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Lula defende uso dos lucros da indústria do Petróleo para financiar transição energética

07/11/2025

Autor: Afonso Bezerra

Fonte: Brasil de Fato - https://www.brasildefato.com.br/2025/11/07/lula-defende-uso-dos-lucros-da-industria



Lula defende uso dos lucros da indústria do Petróleo para financiar transição energética
Presidente afirma que é válido usar lucros da indústria do petróleo para financiar iniciativas de mitigação climática

Afonso Bezerra
Belém (PA)
07.nov.2025 às 14h43

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (7), que é um caminho válido usar os lucros da indústria do petróleo para financiar as iniciativas de transição energética. Ele afirmou que o Brasil criará um fundo dessa natureza para combater as mudanças climáticas. A fala aconteceu durante sessão temática, na Cúpula de Líderes, em Belém. O evento antecede a programação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

"Há espaço para explorar mecanismos inovadores de troca de dívida por financiamento da iniciativa de mitigação climática e transição energética. Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento. O Brasil estabelecerá um fundo dessa natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover justiça climática", afirmou o presidente.

Lula criticou o fato de grande parte dos bancos financiarem empresas do setor de Petróleo e Gás, fortalecendo o segmento dos combustíveis fósseis e deixando de investir em setores que operam a transição.

"Os incentivos financeiros muitas vezes vão no sentido contrário ao da sustentabilidade. No ano passado, os 65 maiores bancos do mundo se comprometeram a conceder US$ 869 bilhões para o setor de petróleo e gás", afirmou o presidente.

O líder brasileiro denunciou o impacto da pobreza energética, destacando a carência que grande parte da população tem para acessar serviços básicos, e atribuiu às dívidas das nações do Sul Global a culpa pelo atraso no processo de transição energética.

"Sem energia também não há conexão digital, hospitais funcionando ou agricultura moderna. Sem equacionar a injustiça de dívidas externas impagáveis e sem abandonar condicionalidades que discriminam os países em desenvolvimento, andaremos em círculos."

Como solução, Lula apontou que os países precisam cumprir os Acordos de Dubai, aderir aos Compromissos de Belém e colocar o combate à pobreza energética como prioridade.

"Os cientistas já cumpriram seu papel. Nesta COP, os negociadores devem buscar entendimento e nós, os líderes, devemos decidir se o século 20 será lembrado como o século da catástrofe climática ou como o momento da reconstrução inteligente."
Mapa de um - ainda - longo caminho

Entidades do meio ambiente discordaram de alguns trechos do discurso do presidente. O Instituto Talanoa afirmou, por nota, que "o discurso do presidente na sessão temática sobre transição energética deu ênfase a acelerar o uso de combustíveis sustentáveis em vez de buscar um compromisso com um prazo para o mundo parar de queimar combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás)".

O Talanoa também criticou a proposta de um fundo com recursos da indústria do Petróleo para financiar a transição energética. "Lula defendeu o uso do dinheiro do petróleo para financiar a transição energética, omitindo o fato que o petróleo representa a maior fonte de emissão de gases de efeito estufa no planeta e que a continuidade da queima agrava as condições climáticas."

Especialistas apontam que o governo poderia recorrer a outros mecanismos de financiamento. "A gente entende que há outras maneiras de financiar e promover essa mudança - como a Reforma Tributária, a busca de doações internacionais e instrumentos como o próprio Tropical Forests Forever Fund (TFFF), que propõe investimentos vindos do mercado.", explica Ciro Brito, do Instituto Socioambiental (ISA).

Apesar de apontar outros caminhos, Brito explica de que há uma leitura de que é possível alterar as características da indústria do petróleo por dentro das suas principais estruturas.

"Como aponta a ministra Marina Silva, o caminho deve ser pela diminuição e eliminação da dependência dos combustíveis fósseis, olhando de forma crítica para toda a cadeia energética. A partir de dentro do organismo, o governo defende que é possível transformar empresas de petróleo em empresas de energia, mudando o sistema a partir de dentro. Há quem confie que essa estratégia é possível e há quem desconfie", concluiu.

Segundo a professora do programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Fabrina Furtado, o Brasil tem um grave problema de acesso à energia e que se traduz por práticas de exclusão promovidas por empresas de energia renovável.

"Mais do que um problema de pobreza energética, trata-se de exclusão e desigualdade. É o paradoxo de ver megas usinas e torres de transmissão erguidas ao lado de comunidades que continuam sem acesso à eletricidade. Essa desigualdade é estrutural, fundamentada no racismo e revela um modelo radicalmente excludente."

A cobrança do presidente Lula da Silva parte da emergência do contexto atual. No caso brasileiro, há um alerta aceso. Apesar das reduções das emissões de gases do efeito estufa, por causa sobretudo da redução do desmatamento, o país ainda tem um indíce elevado de emissões.

As emissões brasileiras caíram 16,7% em 2024, considerada a segunda maior redução registrada desde 1990. O país lançou no ano passado 2,1 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente, contra 2,5 bilhões em 2023. Os dados são do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, o SEEG, do Observatório do Clima. O país registrou um leve crescimento nas emissões provocadas por outros setores, como resíduos, indústria e energia.

"O mundo precisa de um mapa do caminho claro para acabar com essa dependência dos combustíveis fósseis. É tempo de diversificar nossas matrizes energéticas, ampliar as fontes renováveis e acelerar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis. Isso requer alguns compromissos centrais.", afirmou o presidente.


https://www.brasildefato.com.br/2025/11/07/lula-defende-uso-dos-lucros-da-industria-do-petroleo-para-financiar-transicao-energetica/
 

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