De Pueblos Indígenas en Brasil
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Noticias
Jovens de comunidades tradicionais da amazônia criam planos de adaptação climática
29/08/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Jovens de comunidades tradicionais da amazônia criam planos de adaptação climática
Programa incentiva retorno de universitários aos seus territórios para liderarem propostas de enfrentamento à crise do clima
29/08/2025
Catarina Ferreira
Jovens de comunidades tradicionais da amazônia criaram propostas de adaptação climática que unem necessidades como o combate ao desmatamento e a preservação cultural. Foram 18 os projetos apresentados pelos participantes da Juventude pelo Clima, iniciativa do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) que busca incentivar o protagonismo de universitários de territórios indígenas, quilombolas e extrativistas na preservação do bioma.
Cada proposta aborda um problema da realidade local que os participantes identificaram em contato com líderes de suas comunidades. A proposta é que os jovens assumam papéis de liderança para aplicar, na prática, os conhecimentos que adquiriram na universidade.
A conexão com os moradores mais velhos e com a herança cultural foi o ponto central da elaboração das propostas. Com a ajuda de uma anciã de seu território, a Terra Indígena Alter do Chão, no oeste do Pará, Rilary Borari, 22, construiu seu projeto.
O foco da estudante de medicina era criar algo que ajudasse a comunidade a manter o cultivo e o uso de plantas medicinais -prejudicado pelo avanço do desmatamento na região.
"Lá é um lugar turístico, então a gente vê muito desmatamento para construção de hotéis. Com isso e também as queimadas, a gente perde a vegetação natural e muitas plantas medicinais", explica.
Rilary cresceu em Alter do Chão mas, há quatro anos, mudou-se para o sul do país para cursar medicina, na UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul), em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Longe de casa, ela conta ter sido desafiador estruturar o projeto e manter contato com os mais velhos da aldeia, mas o projeto foi uma maneira de se reconectar com a comunidade.
Com a ajuda da anciã Raimunda, que é professora de educação ambiental na escola local, a estudante catalogou espécies usadas no território, identificando princípios ativos, formas de preparo e usos terapêuticos. Parte das mudas foi plantada na escola, em um espaço acessível aos moradores.
O conhecimento coletado está sendo reunido em um livreto para ser usado pela população. "É um conhecimento muito propagado de forma oral, mas a gente queria materializar isso."
Rilary foi até a aldeia durante as férias da graduação para participar da construção da horta. O plano inicial, conta, era criar uma horta que atendesse toda a região e distribuir o material documentado junto de Raimunda para os moradores. Mas, devido à falta de recursos, o plantio foi feito em um espaço menor e, inicialmente, o material será disponibilizado digitalmente.
Apesar da falta de financiamento, ela diz que não vai desistir de levar melhorias ao seu território. "Quero voltar e ampliar esse projeto", conta a jovem que completa dizendo sonhar em contribuir para que a região tenha uma unidade básica de saúde voltada ao atendimento da população indígena.
"Nunca é só uma questão de segurança alimentar, de segurança hídrica ou do desmatamento, sempre é algo relacionado a um resgate ou a manutenção da cultura", afirma Paula Guarido, coordenadora do Núcleo de Estudos Indígenas do Ipam, que acompanha a formação.
Segundo ela, a iniciativa apoia a permanência desses jovens na universidade, já que cada um recebe uma ajuda de custo mensal de R$ 700, e incentiva o retorno deles às comunidades tradicionais, uma vez que muitos saem para estudar e não voltam por falta de oportunidades no local. Os participantes vieram de seis estados brasileiros, entre territórios indígenas, extrativistas e quilombolas.
Voltar e criar incentivos para que outros jovens vejam a riqueza do território é o desejo da estudante de filosofia Daiane Felipe de Brito, 25. Na comunidade extrativista em que cresceu, em Axixá do Tocantins, a 600 km de Palmas, as plantações de babaçu são a base da economia.
A palmeira é apelidada pelas quebradeiras de coco babaçu de "mãe", já que é dela que tiram a matéria-prima para fazer azeite, doces e outros produtos.
O objetivo do projeto de Daiane, em fase final de construção, é conseguir recursos para monitorar os babaçuais com o uso de drones e, assim, colher evidências para denunciar queimadas e a derrubada das palmeiras.
Além da proteção territorial, seu plano inclui valorizar a bioeconomia do babaçu, incentivando a produção de joias e artesanatos a partir de diversas partes da palmeira, como folhas e amêndoas, para gerar renda e também ser uma alternativa para que os mais jovens se interessem pelo babaçu.
Daiane é aluna de graduação na Universidade Federal do Tocantins, na capital do estado. Assim como Rilary, ela diz que, mesmo longe, quer se manter atuante, porque a luta das comunidades tradicionais precisa ser reconhecida.
"Hoje, se eu não lutar por esse território, se eu não lutar pelo babaçu, vou deixar de lutar pela minha história, por uma luta que foi da minha mãe, para que hoje eu estivesse aqui estudando. Não posso deixar isso morrer."
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/08/jovens-de-comunidades-tradicionais-da-amazonia-criam-planos-de-adaptacao-climatica.shtml
Programa incentiva retorno de universitários aos seus territórios para liderarem propostas de enfrentamento à crise do clima
29/08/2025
Catarina Ferreira
Jovens de comunidades tradicionais da amazônia criaram propostas de adaptação climática que unem necessidades como o combate ao desmatamento e a preservação cultural. Foram 18 os projetos apresentados pelos participantes da Juventude pelo Clima, iniciativa do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) que busca incentivar o protagonismo de universitários de territórios indígenas, quilombolas e extrativistas na preservação do bioma.
Cada proposta aborda um problema da realidade local que os participantes identificaram em contato com líderes de suas comunidades. A proposta é que os jovens assumam papéis de liderança para aplicar, na prática, os conhecimentos que adquiriram na universidade.
A conexão com os moradores mais velhos e com a herança cultural foi o ponto central da elaboração das propostas. Com a ajuda de uma anciã de seu território, a Terra Indígena Alter do Chão, no oeste do Pará, Rilary Borari, 22, construiu seu projeto.
O foco da estudante de medicina era criar algo que ajudasse a comunidade a manter o cultivo e o uso de plantas medicinais -prejudicado pelo avanço do desmatamento na região.
"Lá é um lugar turístico, então a gente vê muito desmatamento para construção de hotéis. Com isso e também as queimadas, a gente perde a vegetação natural e muitas plantas medicinais", explica.
Rilary cresceu em Alter do Chão mas, há quatro anos, mudou-se para o sul do país para cursar medicina, na UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul), em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Longe de casa, ela conta ter sido desafiador estruturar o projeto e manter contato com os mais velhos da aldeia, mas o projeto foi uma maneira de se reconectar com a comunidade.
Com a ajuda da anciã Raimunda, que é professora de educação ambiental na escola local, a estudante catalogou espécies usadas no território, identificando princípios ativos, formas de preparo e usos terapêuticos. Parte das mudas foi plantada na escola, em um espaço acessível aos moradores.
O conhecimento coletado está sendo reunido em um livreto para ser usado pela população. "É um conhecimento muito propagado de forma oral, mas a gente queria materializar isso."
Rilary foi até a aldeia durante as férias da graduação para participar da construção da horta. O plano inicial, conta, era criar uma horta que atendesse toda a região e distribuir o material documentado junto de Raimunda para os moradores. Mas, devido à falta de recursos, o plantio foi feito em um espaço menor e, inicialmente, o material será disponibilizado digitalmente.
Apesar da falta de financiamento, ela diz que não vai desistir de levar melhorias ao seu território. "Quero voltar e ampliar esse projeto", conta a jovem que completa dizendo sonhar em contribuir para que a região tenha uma unidade básica de saúde voltada ao atendimento da população indígena.
"Nunca é só uma questão de segurança alimentar, de segurança hídrica ou do desmatamento, sempre é algo relacionado a um resgate ou a manutenção da cultura", afirma Paula Guarido, coordenadora do Núcleo de Estudos Indígenas do Ipam, que acompanha a formação.
Segundo ela, a iniciativa apoia a permanência desses jovens na universidade, já que cada um recebe uma ajuda de custo mensal de R$ 700, e incentiva o retorno deles às comunidades tradicionais, uma vez que muitos saem para estudar e não voltam por falta de oportunidades no local. Os participantes vieram de seis estados brasileiros, entre territórios indígenas, extrativistas e quilombolas.
Voltar e criar incentivos para que outros jovens vejam a riqueza do território é o desejo da estudante de filosofia Daiane Felipe de Brito, 25. Na comunidade extrativista em que cresceu, em Axixá do Tocantins, a 600 km de Palmas, as plantações de babaçu são a base da economia.
A palmeira é apelidada pelas quebradeiras de coco babaçu de "mãe", já que é dela que tiram a matéria-prima para fazer azeite, doces e outros produtos.
O objetivo do projeto de Daiane, em fase final de construção, é conseguir recursos para monitorar os babaçuais com o uso de drones e, assim, colher evidências para denunciar queimadas e a derrubada das palmeiras.
Além da proteção territorial, seu plano inclui valorizar a bioeconomia do babaçu, incentivando a produção de joias e artesanatos a partir de diversas partes da palmeira, como folhas e amêndoas, para gerar renda e também ser uma alternativa para que os mais jovens se interessem pelo babaçu.
Daiane é aluna de graduação na Universidade Federal do Tocantins, na capital do estado. Assim como Rilary, ela diz que, mesmo longe, quer se manter atuante, porque a luta das comunidades tradicionais precisa ser reconhecida.
"Hoje, se eu não lutar por esse território, se eu não lutar pelo babaçu, vou deixar de lutar pela minha história, por uma luta que foi da minha mãe, para que hoje eu estivesse aqui estudando. Não posso deixar isso morrer."
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/08/jovens-de-comunidades-tradicionais-da-amazonia-criam-planos-de-adaptacao-climatica.shtml
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