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Como Oriximiná, na amazônia, incentiva indígenas no ensino superior

03/09/2025

Autor: GUALDA, Ana

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/



Como Oriximiná, na amazônia, incentiva indígenas no ensino superior
Uma universidade no meio da floresta está ampliando o acesso de indígenas à educação

03/09/2025

Ana Gualda
Comunicadora e colaboradora do Instituto Serrapilheira

Em meio à floresta amazônica, Oriximiná é um município paraense que fica a cerca de 1.500 km da capital, Belém -seu acesso costuma ser de barco, num trajeto de 12 horas que parte de Santarém. São aproximadamente 70 mil habitantes, com grande população ribeirinha, quilombola, e mais de 3.000 indígenas de várias etnias, sobretudo Waiwai, que fazem parte do território Wayamu.

Um cenário de diversidade tão rica também se reflete no campus local da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa): por lá, estudam cerca de 100 indígenas e, desde que o primeiro curso do campus começou, em 2015, 17 já se formaram. Mas os desafios, naturalmente, não são simples. Um deles é o idioma.

Professora no campus de Oriximiná, a bióloga amazônida Deliane Penha conta que muitos dos indígenas enfrentam dificuldade com o português. Por isso, depois que a aula termina, ela fica meia hora a mais com alunos da etnia Waiwai para esclarecer alguns conceitos. Juntos, eles definem significados de termos técnicos que eventualmente se perderam na tradução para o português.

Penha conta com a ajuda de uma aluna que conhece as duas línguas e explica palavras da ecologia que não têm tradução direta, como "fotossíntese", por meio de desenhos no quadro. Ela e outros professores também aplicam uma prova especial para esses alunos -dadas as barreiras da escrita, valem-se de desenhos e outros elementos que facilitam a compreensão. "Fico muito impactada e feliz de fazer parte disso, mas também estou conhecendo o desafio que é realmente promover a inclusão", diz.

Além do ingresso via Enem e das vagas disponibilizadas pela lei de cotas, específicas para pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência, a Ufopa oferece, desde 2013, dois vestibulares específicos: o Processo Seletivo Especial Indígena e o Processo Seletivo Especial Quilombola. Dávia Talgatti, diretora do campus de Oriximiná, afirma que os editais têm um objetivo muito simples: incluir na universidade os donos da terra.

"Entendemos a importância de investimentos no ensino público para fortalecer os amazônidas e seus conhecimentos, integrando a comunidade e suas especificidades. É o que chamo de 'incentivo amazônia'", conta Talgatti. Por isso, os processos seletivos são formulados com a finalidade de facilitar a comunicação e expressão dos candidatos.

Os alunos que passam no processo ainda se deparam com o desafio da permanência. Como um complemento às bolsas-permanência e outros incentivos subsidiados pelo Ministério da Educação, os professores adaptam seus planos de aulas, enquanto os alunos se organizam em coletivos e se ajudam mutuamente.

Em 2022, havia cerca de 70 mil alunos de centenas de etnias matriculados em instituições de ensino superior, mostra reportagem da Pesquisa Fapesp. É um número inédito -em 2009, eram apenas 11,4 mil. Políticas que permitam a inclusão efetiva desses alunos são, portanto, fundamentais.

Penha ressalta que dá para fazer ciência de qualidade na amazônia, mas às vezes é preciso entender que a formação desses estudantes não se limita a artigos e publicações de grande impacto. Uma educação inclusiva, ela diz, "não é utopia. É uma realidade que as pessoas precisam saber que é possível".

https://www1.folha.uol.com.br/blogs/ciencia-fundamental/2025/09/como-oriximina-na-amazonia-incentiva-indigenas-no-ensino-superior.shtml
 

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