De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Índios iniciam desocupação de fazendas em MS

03/02/2004

Fonte: OESP, Nacional, p. A10



Índios iniciam desocupação de fazendas em MS
Pelo acordo, eles vão ficar em 3 das 14 áreas; em troca, Funai definirá reserva até o fim do mês

Roldão Arruda e João Naves de Oliveira
Especial para o Estado

Mais de 3 mil índios caiovás-guaranis começaram ontem a desocupar 11 das 14 fazendas que invadiram entre as cidades de Iguatemi e Japorã, no extremo sul de Mato Grosso do Sul, divisa com o Paraguai. A movimentação dos índios foi acompanhada por equipes das Polícias Civil, Militar e Federal, além de representantes do Ministério Público Federal e da Justiça Federal.

Segundo o administrador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Willian Rodrigues, as 11 áreas estarão totalmente liberadas a partir de hoje. Os índios deverão ficar concentrados em 3 das 14 fazendas que estavam sob seu controle desde dezembro.

A desocupação foi negociada no fim da semana passada entre 30 caciques caiovás e a Funai. Os índios receberam a garantia de que a sua reivindicação, de ampliação da Reserva Porto Lindo, será atendida. Eles querem que a área de 1.600 hectares seja ampliada para 9 mil hectares - o que significaria incorporar à reserva as propriedades que haviam invadido.
A Funai prometeu acelerar o trabalho de demarcação das terras - que ainda depende da conclusão de estudos antropológicos para demonstrar que os índios ocuparam aquelas áreas no passado.

Para o governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, com a desocupação das fazendas, o conflito entre fazendeiros e índios está praticamente resolvido. Não é essa, porém, a opinião dos representantes dos proprietários rurais, que reivindicam a desocupação de todas as áreas.

Respeito - Segundo o advogado Régis Tortorella, um dos representantes dos fazendeiros, "não é possível fazer acordo com quem transgride a lei". Ele argumenta que o processo administrativo de definição da área da reserva não pode ser confundido com a discussão de reintegração de posse. "Se amanhã a Funai definir, a partir de estudos antropológicos que ainda não foram concluídos, que a terra pertence aos índios, vamos discutir o assunto no campo administrativo. Agora, porém, trata-se de respeitar a lei, devolvendo a área aos seus proprietários legítimos."

Tortorella encaminhou ontem ao Tribunal Regional Federal da 3.ª Região, em São Paulo, uma petição para que não seja referendada a decisão da desembargadora Consuelo Yoshida - que determinou a desocupação negociada das fazendas invadidas em Mato Grosso do Sul.
O representante legal dos proprietários reivindica o respeito à primeira decisão sobre o caso, do juiz Odilon Oliveira, de Dourados, que concedeu liminar aos fazendeiros e determinou a reintegração de posse.

O pedido foi encaminhado à juíza substituta Ana Luiza Pesarini, que poderá referendar ou não a decisão da desembargadora.
Preparativos - Na região do conflitos, os fazendeiros continuam se preparando para retornar às suas propriedades nesta semana. Planejam chegar em grupo, desarmados, para a retomada de todas as áreas. A iniciativa é apoiada pela Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), cujo presidente, Leôncio Brito, disse ontem que todas aquelas áreas são altamente produtivas e documentadas legalmente.

Ele afirmou também que, se a Justiça determinar que as terras sejam entregues aos guaranis, os fazendeiros obedecerão, desde que não tenham prejuízos - o que significa que desejam receber indenizações por todos seus investimentos na área. De acordo com as regras atuais, a desocupação de terras consideradas indígenas implica pagamento das benfeitorias - e não da terra.


OESP, 03/02/2004, Nacional, p. A10
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.