De Pueblos Indígenas en Brasil

Notícias

Europa encara calor extremo enquanto UE discute flexibilizar metas climáticas

01/07/2025

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/



Europa encara calor extremo enquanto UE discute flexibilizar metas climáticas
Espanha, Portugal e Inglaterra colecionam temperaturas recordes, França fecha escolas e especialista projeta 4.500 mortes em excesso na primeira canícula do ano no continente

01/06/2025

José Henrique Mariante

Enquanto diversas regiões da Europa registram recordes de temperatura, a União Europeia se prepara para flexibilizar as metas climáticas dos 27 países do bloco econômico. Na primeira canícula de 2025, o discurso político soa no mínimo contraditório diante da coleção de episódios de calor extremo no continente nos últimos dias.

Na Espanha, a Aemet, o serviço meteorológico do país, registrou o junho mais quente da história, com média de 23,6oC, 0,8oC acima do recorde anterior, de 2017. Pela primeira vez, o mês superou as médias históricas de julho e agosto, os períodos mais quentes do verão europeu, construindo um prognóstico ruim para a atual estação.

Huelva, na Andaluzia, bateu o recorde do ano de temperatura no sábado (28), com 46oC. Em Mora, perto de Lisboa, os termômetros alcançaram 46,6oC no domingo (29). Barcelona registrou o junho mais quente em mais de um século de medições e investiga a morte de uma gari no fim de semana, segundo a agência Reuters.

Nesta terça (1o), incêndios florestais foram registrados na Turquia e a Inglaterra viveu o dia mais quente do ano, com 33,6oC. Números ainda provisórios indicam que o Reino Unido experimentou o segundo junho mais quente desde 1884, quando os registros começaram. Apenas junho de 2023 foi pior.

Na Alemanha, Berlim se prepara para um pico de 38oC na quarta (2). Diversas partes do país tem previsão de temperaturas acima de 40oC. Em Paris, escolas e o andar mais alto da Torre Eiffel foram fechados; uma usina nuclear foi desligada para não aquecer demais as águas do rio que a refrigera e, assim como na Espanha, linhas de trem foram paralisadas por problemas de manutenção provocados pelo calor.

A excepcionalidade do momento foi notada pela OMM (Organização Meteorológica Mundial), vinculada à ONU. "O que é excepcional não é só a intensidade, mas também a época do ano, já que esses episódios de calor extremo geralmente acontecem no meio do verão", declarou a entidade em comunicado. O verão europeu começou no dia 21 de junho.

Na avaliação do braço meteorológico do observatório Copernicus, "as mudanças climáticas estão tornando as ondas de calor mais frequentes, mais intensas e afetando áreas geográficas maiores". De acordo com Samantha Burgess, líder do órgão ligado à UE, "milhões de europeus estão sendo submetidos a um estresse de calor extremo".

Especialista ouvido pelo site Político estimou que 4.500 pessoas vão morrer no continente nesta semana devido à onda de calor. Segundo Pierre Masselot, estatístico da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, o chamado excesso de óbitos deve ser observado em países como Itália, Luxemburgo, Croácia e Eslovênia.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) fez alerta semelhante na segunda-feira (30), relacionando as mudanças climáticas, impulsionadas pela queima de combustíveis fósseis, ao agravamento de doenças e a "milhares de mortes previsíveis e desnecessárias".

Ainda assim, o Parlamento Europeu se prepara para discutir na quarta (2) o relaxamento de suas metas climáticas. Estados-membros poderão usar créditos de carbono de países em desenvolvimento para mitigar parte de suas metas, o que é visto por grupos ambientalistas como uma forma de abrandar as medidas domésticas contra o aquecimento global.

"O planeta não se importa com o local de onde retiramos as emissões do ar", disse ao jornal The Guardian Wopke Hoekstra, comissário europeu para o Clima, indicando que muitos países da África e da América Latina demonstram interesse pelo mecanismo. Ambientalistas, porém, temem esquemas fraudulentos. Mais de 130 entidades classificaram a proposta como uma caixa de pandora em carta endereçada a Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, há menos de um mês.

A NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada, na sigla em inglês) do bloco econômico para 2040 é um corte de 90% das emissões em relação ao verificado em 1990. O plano era contestado por diversos países, que consideravam a meta inatingível. A utilização de créditos, mesmo que na proporção de pontos percentuais, serviria para Bruxelas alcançar sua aprovação antes da COP30 em Belém.

A mudança de estratégia só foi possível com a mudança de governo na Alemanha, neste ano. A gestão do primeiro-ministro Friedrich Merz aposta na flexibilização também no discurso interno, já que leis ambientais restritivas alimentaram a ascensão da extrema direita no país nos últimos anos.

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/07/europa-encara-calor-extremo-enquanto-ue-discute-flexibilizar-metas-climaticas.shtml
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.