Talvez tenham sido convidadas algumas lideranças, mas a Copime, não foi convidada", disse Marcivana.
Dicionário Apurinã
Ao lado do próprio pai, Osmar Alípio, ou Aramakari Manekate, Jéssica Apurinã escreveu o primeiro dicionário Apurinã. O líder indígena faleceu no ano de 2019. Jéssica contou que o processo de revitalização da língua Apurinã em Manaus começou com Aramakari e, agora, ela dá continuidade. "Quando ele começou era de forma voluntária", disse. "Quando ele foi a óbito surgiu a necessidade de alguém assumir esse trabalho e eu assumi esse compromisso".
Revitalização da língua
Manaus possui 23 Espaços de Estudos da Língua Materna e Conhecimentos Tradicionais Indígenas (EELMCTI). Jéssica Apurinã, 32 anos, é professora no EELMCTI Amaíni Arutã Apurinã, situado no bairro Mauazinho, zona Leste da cidade. Na capital do amazonas existe a revitalização de oito línguas maternas: Tikuna, Tukano, Sateré Mawé, Apurinã, Kokama, Nheengatu, Kambeba e Warao.
Jéssica leciona a língua indígena materna Apurinã. "A língua é a forma que nos conecta com nossas histórias, nossas tradições, e que principalmente vai ligar o passado, presente e futuro. Muitos professores dão aula em espaços que ficam nas casas das lideranças que, muitas vezes, não tem estrutura. São lugares improvisados. A prefeitura dá o salário dos professores, carteira e merenda, mas estrutura em si não temos", disse a docente.
A falta de material didático voltado para as línguas maternas é um ponto de dificuldade. "A língua portuguesa acaba se sobrepondo a nossa língua materna. E os espaços surgem exatamente para isso: que não se perca a língua na cidade. Para que a criança que nasce aqui continue tendo conhecimento da sua história, antepassados e ancestrais. E eu como professora sinto dificuldade nesse acesso de produção de material didático", pontuou Apurinã.
Terra indígena
Para a professora Jéssica Apurinã, 32 anos, Manaus precisa se reconhecer como terra indígena. "Entender que Manaus tem cara indígena. É uma cidade indígena. Nós não invadimos, nós já estávamos aqui. E principalmente, entender que aqui as políticas públicas são fundamentais para manter as nossas práticas culturais. Eu quero que o direito às nossas práticas tradicionais, medicinas tradicionais, nossas parteiras sejam respeitados. Que na educação, o meu direito de falar minha língua materna, de me pintar, e expressar seja respeitado", finalizou.
https://www.acritica.com/geral/indigenas-lutam-por-terra-lingua-e-cultura-1.370848
Manaus é o município com o maior número, com 71,7 mil, seguida por São Gabriel da Cachoeira, com 48,3 mil, e Tabatinga, com 34,5 mil.
"A maior luta que temos hoje, e tem sido há mais de 500 anos, é o território. Se hoje temos a nível nacional a demarcação das nossas terras indígenas, na cidade (de Manaus) temos a luta pela regularização fundiária desses territórios. Não tem nenhum instrumento jurídico que reconheça terras indígenas em cidades", disse Marcivana Sateré Mawé, coordenadora da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime).
Segundo números da Copime, mais de 100 comunidades indígenas estão formadas em Manaus, 58 são associadas na coordenação e 52 etnias distintas vivem na capital.
Marcivana frisa que a regularização das terras onde vivem os indígenas na capital está ligada ao acesso de demais serviços públicos como educação, saneamento básico e saúde. Para ela, esses acessos são intrínsecos ao território.
"Muitas vezes a falta de reconhecimento desse território nega, por exemplo, o acesso as principais políticas, como educação, saúde, saneamento básico, entre outros", disse a coordenadora. "Manaus é referência quando se fala em indígenas em cidade. Embora, nossos filhos e nossas crianças estejam nos ensinos regulares municipais, hoje temos espaços de estudo da língua materna e conhecimentos tradicionais", acrescentou.
Marcivana Sateré-Mawé, coordenadora Copime
Construção de Escolas
Em Manaus, esses espaços funcionam nas casas de lideranças indígenas, e regulamentados pela Lei 2.781/2021, que determina a criação de escolas indígenas municipais.
"Estamos em processo de diálogo para construção dessa escola. Para nós indígenas o modelo atual seria inadequado, para a educação escolar indígena de fato se efetivar, precisa de alguns elementos importantes, como rios, natureza e animais", declarou Marcivana.
No âmbito estadual existe a Fundação Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas (Fepiam), mas o município não dispõe de uma autarquia específica para a população indígena. O executivo municipal cogitou a criação de uma pasta para os povos originários, mas até o momento sem avanços.
"O movimento indígena de Manaus não foi convidado para pensar isso. Talvez tenham sido convidadas algumas lideranças, mas a Copime, não foi convidada", disse Marcivana.
Dicionário Apurinã
Ao lado do próprio pai, Osmar Alípio, ou Aramakari Manekate, Jéssica Apurinã escreveu o primeiro dicionário Apurinã. O líder indígena faleceu no ano de 2019. Jéssica contou que o processo de revitalização da língua Apurinã em Manaus começou com Aramakari e, agora, ela dá continuidade. "Quando ele começou era de forma voluntária", disse. "Quando ele foi a óbito surgiu a necessidade de alguém assumir esse trabalho e eu assumi esse compromisso".
Revitalização da língua
Manaus possui 23 Espaços de Estudos da Língua Materna e Conhecimentos Tradicionais Indígenas (EELMCTI). Jéssica Apurinã, 32 anos, é professora no EELMCTI Amaíni Arutã Apurinã, situado no bairro Mauazinho, zona Leste da cidade. Na capital do amazonas existe a revitalização de oito línguas maternas: Tikuna, Tukano, Sateré Mawé, Apurinã, Kokama, Nheengatu, Kambeba e Warao.
Jéssica leciona a língua indígena materna Apurinã. "A língua é a forma que nos conecta com nossas histórias, nossas tradições, e que principalmente vai ligar o passado, presente e futuro. Muitos professores dão aula em espaços que ficam nas casas das lideranças que, muitas vezes, não tem estrutura. São lugares improvisados. A prefeitura dá o salário dos professores, carteira e merenda, mas estrutura em si não temos", disse a docente.
A falta de material didático voltado para as línguas maternas é um ponto de dificuldade. "A língua portuguesa acaba se sobrepondo a nossa língua materna. E os espaços surgem exatamente para isso: que não se perca a língua na cidade. Para que a criança que nasce aqui continue tendo conhecimento da sua história, antepassados e ancestrais. E eu como professora sinto dificuldade nesse acesso de produção de material didático", pontuou Apurinã.
Terra indígena
Para a professora Jéssica Apurinã, 32 anos, Manaus precisa se reconhecer como terra indígena. "Entender que Manaus tem cara indígena. É uma cidade indígena. Nós não invadimos, nós já estávamos aqui. E principalmente, entender que aqui as políticas públicas são fundamentais para manter as nossas práticas culturais. Eu quero que o direito às nossas práticas tradicionais, medicinas tradicionais, nossas parteiras sejam respeitados. Que na educação, o meu direito de falar minha língua materna, de me pintar, e expressar seja respeitado", finalizou.
https://www.acritica.com/geral/indigenas-lutam-por-terra-lingua-e-cultura-1.370848
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