De Pueblos Indígenas en Brasil
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Noticias
Semana do clima em Pernambuco percorre semiárido e mostra relevância da Caatinga
06/10/2025
Autor: Afonso Bezerra
Fonte: Brasil de Fato - https://www.brasildefato.com.br/2025/10/06/semana-do-clima-em-pernambuco-percorre-s
Semana do clima em Pernambuco percorre semiárido e mostra relevância da Caatinga
Evento percorreu 400 km pelo semiárido, reunindo povos tradicionais e pesquisadores
06.out.2025 às 12h46
Buíque (PE)
Afonso Bezerra
Com a presença de 12 representações de povos indígenas do semiárido pernambucano, o Caatinga Climate Week encerrou a programação no último sábado (4), com uma plenária no Parque Nacional do Catimbau, em Buíque, no Sertão. O espaço, um dos sítios arqueológicos mais importantes do Brasil, se transformou num verdadeiro palco de discussões sobre a Caatinga.
Indígenas, quilombolas, agricultores familiares e demais moradores da região fizeram uma ampla apresentação para pesquisadores, ativistas e comunicadores sobre a realidade da região. Eles descreveram as principais ameaças ao bioma, como o avanço do agronegócio, dos grandes empreendimentos de energia renovável e a mineração, e também as tecnologias ancestrais que asseguram a permanência e a convivência dessa população no semiárido.
Ao longo de quatro dias, os participantes percorreram cerca de 400 quilômetros para conhecer experiências de convivência com o semiárido. Sob o lema "colocar a Caatinga no centro do debate climático", o evento buscou valorizar as iniciativas de conservação e resistência do bioma. "Quando a gente trouxe todos esses veículos de comunicação e os pesquisadores, foi para dizer isso: 'olhem para cá, mas não como vocês sempre olharam. Olhem pra cá com um olhar de que aqui há soluções, há oportunidades e que as pessoas que estão aqui são felizes e querem incidir nessa agenda'", afirmou Carlos Magno, da coordenação do Centro Sabiá, uma das entidades organizadoras.
Inspirado em encontros internacionais como o Climate Week de Nova Iorque, o evento propôs inserir a Caatinga no debate global sobre a crise climática. "A intenção é justamente dar visibilidade tanto ao bioma, por toda sua invisibilidade e por sua importância, por ser um bioma exclusivamente brasileiro, mas também por ser um dos mais vulneráveis às mudanças climáticas, com suas áreas de desertificação. Ao mesmo tempo, é um bioma que tem um potencial enorme de experiências que podem ensinar o Brasil e o mundo a como se adaptar nesse contexto", explicou Lilliana Pires, da iniciativa clima do Instituto Socioambiental (ISA).
Uma imersão no Semiárido
Durante o percurso, as delegações conheceram experiências inspiradoras. Em Garanhuns, mulheres do Quilombo Estivas mostraram como têm liderado a luta por justiça climática por meio do plantio de hortaliças e da construção de quintais produtivos, preservando o solo e a qualidade dos alimentos. Em Caetés, agricultores resistem ao avanço dos parques eólicos com o projeto Escola dos Ventos. Já em Jucati, a Rede de Sementes Crioulas do Agreste Meridional promove o cuidado e a troca de sementes tradicionais, e, em Caruaru, agricultoras do Sítio Carneirinho reinventaram suas vidas com o apoio de políticas públicas após anos de trabalho na indústria têxtil. Em Pesqueira, o grupo foi conhecer a pedagogia do povo Xukuru, que promove a chamada cultura do encantamento e, com isso, consegue regenerar a floresta.
Na plenária final, a liderança indígena Alessandra Munduruku, que participou pela primeira vez de um evento no semiárido, fez um paralelo entre os desafios enfrentados pelos povos da floresta e os da Caatinga. "Eu fiquei muito encantada com as histórias deles - as histórias das árvores, quando elas dormem, quando vão dormir, o momento em que começam a surgir novamente. Fiquei encantada porque, apesar de a árvore ficar seis meses adormecida, depois de seis meses ela revive. É igual à nossa Amazônia, ao nosso rio Tapajós. O rio sobe seis meses para alimentar os peixes, para a desova, e depois seca por seis meses", disse.
Alessandra também destacou a importância da COP30 ouvir as lideranças locais: "As mudanças climáticas estão aí para todos. Não é só para a Amazônia ou para o Cerrado, é para o mundo inteiro, porque aqui é o planeta Terra. A COP30 vai ser na nossa casa, no nosso quintal. Então, o que vamos dizer sobre a situação do Brasil, e também do mundo? Será que realmente estão preocupados com as mudanças climáticas, ou virou um lobby para dizer que é tudo sustentável, quando na realidade não é?", provocou.
Entre as participantes, Jaqueline Kambiwá, indígena do povo Kambiwá e integrante do programa Kuntari Kantu do Ministério dos Povos Indígenas, destacou que o evento ajuda a preparar o bioma para ter voz nas negociações climáticas. "Nós, enquanto bioma Caatinga, sofremos com o desmatamento, com a crise hídrica que vem afetando a nossa região. Então, precisamos estar nesses espaços para falar de todas as possibilidades que podemos trazer enquanto povos indígenas. Nós costumamos dizer que somos os guardiões do planeta, pela cura da terra. Sem povos indígenas, não tem território em pé", afirmou.
Apoio do presidente Lula
O presidente Lula da Silva enviou um vídeo para os participantes do evento, no qual reconhece a relevância da Caatinga sobre os debates a respeito das mudanças climáticas. No vídeo, o presidente afirma que a Caatinga "é coisa nossa" e "berço de uma biodiversidade única". Ele destacou que o bioma está "longe de ser um território de escassez" e que comprova, cada vez mais, ser "um laboratório de resistência". Por fim, Lula convocou todos os participantes para estarem em Belém, na COP30, colocando os desafios e soluções construídos no semiárido brasileiro. "Levar a Caatinga e suas soluções para o centro das discussões da COP é valorizar saberes dos nossos povos, é valorizar o Brasil".
https://www.brasildefato.com.br/2025/10/06/semana-do-clima-em-pernambuco-percorre-semiarido-e-mostra-relevancia-da-caatinga/
Evento percorreu 400 km pelo semiárido, reunindo povos tradicionais e pesquisadores
06.out.2025 às 12h46
Buíque (PE)
Afonso Bezerra
Com a presença de 12 representações de povos indígenas do semiárido pernambucano, o Caatinga Climate Week encerrou a programação no último sábado (4), com uma plenária no Parque Nacional do Catimbau, em Buíque, no Sertão. O espaço, um dos sítios arqueológicos mais importantes do Brasil, se transformou num verdadeiro palco de discussões sobre a Caatinga.
Indígenas, quilombolas, agricultores familiares e demais moradores da região fizeram uma ampla apresentação para pesquisadores, ativistas e comunicadores sobre a realidade da região. Eles descreveram as principais ameaças ao bioma, como o avanço do agronegócio, dos grandes empreendimentos de energia renovável e a mineração, e também as tecnologias ancestrais que asseguram a permanência e a convivência dessa população no semiárido.
Ao longo de quatro dias, os participantes percorreram cerca de 400 quilômetros para conhecer experiências de convivência com o semiárido. Sob o lema "colocar a Caatinga no centro do debate climático", o evento buscou valorizar as iniciativas de conservação e resistência do bioma. "Quando a gente trouxe todos esses veículos de comunicação e os pesquisadores, foi para dizer isso: 'olhem para cá, mas não como vocês sempre olharam. Olhem pra cá com um olhar de que aqui há soluções, há oportunidades e que as pessoas que estão aqui são felizes e querem incidir nessa agenda'", afirmou Carlos Magno, da coordenação do Centro Sabiá, uma das entidades organizadoras.
Inspirado em encontros internacionais como o Climate Week de Nova Iorque, o evento propôs inserir a Caatinga no debate global sobre a crise climática. "A intenção é justamente dar visibilidade tanto ao bioma, por toda sua invisibilidade e por sua importância, por ser um bioma exclusivamente brasileiro, mas também por ser um dos mais vulneráveis às mudanças climáticas, com suas áreas de desertificação. Ao mesmo tempo, é um bioma que tem um potencial enorme de experiências que podem ensinar o Brasil e o mundo a como se adaptar nesse contexto", explicou Lilliana Pires, da iniciativa clima do Instituto Socioambiental (ISA).
Uma imersão no Semiárido
Durante o percurso, as delegações conheceram experiências inspiradoras. Em Garanhuns, mulheres do Quilombo Estivas mostraram como têm liderado a luta por justiça climática por meio do plantio de hortaliças e da construção de quintais produtivos, preservando o solo e a qualidade dos alimentos. Em Caetés, agricultores resistem ao avanço dos parques eólicos com o projeto Escola dos Ventos. Já em Jucati, a Rede de Sementes Crioulas do Agreste Meridional promove o cuidado e a troca de sementes tradicionais, e, em Caruaru, agricultoras do Sítio Carneirinho reinventaram suas vidas com o apoio de políticas públicas após anos de trabalho na indústria têxtil. Em Pesqueira, o grupo foi conhecer a pedagogia do povo Xukuru, que promove a chamada cultura do encantamento e, com isso, consegue regenerar a floresta.
Na plenária final, a liderança indígena Alessandra Munduruku, que participou pela primeira vez de um evento no semiárido, fez um paralelo entre os desafios enfrentados pelos povos da floresta e os da Caatinga. "Eu fiquei muito encantada com as histórias deles - as histórias das árvores, quando elas dormem, quando vão dormir, o momento em que começam a surgir novamente. Fiquei encantada porque, apesar de a árvore ficar seis meses adormecida, depois de seis meses ela revive. É igual à nossa Amazônia, ao nosso rio Tapajós. O rio sobe seis meses para alimentar os peixes, para a desova, e depois seca por seis meses", disse.
Alessandra também destacou a importância da COP30 ouvir as lideranças locais: "As mudanças climáticas estão aí para todos. Não é só para a Amazônia ou para o Cerrado, é para o mundo inteiro, porque aqui é o planeta Terra. A COP30 vai ser na nossa casa, no nosso quintal. Então, o que vamos dizer sobre a situação do Brasil, e também do mundo? Será que realmente estão preocupados com as mudanças climáticas, ou virou um lobby para dizer que é tudo sustentável, quando na realidade não é?", provocou.
Entre as participantes, Jaqueline Kambiwá, indígena do povo Kambiwá e integrante do programa Kuntari Kantu do Ministério dos Povos Indígenas, destacou que o evento ajuda a preparar o bioma para ter voz nas negociações climáticas. "Nós, enquanto bioma Caatinga, sofremos com o desmatamento, com a crise hídrica que vem afetando a nossa região. Então, precisamos estar nesses espaços para falar de todas as possibilidades que podemos trazer enquanto povos indígenas. Nós costumamos dizer que somos os guardiões do planeta, pela cura da terra. Sem povos indígenas, não tem território em pé", afirmou.
Apoio do presidente Lula
O presidente Lula da Silva enviou um vídeo para os participantes do evento, no qual reconhece a relevância da Caatinga sobre os debates a respeito das mudanças climáticas. No vídeo, o presidente afirma que a Caatinga "é coisa nossa" e "berço de uma biodiversidade única". Ele destacou que o bioma está "longe de ser um território de escassez" e que comprova, cada vez mais, ser "um laboratório de resistência". Por fim, Lula convocou todos os participantes para estarem em Belém, na COP30, colocando os desafios e soluções construídos no semiárido brasileiro. "Levar a Caatinga e suas soluções para o centro das discussões da COP é valorizar saberes dos nossos povos, é valorizar o Brasil".
https://www.brasildefato.com.br/2025/10/06/semana-do-clima-em-pernambuco-percorre-semiarido-e-mostra-relevancia-da-caatinga/
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