De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Em busca de fortuna, garimpeiros põem a vida em risco

02/05/2004

Fonte: O Globo, O País, p. 18



Em busca de fortuna, garimpeiros põem a vida em risco
Aventureiros driblam Funai, PF, índios, cobras, onças e malária para entrar na reserva dos cintas-largas

Boa parte dos garimpeiros em Espigão do Oeste driblou a fiscalização da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Polícia Federal e pôs em risco a própria vida na tentativa de fazer fortuna com a extração ilegal de diamantes na reserva Roosevelt, dos índios cintas-largas. Além do perigo de atrair a fúria dos cintas-largas, os aventureiros se expõem freqüentemente ao risco de ataques de animais selvagens, picadas de cobras venenosas e até a possibilidade de afogamento nas fortes correntezas do Rio Roosevelt, que corta a reserva.

- Garimpeiro não pode ter medo de nada, senão nem sai da cidade. Só para chegar até a Grota do Sossego são três dias de caminhada na mata - diz Edson Calixto, um dos oito garimpeiros expulsos em 6 de abril, um dia antes de 29 colegas serem massacrados a tiros, flechadas e golpes de borduna pelos cintas-largas.

Calixto escapou com vida da ira dos índios e conta que a viagem de ida e de volta da reserva teve um sabor especial para um colega de quem só conhece o apelido: Neguinho.

Cobras, onças e malária não inibem garimpeiros

Mesmo sem saber nadar, o garimpeiro atravessou o Rio Roosevelt para chegar à Grota do Sossego. Obcecado com a idéia de ficar rico com algumas pedras de diamante, Neguinho enfrentou as correntezas do rio agarrado a um "bombom", trouxa de lona carregada com peneiras e 150 quilos de alimentos. Impermeável, a bolsa de lona, amarrada numa corda, flutua na água e funciona como uma bóia salva-vidas.

- Eu e os outros garimpeiros atravessamos o rio nadando. Mas o Neguinho não sabia nadar. Teve que ir agarrado no bombom. Se ele se desgarrasse, iria morrer afogado - conta Calixto.

Nem a presença de cobras e onças ou focos de doenças como malária inibem a ambição de quem sonha com o eldorado da mina de diamante da aldeia do cacique Pio Cinta-Larga. O gaúcho Carlos Silva, em algumas de suas caminhadas sigilosas até a aldeia, diz que dormiu em redes ou barracos, mesmo sabendo da presença de onças nas imediações. Para ele, as onças e os outros animais selvagens dessa faixa da Floresta Amazônica não estão interessados em carne humana.

- Já vi onça de perto. A onça não ataca o peão. Só ataca se tiver acuada ou com filhote - diz Silva.



Os garimpeiros não apresentam provas desses relatos, a não ser versões similares contadas por outros colegas. Mas o superintendente da PF em Rondônia, Marcos Aurélio Moura, não duvida da veracidade de muitas das histórias destiladas em bares e esquinas de Espigão para qualquer pessoa que dê atenção aos grupos de garimpeiros que vão se formando diariamente nas ruas da cidade.

- Os garimpeiros são, de modo geral, destemidos e imprevisíveis. São capazes de fazer qualquer coisa para entrar na reserva - diz Moura.

Viúva de garimpeiro não tem como sustentar família

Lucivalda dos Santos perdeu o marido Osvaldo Corvinho dos Santos e agora não sabe o que fazer com os quatro enteados com idades entre 9 e 14 anos.



Ela quer ficar com as crianças, mas não sabe como sustentar a família. Ela não trabalhava e agora não tem fonte de renda. Alheias às dificuldades, as crianças guardam recordações do pai brincalhão.



Douglas Ramos, que aos 25 anos de idade já comprou um sítio em Goiás com o dinheiro que ganhou em garimpos de ouro no Pará e em Mato Grosso, acha que a vida em Espigão está no limite:

- As pessoas estão sofrendo muito. Vida de garimpeiro não é fácil. Se eu puder entrar de novo lá na reserva e achar uma pedrinhas, vou embora daqui e não volto mais.

Maria de Lourdes perdeu um conjunto de máquinas usadas na extração do diamante quando Polícia Federal iniciou uma operação de desocupação de garimpos ilegais.

- A polícia apreendeu minhas máquinas e não me devolveu. Estou aqui sem saber o que fazer da vida.

O Globo, 02/05/2004, p. 18
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.