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Oficina "Cochichos do Clima" debate mercado de carbono em terras indígenas

03/09/2025

Autor: Helena Corezomaé

Fonte: Opan - https://amazonianativa.org.br



Representantes de povos da região noroeste de Mato Grosso participaram da oficina "Cochichos do Clima" na Terra Indígena Irantxe, Aldeia Cravari. A iniciativa, organizada pela Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) em parceria com a Operação Amazônia Nativa (OPAN) e o Instituto Centro de Vida (ICV), ocorreu entre 12 e 16 de maio, com o objetivo de esclarecer as complexidades do tema mercado de carbono e seus impactos em territórios indígenas.

A oficina contou com a presença de lideranças dos povos Manoki, Rikbaktsa, Arara, Cinta Larga, Apiaká, Kayabi e Zoró. O evento reuniu mais de 50 indígenas, incluindo mulheres, homens, jovens e crianças.

Durante os três dias de evento, os participantes aprofundaram seus conhecimentos sobre as mudanças climáticas, o papel crucial das florestas na regulação do clima e como funcionam os mercados de crédito de carbono, incluindo modelos como o REDD+ e o Programa REM.

A oficina também detalhou as etapas complexas de um projeto de crédito de carbono, desde o estudo de viabilidade até a venda dos créditos. Foi um momento importante para desmistificar a ideia de que o processo é simples e rápido.

A conversa incluiu, ainda, um panorama sobre a participação indígena em fóruns internacionais, como a COP 30, que acontecerá em Belém, e a liderança de indígenas como Sineia Wapichana na cena climática global.

O anseio por autonomia e o alerta sobre riscos

Durante a oficina, os participantes também compartilharam suas dúvidas e angústias. Muitos questionaram a lentidão dos projetos em terras indígenas, contrastando com a percepção de que produtores rurais já estão lucrando com o mercado de carbono. Alisson Rikbaktsa, engenheiro florestal, reforçou a burocracia como um dos principais entraves. O sentimento geral é de que, apesar do potencial econômico, o processo é complexo e exige cautela.

O cacique Manoel Kanunxi, do povo Manoki, foi enfático em sua crítica, expressando preocupação com a "venda da natureza". Ele questionou o que restará para os indígenas quando a água, a terra, os minérios e agora o ar forem vendidos. O cacique alertou para o risco de que, com o foco no dinheiro, a cultura e as práticas tradicionais sejam perdidas.

Entendendo os direitos e a complexidade do mercado

A advogada e consultora Juliana Miranda destacou a importância de dominar as informações para garantir direitos fundamentais como a Consulta Livre, Prévia e Informada, a repartição justa de benefícios e a aplicação de salvaguardas. Ela explicou que, antes de assinar qualquer contrato, os povos indígenas devem fortalecer suas associações, elaborar seus próprios Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) e protocolos de consulta.

A oficina abordou não apenas a crise climática - suas causas e seus efeitos, que impactam de forma desigual diferentes grupos sociais e territórios -, mas também a configuração do mercado de carbono no Brasil e no estado de Mato Grosso. O conteúdo incluiu um olhar detalhado sobre a legislação recente que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, destacando como essa lei aborda a questão dos territórios indígenas.

"Foi um conteúdo extenso, ousado da nossa parte, mas foi trabalhado com muito afinco pelas organizações parceiras, o método, a forma. Foi importante para que as lideranças e pessoas saíssem com mais compreensão e interesse de conhecer um pouco mais", disse Juliana Miranda.

Ao final do encontro, a equipe de organizações parceiras avaliou a oficina como um passo positivo para o fortalecimento das comunidades. No entanto, reconhecem o desafio de traduzir o conhecimento teórico em apoio prático e concreto. O objetivo é continuar o trabalho para que os povos indígenas possam se posicionar de forma autônoma e segura diante dos projetos de carbono.

https://amazonianativa.org.br/2025/09/03/oficina-cochichos-do-clima-debate-mercado-de-carbono-em-terras-indigenas/
 

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