De Pueblos Indígenas en Brasil
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Noticias
Ibama nega pedido de retenção de água em Belo Monte por risco ambiental ao Xingu
06/11/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/11/ibama-nega-pedido-de-retencao-de-agua-em-belo-m
Ibama nega pedido de retenção de água em Belo Monte por risco ambiental ao Xingu
Órgão rejeita proposta da concessionária Norte Energia para diminuir vazão em trecho do rio
Empresa diz que diminuição foi recomendada por Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
6.nov.2025
André Borges
Brasília
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) decidiu rejeitar o pedido da Norte Energia para reduzir o volume de água que a barragem da hidrelétrica Belo Monte libera para o trecho do seu reservatório intermediário no rio Xingu, no Pará.
A empresa queria repetir a diminuição da vazão que fez em 2024, durante o período de seca, quando passou a liberar apenas 100 m³ (metros cúbicos por segundo) de água.
Essa manobra é feita para guardar mais água no reservatório da usina e garantir mais produção de energia. O Ibama rejeitou o pedido e concluiu, em parecer técnico de outubro, obtido pela reportagem, que não existem condições técnicas e ambientais para autorizar a redução neste momento.
Para o Ibama, a falta de estudos sobre a redução e o risco de agravamento dos impactos ambientais identificados no ano passado tornam a solicitação inviável. Por isso, o Ibama decidiu recomendar a manutenção da vazão atual de 300 m³ por segundo.
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Uma newsletter com o que você precisa saber sobre a conferência da ONU em Belém
"Conclui-se que não há respaldo técnico para autorizar a redução da vazão mínima ao reservatório intermediário para 100 m³/s em 2025", afirma o relatório. "A solicitação da empresa para 2025 não acompanha avaliações ou simulações do comportamento dos níveis dos reservatórios."
Em 2024, a diminuição da água liberada foi permitida apenas de forma excepcional e temporária, entre 21 de setembro e 30 de novembro, como uma medida emergencial diante das baixas vazões naturais do rio. A promessa da empresa era de que esse ajuste facilitaria o funcionamento do sistema de transposição de peixes da usina, uma espécie de "escada" para que os peixes consigam migrar para a parte de cima da barragem.
A autorização estava condicionada a uma série de monitoramentos ambientais e à apresentação de relatórios completos sobre os efeitos dessa redução. Segundo o Ibama, essas exigências não foram totalmente cumpridas pela concessionária Norte Energia, o que comprometeu a avaliação dos efeitos sobre o rio e sobre as comunidades ribeirinhas.
O parecer técnico do órgão também registrou problemas com a queda do nível de oxigênio na água, chegando a valores considerados críticos para a vida aquática. Aproximadamente metade das medições ficaram abaixo do limite mínimo recomendado, mostrando uma situação de estresse ambiental, com risco para peixes e outras espécies.
Questionada sobre a decisão, a Norte Energia declarou à Folha que propôs a alteração da vazão de seu reservatório intermediário "visando a melhoria das condições de atendimento eletroenergético da usina hidrelétrica Belo Monte para o Sistema Interligado Nacional, tendo sido a mudança recomendada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico e atendidas as condições necessárias".
O MME (Ministério de Minas e Energia) confirmou a informação e declarou que a redução da vazão de água liberada para o trecho "é considerada uma ação importante para o atendimento do SIN, tendo, inclusive, sido deliberada no âmbito do Comitê".
A Norte Energia trava um embate direto com o Ibama sobre a definição de qual será, afinal, a vazão de água no rio Xingu, seis anos após a usina entrar em operação plena.
A Volta Grande, conforme já constatado pelo Ibama e denunciado pelo Ministério Público Federal, passou a sofrer com graves problemas socioambientais após o controle de vazão imposto pela hidrelétrica, que prioriza seu reservatório para a geração de energia.
Neste mês, acaba o período de teste de seis anos que deve determinar qual o regime das águas mais indicado para a região, no chamado trecho e vazão reduzida, um desvio de mais de 100 km do rio, numa área onde vivem 42 comunidades, entre ribeirinhos e indígenas, com pelo menos 3.000 pessoas.
Um estudo que acaba de ser concluído por cientistas sobre a hidrelétrica de Belo Monte, erguida no rio Xingu, no Pará, aponta risco de um colapso ambiental no entorno da usina, devido à escassez de água no trecho de vazão reduzida do rio -a Volta Grande do Xingu- um cenário que pode se tornar irreversível, se nada for feito.
O relatório, que também tem a colaboração de pesquisadores indígenas e ribeirinhos que vivem no entorno da usina, traz registros de mortandade de peixes feitos neste mês, em pontos localizados no trecho passou a ter menor vazão de água. A Folha teve acesso ao documento e a imagens captadas pelos pesquisadores e moradores locais onde se vê muitos peixes mortos.
Belo Monte é a maior hidrelétrica 100% brasileira e a quinta maior do mundo. Sua capacidade instalada é de 11.233 megawatts, equivalente a 5,3% da potência instalada total da matriz elétrica do Brasil, com seus 209.905 megawatts.
Antes da barragem, a enchente natural do Xingu começava em novembro e o nível máximo permanecia elevado até março ou abril. Hoje, segundo o estudo realizado pelo Monitoramento Ambiental Territorial Independente da Volta Grande do Xingu (Mati-VGX), grupo que foi formado desde 2013, a cheia chega com atraso médio de quase um mês, dura poucos dias e não alcança mais as áreas que deveriam ser inundadas. A situação, dizem, é agravada pelo desvio de até 88% de toda a água do rio para gerar energia, como já registrado em períodos recentes.
Esse desajuste hidrológico provocou o colapso da pesca, com queda abrupta no rendimento de pescadores indígenas e ribeirinhos. Com menos peixe disponível, aumentou o consumo de produtos industrializados vindos da cidade. A insegurança alimentar é hoje uma das maiores consequências sociais da obra.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/11/ibama-nega-pedido-de-retencao-de-agua-em-belo-monte-por-risco-ambiental-ao-xingu.shtml
Órgão rejeita proposta da concessionária Norte Energia para diminuir vazão em trecho do rio
Empresa diz que diminuição foi recomendada por Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
6.nov.2025
André Borges
Brasília
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) decidiu rejeitar o pedido da Norte Energia para reduzir o volume de água que a barragem da hidrelétrica Belo Monte libera para o trecho do seu reservatório intermediário no rio Xingu, no Pará.
A empresa queria repetir a diminuição da vazão que fez em 2024, durante o período de seca, quando passou a liberar apenas 100 m³ (metros cúbicos por segundo) de água.
Essa manobra é feita para guardar mais água no reservatório da usina e garantir mais produção de energia. O Ibama rejeitou o pedido e concluiu, em parecer técnico de outubro, obtido pela reportagem, que não existem condições técnicas e ambientais para autorizar a redução neste momento.
Para o Ibama, a falta de estudos sobre a redução e o risco de agravamento dos impactos ambientais identificados no ano passado tornam a solicitação inviável. Por isso, o Ibama decidiu recomendar a manutenção da vazão atual de 300 m³ por segundo.
COP30
Uma newsletter com o que você precisa saber sobre a conferência da ONU em Belém
"Conclui-se que não há respaldo técnico para autorizar a redução da vazão mínima ao reservatório intermediário para 100 m³/s em 2025", afirma o relatório. "A solicitação da empresa para 2025 não acompanha avaliações ou simulações do comportamento dos níveis dos reservatórios."
Em 2024, a diminuição da água liberada foi permitida apenas de forma excepcional e temporária, entre 21 de setembro e 30 de novembro, como uma medida emergencial diante das baixas vazões naturais do rio. A promessa da empresa era de que esse ajuste facilitaria o funcionamento do sistema de transposição de peixes da usina, uma espécie de "escada" para que os peixes consigam migrar para a parte de cima da barragem.
A autorização estava condicionada a uma série de monitoramentos ambientais e à apresentação de relatórios completos sobre os efeitos dessa redução. Segundo o Ibama, essas exigências não foram totalmente cumpridas pela concessionária Norte Energia, o que comprometeu a avaliação dos efeitos sobre o rio e sobre as comunidades ribeirinhas.
O parecer técnico do órgão também registrou problemas com a queda do nível de oxigênio na água, chegando a valores considerados críticos para a vida aquática. Aproximadamente metade das medições ficaram abaixo do limite mínimo recomendado, mostrando uma situação de estresse ambiental, com risco para peixes e outras espécies.
Questionada sobre a decisão, a Norte Energia declarou à Folha que propôs a alteração da vazão de seu reservatório intermediário "visando a melhoria das condições de atendimento eletroenergético da usina hidrelétrica Belo Monte para o Sistema Interligado Nacional, tendo sido a mudança recomendada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico e atendidas as condições necessárias".
O MME (Ministério de Minas e Energia) confirmou a informação e declarou que a redução da vazão de água liberada para o trecho "é considerada uma ação importante para o atendimento do SIN, tendo, inclusive, sido deliberada no âmbito do Comitê".
A Norte Energia trava um embate direto com o Ibama sobre a definição de qual será, afinal, a vazão de água no rio Xingu, seis anos após a usina entrar em operação plena.
A Volta Grande, conforme já constatado pelo Ibama e denunciado pelo Ministério Público Federal, passou a sofrer com graves problemas socioambientais após o controle de vazão imposto pela hidrelétrica, que prioriza seu reservatório para a geração de energia.
Neste mês, acaba o período de teste de seis anos que deve determinar qual o regime das águas mais indicado para a região, no chamado trecho e vazão reduzida, um desvio de mais de 100 km do rio, numa área onde vivem 42 comunidades, entre ribeirinhos e indígenas, com pelo menos 3.000 pessoas.
Um estudo que acaba de ser concluído por cientistas sobre a hidrelétrica de Belo Monte, erguida no rio Xingu, no Pará, aponta risco de um colapso ambiental no entorno da usina, devido à escassez de água no trecho de vazão reduzida do rio -a Volta Grande do Xingu- um cenário que pode se tornar irreversível, se nada for feito.
O relatório, que também tem a colaboração de pesquisadores indígenas e ribeirinhos que vivem no entorno da usina, traz registros de mortandade de peixes feitos neste mês, em pontos localizados no trecho passou a ter menor vazão de água. A Folha teve acesso ao documento e a imagens captadas pelos pesquisadores e moradores locais onde se vê muitos peixes mortos.
Belo Monte é a maior hidrelétrica 100% brasileira e a quinta maior do mundo. Sua capacidade instalada é de 11.233 megawatts, equivalente a 5,3% da potência instalada total da matriz elétrica do Brasil, com seus 209.905 megawatts.
Antes da barragem, a enchente natural do Xingu começava em novembro e o nível máximo permanecia elevado até março ou abril. Hoje, segundo o estudo realizado pelo Monitoramento Ambiental Territorial Independente da Volta Grande do Xingu (Mati-VGX), grupo que foi formado desde 2013, a cheia chega com atraso médio de quase um mês, dura poucos dias e não alcança mais as áreas que deveriam ser inundadas. A situação, dizem, é agravada pelo desvio de até 88% de toda a água do rio para gerar energia, como já registrado em períodos recentes.
Esse desajuste hidrológico provocou o colapso da pesca, com queda abrupta no rendimento de pescadores indígenas e ribeirinhos. Com menos peixe disponível, aumentou o consumo de produtos industrializados vindos da cidade. A insegurança alimentar é hoje uma das maiores consequências sociais da obra.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/11/ibama-nega-pedido-de-retencao-de-agua-em-belo-monte-por-risco-ambiental-ao-xingu.shtml
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