De Pueblos Indígenas en Brasil
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Lei das Selvas e risco Brasil

05/11/2005

Fonte: OESP, Notas e Informacões, p. A3



Lei das Selvas e risco Brasil

No Brasil pode se ter dado pouca importância ao fato - tanto que ocupou pouco espaço na mídia -, mas, na Europa, principal mercado da empresa brasileira Aracruz, maior produtora de celulose de eucalipto do mundo (com 97% de sua produção voltada para o mercado externo), foi ampla a repercussão da invasão que, no início do mês passado, 200 índios tupiniquins e guaranis fizeram à sede administrativa da empresa, no Espírito Santo.
Como era de se prever, as imagens do uso literal da "lei das selvas", traduzida por nossos índios modernos não mais por ocupações só de terras (que pretendem incorporadas a suas "novas reservas"), mas também de unidades fabris e sedes administrativas, foram transmitidas, rapidamente, pela ONG alemã "Robin Hood", espantando tanto clientes quanto investidores estrangeiros da empresa - que passam a, no mínimo, duvidar da possibilidade de esta cumprir seus compromissos de produção e comercialização.
Por esse motivo o presidente da empresa, Carlos Aguiar, teve que passar três dias em conferências, via internet, com investidores estrangeiros, explicando sua política em relação aos indígenas.
"Essa foi a primeira vez que tivemos uma invasão das instalações e pode representar o início de uma escalada" - disse o diretor de Meio Ambiente e Relações Corporativas da Aracruz, Carlos Alberto de Oliveira Roxo, observando que até então os índios, que travam com a companhia uma disputa há mais de dez anos, restringiam suas manifestações de protesto às terras propriamente ditas, aduzindo: "Esse nível de insegurança preocupa e pode perturbar o ambiente econômico, afastando investimentos. Mesmo que você tenha a documentação da compra das terras toda correta, não há nenhuma garantia. Nunca se sabe se vai haver um novo ciclo de expansão de reservas."
Nessa quarta-feira os jornais exibiram um anúncio da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que enfrenta o mesmo problema. Dá conta de que no domingo, dia 30 de outubro, cerca de 280 índios da comunidade Xicrin, "dentre os quais diversos guerreiros armados", invadiram o Núcleo Urbano de Carajás, constrangendo os empregados da CVRD e familiares que lá residem. A companhia informa que as lideranças indígenas têm feito essas agressivas pressões "na tentativa de obter benefícios adicionais aos que a empresa, voluntariamente, já oferece".
E apresenta o rol das descabidas "reivindicações" dos invasores, que chega a itens inacreditáveis, tais como: um avião bimotor; milhares de litros de gasolina (quando a maioria dos veículos da comunidade utiliza diesel); carros de luxo para lideranças indígenas; a contratação de empreiteiras impostas pelas próprias comunidades indígenas, para construção de casas com preços unitários muito acima dos praticados pelo mercado e o pagamento de dívidas contraídas pelos índios junto ao comércio da região. Ou isso ou "a invasão das instalações operacionais e paralisação das minas de Carajás".
Terão tais estranhas exigências algo que ver com a busca de condições de vida dignas para a comunidade indígena, ou serão elas a versão indígena do gangsterismo de Chicago, com cobrança de "licença para funcionamento"? Não se pode dizer que essas duas companhias, a Aracruz e a Vale, sejam insensíveis aos problemas das comunidades indígenas, situadas nos arredores do local de suas atividades produtivas.
A CVRD, por exemplo, em 2003 (últimos dados disponíveis, não querendo dizer que aí se esgotam), investiu R$ 18 milhões em projetos beneficiando 7 mil índios de 8 comunidades que vivem no entorno das minas de Carajás e ao longo da Estrada de Ferro Carajás, no sul do Pará. E a Aracruz, de 1998 a 2004, despendeu R$ 22 milhões com as comunidades indígenas, por meio de contratos de compra de madeira, outros acordos comerciais ou ações voluntárias.
Nada, portanto, justifica o comportamento, que se pode dizer criminoso, dessas tribos. Não se pode admitir que as produtivas companhias, com resultados importantes para a balança comercial brasileira, corram o risco de perder sua competitividade internacional, de afugentar clientes e investidores, ao sofrerem manifestações violentas, como as aqui apontadas. Pois esta é a forma como a "lei das selvas" - no sentido quase literal - interfere, com efeito potencializador, no "risco Brasil".

OESP, 05/11/2005, Notas e Informacões, p. A3
 

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