De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Noticias
Reservas ameaçam economia de cidades
30/07/2002
Autor: VIVIAN EICHLER
Fonte: Zero Hora-Porto Alegre-RS
Áreas estão localizadas no norte gaúcho
Os marcos da Reserva de Rio dos Índios, no norte gaúcho, cruzam o maior empreendimento turístico de Vicente Dutra.
De um lado do rio, caingangues acampam há dois anos e meio. Dali eles cobiçam um resort de piscinas de águas minerais, situado na outra margem e que deverá ser assumido pela União e entregue a eles. Quando isso ocorrer, o município voltará a ser um vilarejo, sem ambiciosos projetos capitalistas.
Pelo menos outras 19 cidades gaúchas sentem o impacto econômico causado pela devolução de 37,7 mil hectares indígenas loteadas e ocupadas há mais de 40 anos. No domingo, Zero Hora mostrou o conflito entre os índios e as famílias que precisam deixar as terras.
A situação peculiar em Vicente Dutra revolta o prefeito Tomaz Rossato (PMDB). Durante o verão, a população de 6,3 mil habitantes triplica com hóspedes nas cabanas e nos campings. Dos R$ 3 milhões arrecadados pelo município anualmente, o turismo tem participação de 40%. O restante vem da agricultura, que perderá 715 hectares de pequenas propriedades.
- Por que transtornar toda a organização e a economia da cidade? Não seria mais fácil desapropriar uma fazenda? - indaga o prefeito.
Na Reserva de Serrinha, o cálculo do impacto econômico imediato com a retomada de 11,9 mil hectares assusta o presidente da Câmara de Vereadores de Constantina, Hermeto Araújo. De 1998 até agora, 439 famílias de colonos deixaram 6 mil hectares onde hoje vivem 345 caingangues.
Se toda a produção animal e vegetal na área deixar de existir, o faturamento local cairia em R$ 6 milhões anuais. Juntas, as quatro cidades dentro da reserva - Ronda Alta, Constantina, Três Palmeiras e Engenho Velho - arrecadam R$ 16,6 milhões. Dentro da Reserva, Engenho Velho é a cidade que mais perde área - 53% de seu território.
Em Planalto, um bairro inteiro, com 143 casas, está na lista para ser desalojado para completar a ocupação indígena no Toldo Nonoai. A reserva é a maior do Estado, com 34,9 mil hectares, abrangendo sete municípios. Segundo o prefeito Antônio Carlos Damin (PDT), as casas ainda não foram quitadas e, se fossem erguidas novamente, custariam em média R$ 10 mil - que o município teria de arcar.
Dênis Zanella, 58, resiste judicialmente para não deixar a propriedade de 181 hectares na região mais produtiva de Planalto, na Linha São Brás. Zanella planta 150 hectares de grãos, cria mil suínos e 460 cabeças de gado. Possui um pomar com mil unidades cítricas e 200 nogueiras. Zanella vem sendo pressionado pelos indígenas para se retirar.
- Não aceito indenização e também não saio. Vivo aqui há mais de 50 anos. O Estado avaliou minhas terras em R$ 2,9 mil o hectare, mas já procurei áreas equivalentes em outros lugares e não encontro nada por menos de R$ 6 mil - reclama Zanella.
CONTRAPONTO
O que diz Reinaldo Florindo, assessor da diretoria de assuntos fundiários da Funai:
"Os municípios com áreas indígenas não recebem benefícios além do pagamento pelas benfeitorias dos agricultores considerados ocupantes de boa fé. Os municípios podem procurar a Funai pra desenvolver projetos dentro das reservas."
LOCAL EM CONFLITO
A Reserva de Rio dos Índios está sendo formada no norte do Estado em áreas que fazem parte de pelo menos 20 municípios que vivem essencialmente da agricultura:
Serrinha
Área11,9 mil hectares em Constantina, Engenho Velho, Três Palmeiras e Ronda Alta
Produção 9,5 mil toneladas de soja; 6,3 mil toneladas de milho e 1,2 mil toneladas de trigo; 8,7 mil bovinos e 8,2 mil suínos
Aplicações anuais no solo 22,5 toneladas de calcário e 4,8 toneladas de adubos
Queda no faturamento total R$ 6 milhões
Aposentadorias mensais R$ 119,2 mil
Toldo Nonoai
Área 34,9 mil hectares em Nonai, Gramado dos Loureiros, Rio dos Índios, Rodeio Bonito, Liberato Salzano
e Trindade do Sul.
Impacto: avaliado em 2,4 mil hectares na 4ª Seção de Planalto
(11% do território do município)
Queda de produção: 23% dos grãos; 15% em leite; 46% da criação de aves. Total estimado em 30% da produção agrícola
Queda de receita tributária prevista - 10%
Gastos Públicos
o Somente na Reserva de Serrinha, a Funai já pagou 10,98 milhões em indenizações de benfeitorias de 439 propriedades u Nos últimos quatro anos, o Estado gastou R$ 20,77 milhões na aquisição de terras para reassentamentos de agricultores oriundos de áreas indígenas. Outros R$ 9,8 milhões foram pagos como indenização pelas terras u Ao todo foram desembolsados R$ 21 milhões no pagamento de benfeitorias nas áreas do Rio Grande do Sul
Os marcos da Reserva de Rio dos Índios, no norte gaúcho, cruzam o maior empreendimento turístico de Vicente Dutra.
De um lado do rio, caingangues acampam há dois anos e meio. Dali eles cobiçam um resort de piscinas de águas minerais, situado na outra margem e que deverá ser assumido pela União e entregue a eles. Quando isso ocorrer, o município voltará a ser um vilarejo, sem ambiciosos projetos capitalistas.
Pelo menos outras 19 cidades gaúchas sentem o impacto econômico causado pela devolução de 37,7 mil hectares indígenas loteadas e ocupadas há mais de 40 anos. No domingo, Zero Hora mostrou o conflito entre os índios e as famílias que precisam deixar as terras.
A situação peculiar em Vicente Dutra revolta o prefeito Tomaz Rossato (PMDB). Durante o verão, a população de 6,3 mil habitantes triplica com hóspedes nas cabanas e nos campings. Dos R$ 3 milhões arrecadados pelo município anualmente, o turismo tem participação de 40%. O restante vem da agricultura, que perderá 715 hectares de pequenas propriedades.
- Por que transtornar toda a organização e a economia da cidade? Não seria mais fácil desapropriar uma fazenda? - indaga o prefeito.
Na Reserva de Serrinha, o cálculo do impacto econômico imediato com a retomada de 11,9 mil hectares assusta o presidente da Câmara de Vereadores de Constantina, Hermeto Araújo. De 1998 até agora, 439 famílias de colonos deixaram 6 mil hectares onde hoje vivem 345 caingangues.
Se toda a produção animal e vegetal na área deixar de existir, o faturamento local cairia em R$ 6 milhões anuais. Juntas, as quatro cidades dentro da reserva - Ronda Alta, Constantina, Três Palmeiras e Engenho Velho - arrecadam R$ 16,6 milhões. Dentro da Reserva, Engenho Velho é a cidade que mais perde área - 53% de seu território.
Em Planalto, um bairro inteiro, com 143 casas, está na lista para ser desalojado para completar a ocupação indígena no Toldo Nonoai. A reserva é a maior do Estado, com 34,9 mil hectares, abrangendo sete municípios. Segundo o prefeito Antônio Carlos Damin (PDT), as casas ainda não foram quitadas e, se fossem erguidas novamente, custariam em média R$ 10 mil - que o município teria de arcar.
Dênis Zanella, 58, resiste judicialmente para não deixar a propriedade de 181 hectares na região mais produtiva de Planalto, na Linha São Brás. Zanella planta 150 hectares de grãos, cria mil suínos e 460 cabeças de gado. Possui um pomar com mil unidades cítricas e 200 nogueiras. Zanella vem sendo pressionado pelos indígenas para se retirar.
- Não aceito indenização e também não saio. Vivo aqui há mais de 50 anos. O Estado avaliou minhas terras em R$ 2,9 mil o hectare, mas já procurei áreas equivalentes em outros lugares e não encontro nada por menos de R$ 6 mil - reclama Zanella.
CONTRAPONTO
O que diz Reinaldo Florindo, assessor da diretoria de assuntos fundiários da Funai:
"Os municípios com áreas indígenas não recebem benefícios além do pagamento pelas benfeitorias dos agricultores considerados ocupantes de boa fé. Os municípios podem procurar a Funai pra desenvolver projetos dentro das reservas."
LOCAL EM CONFLITO
A Reserva de Rio dos Índios está sendo formada no norte do Estado em áreas que fazem parte de pelo menos 20 municípios que vivem essencialmente da agricultura:
Serrinha
Área11,9 mil hectares em Constantina, Engenho Velho, Três Palmeiras e Ronda Alta
Produção 9,5 mil toneladas de soja; 6,3 mil toneladas de milho e 1,2 mil toneladas de trigo; 8,7 mil bovinos e 8,2 mil suínos
Aplicações anuais no solo 22,5 toneladas de calcário e 4,8 toneladas de adubos
Queda no faturamento total R$ 6 milhões
Aposentadorias mensais R$ 119,2 mil
Toldo Nonoai
Área 34,9 mil hectares em Nonai, Gramado dos Loureiros, Rio dos Índios, Rodeio Bonito, Liberato Salzano
e Trindade do Sul.
Impacto: avaliado em 2,4 mil hectares na 4ª Seção de Planalto
(11% do território do município)
Queda de produção: 23% dos grãos; 15% em leite; 46% da criação de aves. Total estimado em 30% da produção agrícola
Queda de receita tributária prevista - 10%
Gastos Públicos
o Somente na Reserva de Serrinha, a Funai já pagou 10,98 milhões em indenizações de benfeitorias de 439 propriedades u Nos últimos quatro anos, o Estado gastou R$ 20,77 milhões na aquisição de terras para reassentamentos de agricultores oriundos de áreas indígenas. Outros R$ 9,8 milhões foram pagos como indenização pelas terras u Ao todo foram desembolsados R$ 21 milhões no pagamento de benfeitorias nas áreas do Rio Grande do Sul
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.