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Pataxós ocupam mais duas fazendas no sul

01/08/2001

Fonte: Correio da Bahia

Os índios da tribo Pataxó Hã-hã-hãe estão dando continuidade ao processo de retomadas de terras no sul do estado, consideradas território indígena. No último fim de semana, eles ocuparam mais duas fazendas localizadas no território tradicional de 54,1 mil hectares, na região de Monte Pascoal. Com a morosidade do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da Ação de Nulidade de Títulos Imobiliários, que já dura 19 anos, os índios decidiram retomar as terras ocupadas por fazendeiros paulatinamente e sem confronto. As fazendas ocupadas no fim de semana são de propriedade de Antônio Rodrigues Ferreira e Edílson Borges. A primeira possui 88 hectares e a segunda, 55 hectares de terras. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), de Itabuna, essas duas áreas não fazem parte das fazendas vistoriadas pela equipe técnica da Funai, como aconteceu com as outras retomadas anteriormente pelos pataxós. As duas fazendas, ainda de acordo com o Cimi, encontravam-se completamente abandonadas. Na propriedade Nova Canaã, de Antônio Rodrigues, não havia sequer trabalhadores. No local, encontrava-se apenas um lavrador. A retomada da área ocorreu no dia 25 de julho, por volta de 17h, quando cerca de seis famílias pataxós hã-hã-hães ocuparam a fazenda. Já na fazenda de Edilson Borges, apenas dois trabalhadores encontravam-se no momento da retomada por oito famílias indígenas, no dia 27 de julho. A fazenda Nova Canaã, localizada na região de Água Vermelha, no município de Pau Brasil, era utilizada na criação de gado e culturas de cacau, com uma incidência muito grande da vassoura-de-bruxa, praga que destrói a plantação. A fazenda de Edilson Borges, na localidade conhecida como Ourinho, também era utilizada na pecuária e plantio de cacau, porém, estava abandonada. As duas fazendas agora estão ocupadas por cerca de 70 índios. Segundo uma das lideranças pataxó, Nailton Muniz, as retomadas são uma forma de pressionar a Funai a continuar com o processo de vistorias no restante das fazendas existentes em território indígena, bem como agilizar os pagamentos das fazendas já vistoriadas. "Enquanto pudermos, vamos retomar nosso território, pois muitos já derramam sangue por ele", disse o cacique da tribo Pataxó, Gérson Melo.

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