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Faltam médicos e 17 apinajés morrem no TO
14/02/2006
Fonte: OESP, Nacional, p. A9
Faltam médicos e 17 apinajés morrem no TO
De 2005 até este mês, crianças morreram quase todas com os mesmos sintomas e desnutrição aguda
A falta de assistência médica na reserva indígena Apinajé, no Estado deTocantins, está agravando os problemas de saúde nas aldeias da região. Nove crianças haviam morrido no ano passado - um número alarmante - e outras 8 mortes foram registradas este ano.
Todas essas 17 crianças apresentaram os mesmos sintomas: gripe, febre, vômito, diarréia, tosse, pneumonia e um severo quadro de desnutrição. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) diz que não tem como contratar um médico exclusivo para as aldeias. A Aldeia São José, uma das maiores da reserva, com 700 habitantes, não recebe um médico há quase sete meses, embora fique a apenas 18 quilômetros de um centro urbano. Os casos mais graves são atendidos em Tocantinópolis. No fim de semana, 11 crianças estavam internadas com infecção respiratória no Hospital Municipal dessa cidade; outras 4 estavam em Araguaína.
A Funasa e outros órgãos que atendem os índios dizem que é preciso analisar melhor os hábitos, costumes e tradições do povo apinajé para identificar a causa das mortes. Para o antropólogo Márcio Santos, do Ministério Público Federal no Tocantins, o contato intenso com o homem branco pode ter influenciado no quadro.
Outro problema, por vezes, é a resistência dos próprios índios ao tratamento. A maioria deles só procura os hospitais quando sua situação já é grave. Eles têm medo de ser mal atendidos e, pior ainda, abominam a idéia de morrer em um hospital - como aconteceu com as 17 crianças.
A Funasa continua levando cestas básicas para as aldeias e prestando atendimento de emergência. As mães já aceitam tratamentos da medicina convencional, mas, por via das dúvidas, continuam com seus rituais para tentar proteger os filhos.
No Maranhão
Em Alto Alegre do Pindaré, a 300 quilômetros de São Luís do Maranhão, índios guajajaras libertaram ontem à noite as duas funcionárias da Funasa que haviam sido feitas reféns na sexta-feira.
Apesar dos indícios de que a crise desencadeada com a interdição da Estrada de Ferro Carajás está terminando, o grupo de 200 indígenas que protesta na região contra a Funasa foi reforçado por 300 índios de outras sete etnias maranhenses
Mércio critica ação da Funasa
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, acredita que a pulverização de programas entre diferentes órgãos federais criou "uma dificuldade imensa" no atendimento das necessidades das comunidades indígenas. Para ele, órgãos como a Funasa não têm know-how para cuidar do relacionamento com índios e, às vezes, demoram para desenvolver a cultura interna adequada. Mércio lembra que, há cerca de 15 anos, todo o atendimento era responsabilidade da Funai. Hoje, a educação ficou a cargo do Ministério da Educação, a saúde cabe ao Ministério da Saúde e assim por diante. "Muitos desses órgãos não têm o know-how, não têm a cancha, não têm o jeito, não têm o indigenismo", diz ele. "Daí vêm os problemas." Mariana Caetano
OESP, 14/02/2006, Nacional, p. A9
De 2005 até este mês, crianças morreram quase todas com os mesmos sintomas e desnutrição aguda
A falta de assistência médica na reserva indígena Apinajé, no Estado deTocantins, está agravando os problemas de saúde nas aldeias da região. Nove crianças haviam morrido no ano passado - um número alarmante - e outras 8 mortes foram registradas este ano.
Todas essas 17 crianças apresentaram os mesmos sintomas: gripe, febre, vômito, diarréia, tosse, pneumonia e um severo quadro de desnutrição. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) diz que não tem como contratar um médico exclusivo para as aldeias. A Aldeia São José, uma das maiores da reserva, com 700 habitantes, não recebe um médico há quase sete meses, embora fique a apenas 18 quilômetros de um centro urbano. Os casos mais graves são atendidos em Tocantinópolis. No fim de semana, 11 crianças estavam internadas com infecção respiratória no Hospital Municipal dessa cidade; outras 4 estavam em Araguaína.
A Funasa e outros órgãos que atendem os índios dizem que é preciso analisar melhor os hábitos, costumes e tradições do povo apinajé para identificar a causa das mortes. Para o antropólogo Márcio Santos, do Ministério Público Federal no Tocantins, o contato intenso com o homem branco pode ter influenciado no quadro.
Outro problema, por vezes, é a resistência dos próprios índios ao tratamento. A maioria deles só procura os hospitais quando sua situação já é grave. Eles têm medo de ser mal atendidos e, pior ainda, abominam a idéia de morrer em um hospital - como aconteceu com as 17 crianças.
A Funasa continua levando cestas básicas para as aldeias e prestando atendimento de emergência. As mães já aceitam tratamentos da medicina convencional, mas, por via das dúvidas, continuam com seus rituais para tentar proteger os filhos.
No Maranhão
Em Alto Alegre do Pindaré, a 300 quilômetros de São Luís do Maranhão, índios guajajaras libertaram ontem à noite as duas funcionárias da Funasa que haviam sido feitas reféns na sexta-feira.
Apesar dos indícios de que a crise desencadeada com a interdição da Estrada de Ferro Carajás está terminando, o grupo de 200 indígenas que protesta na região contra a Funasa foi reforçado por 300 índios de outras sete etnias maranhenses
Mércio critica ação da Funasa
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, acredita que a pulverização de programas entre diferentes órgãos federais criou "uma dificuldade imensa" no atendimento das necessidades das comunidades indígenas. Para ele, órgãos como a Funasa não têm know-how para cuidar do relacionamento com índios e, às vezes, demoram para desenvolver a cultura interna adequada. Mércio lembra que, há cerca de 15 anos, todo o atendimento era responsabilidade da Funai. Hoje, a educação ficou a cargo do Ministério da Educação, a saúde cabe ao Ministério da Saúde e assim por diante. "Muitos desses órgãos não têm o know-how, não têm a cancha, não têm o jeito, não têm o indigenismo", diz ele. "Daí vêm os problemas." Mariana Caetano
OESP, 14/02/2006, Nacional, p. A9
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