De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Quilombolas entre SP e Paraná sofrem com ponte velha para escoar alimentos

31/08/2025

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/



Quilombolas entre SP e Paraná sofrem com ponte velha para escoar alimentos
Promotoria cobra construção de estradas; governo paranaense diz que prefeituras precisam fazer projeto das vias, mas elas dizem não ter verba

31/08/2025

Adriana Amâncio

Ao longo do rio Pardo, na divisa de São Paulo com o Paraná, quatro comunidades quilombolas há duas décadas produzem alimento sustentável, sem o uso de agrotóxicos, fogo ou desmatamento.

Ao todo, são cerca de 640 pessoas, que colhem a cada temporada toneladas de banana, pupunha, abóbora, laranja e feijão. Muitos desses alimentos, no entanto, apodrecem por dificuldade de escoamento.

Os quilombos Areia Branca, Estreitinho, Córrego do Franco e Três Canais, em ficam nos municípios de Bocaiúva do Sul e Adrianópolis, ambos no Paraná. Mas a principal cidade da região é Barra do Turvo, do lado paulista. É nela que as famílias conseguem vender a produção, comprar alimentos e acessar os serviços básicos. Para cruzar de uma margem a outra, contam apenas com uma ponte feita de tábuas, cordas, cabos de aço e telas metálicas. Ela é antiga, de balanço intenso -o que cria uma série de dificuldades para as comunidades.

A passarela de tábuas foi construída, em 1994, pelo então prefeito de Barra do Turvo, Fausto Conter (1993-97), conhecido como Bingo. Desde então, os próprios moradores realizam a manutenção.

"Eu vi a dificuldade do povo e construí. Ela tem 75 metros e é bastante resistente, tanto é que está aí há mais de 30 anos", disse.

É uma situação absurda que essas pessoas se encontrem isoladas dessa maneira", diz o promotor Olympio de Sá, do Paraná. Segundo ele, em reunião com representantes das prefeituras e do governo paranaense, no dia 5, o estado se comprometeu a construir duas estradas.

Procurado, o Secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex Cruz, disse que as obras pleiteadas pertencem ao município, e não ao estado, e que são as prefeituras que precisam elaborar o projeto.

"Se os municípios não têm arrecadação suficiente para realizar a obra, cabe fixar um convênio, com repasses de recursos do estado, mas, já que são estradas e pontes municipais, o município precisa fazer o projeto", afirmou. Esse tipo de obra, diz ainda, precisa de licenciamento ambiental e de estudo de impacto.

Em Areia Branca, de 28 hectares, vivem cerca de 25 famílias, que cultivam banana, pupunha, laranja, limão e abacate. O agricultor Valdecir Batista calcula que, "entre dezembro e maio, a gente colheu 2.000 caixas de bananas, e perdeu umas 500."

Os produtos são comercializados para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para um atravessador, que compra por encomenda. "A gente faz entrega para o PAA nas segundas e quintas. Entregamos 300 caixas, mas só podemos levar duas por vez, porque a ponte não suporta peso. A gente dá 150 viagens".

A comunidade produz balas e chips de banana e mandioca, com agroindústria do Projeto Raízes Risotolândia, em parceria com o Sebrae Paraná.

Suellen Batista, 39, mora em Colombo, na Grande Curitiba e, há seis anos, está paraplégica, após cair da cabeceira da passarela. "Estava escuro, e aquela ponte, desde sempre, é só a decadência, escorreguei e caí. Só depois de muita fisioterapia, consegui usar andador", relata.

No Estreitinho, boa parte dos produtores substituiu as frutas por gado, porque a colheita estraga rápido sem ter como ser transportada. "A comunidade mais sofrida é Estreitinho, porque só tem um bote e quando [o rio] enche, não tem como passar", diz o presidente da Associação Quilombola, Oraci Bandeira.

A renda das cerca de 22 famílias, que cultivam banana, pupunha, gengibre, cebolinha, repolho e inhame vem da agricultura ou da aposentadoria. Elas usam o bote inflável para levar as crianças à escola, ao posto médico, para tudo. Para auxiliar no transporte dos alimentos, usam uma tirolesa.

No Córrego do Franco, a limitação é a mesma. "Quando chega a temporada de frutas, aqui, dá um monte de alimento, mas a gente perde tudo", diz a agricultora Arlete Morato, 59. As 70 famílias plantam pupunha, gengibre, banana, laranja, abacate, jaca.

O prefeito de Adrianópolis, Vandir Veterinário (PSD), afirmou que "até para realizar o projeto, o município precisa de apoio e de recursos do governo do estado. "Tirar R$ 5.000 do município, hoje, faz falta", afirmou.

Como medida emergencial, ele disse que "a Defesa Civil protocolou um ofício solicitando uma travessia emergencial, uma ponte pré- moldada, através do Exército, para resolver temporariamente o problema."

Procurado, o secretário de Obras e Viação de Bocaiúva do Sul, Claudinei Rodrigues, não respondeu sobre a estrada. Anteriormente, disse que o município não teria condições financeiras de arcar com a obra de uma ponte definitiva.

O prefeito de Barra do Turvo, Victor Maruyama (Podemos), disse que está nos planos da prefeitura construir a ponte de alvenaria. "Até por empatia, já que eles usam o nosso sistema de saúde, educação, pretendemos construir essa ponte nos próximos meses", afirmou. Ele não informou o prazo para que a obra seja concluida.

Como alternativa à ponte, alguns quilombolas só possuem um bote para fazer a travessia dos moradores e uma tirolesa para transportar os produtos a serem comercializados.

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2025/08/quilombolas-entre-sp-e-parana-sofrem-com-ponte-velha-para-escoar-alimentos.shtml
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.