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Caiouás despejados de reserva

16/12/2005

Fonte: CB, Brasil, p.11



Caiouás despejados de reserva

Por determinação do STF, agentes federais retiram 700 índios de suas terras no MS. Não houve resistência
A chuva que ameaça cair nas terras Nhande Ru Marangatu, a cerca de 340km de Campo Grande (MS), piora ainda mais a situação dos índios que estão à beira da estrada após a reintegração de posse executada pela Polícia Federal. A Funai tenta alugar uma fazenda para abrigar os mais de 700 índios, mas ainda não conseguiu resolver a situação. Durante a operação, a Polícia Federal deteve dois jornalistas de uma emissora estatal da Holanda, que estavam produzindo um documentário sobre os índios guarani-caiouás de Mato Grosso do Sul.
Em março deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva homologou a área como sendo pertencentes à reserva indígena, que tem mais de 9,3 mil hectares. A área está em disputa há 20 anos. Há cinco anos os índios ocuparam parte das fazendas, onde construíram barracos e fizeram as lavouras. A retirada dos índios ocorreu em cumprimento à liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve suspensa a demarcação da área. Em liminar, o presidente do STF, Nelson Jobim, negou o pedido da Funai de suspender a reintegração de posse concedida aos fazendeiros pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Até o julgamento do caso pelo plenário do STF, fica valendo a decisão de Jobim.
"Não temos mais lona, não temos mais nada. Vamos passar a noite na beira da estrada. A Funai não conseguiu nada. O que eles podem conseguir? O que a gente vai fazer, não sabemos. Já foi feito. Estamos sem casa", disse a professora guarani-caiouá Leia Aquino Prado, uma das principais lideranças da comunidade. "Agora a gente não tem mais nada e não tem como fazer mais nada".
A Operação Marangatu 3 da PF teve início às 5h da manhã. Oitenta policiais foram reunidos em Dourados (MS), para traçar estratégias e distribuição de escudos, coletes a prova de balas, armamentos e munições dissuasórias, antimotim e de efeito moral. As equipes se deslocaram para Ponta Porã e Antônio João, onde mais 70 policiais militares aumentaram o efetivo. Uma aeronave, viaturas da PF, um caminhão, dois ônibus e duas âmbulâncias do Corpo de Bombeiros foram usados na operação.
Segundo relatos do assessor da presidência da Funai, Odenir Oliveira, a desocupação das três fazendas que compunham as terras indígenas foi feita sem violência ou resistência dos índios. Depois a professora Leia Aquino denunciou a queima de casas pelos proprietários antes mesmo da ação de desocupação pela PF.
Jornalistas
O argumento da PF é de que os jornalistas Tetra Anganiete Spreiji e Jefrim Rothuizen foram detidos por estarem trabalhando sem a permissão do governo brasileiro, já que eles tinham apenas visto para turista. Os dois repórteres holandeses foram levados para a sede da PF em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. Eles foram liberados no início da tarde, depois de serem ouvidos e pagarem multa de R$ 414,00 cada.
A jornalista holandesa que trabalha com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Geerje Wanderpas, que acompanhou o caso dos colegas, disse que eles não fizeram nenhuma reclamação quanto à ação dos policiais. Segundo ela, a equipe da TV holandesa está no Brasil produzindo documentário sobre os índios brasileiros.
Wanderpas afirmou que Tetra e Jefrim disseram que ficaram impressionados com o aparato policial mobilizado para o despejo dos índios, que já estavam fora da área de litígio e apenas cantando e rezando. O que mais impressionou os jornalistas foi a pressão psicológica que os índios sofreram por parte dos policiais.

CB, 16/12/2005, Brasil, p. 11
 

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