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Líder arrozeiro diz que prisão não abalou resistência à saída de terra indígena

01/04/2008

Autor: Marco Antônio Soalheiro

Fonte: Agência Brasil



Um gaúcho de 55 anos, casado e pai de três filhos, e que chegou aos 24 em Roraima, é a personificação da resistência de produtores de arroz em deixarem a Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Um dia depois de ser preso pela Polícia Federal por desacato e libertado após algumas horas, mediante pagamento de fiança, Paulo César Quartiero chega em sua caminhonete e mantém o discurso de que seu grupo não deixará espontaneamente a área de 1,7 milhão de hectares homologada em maio de 2005. Nela vivem 18 mil índios das etnias Macuxi, Ingaricó, Patamona, Wapichana e Taurepang.

"Eles [policias federais] tentaram me intimidar e disseram que eu desacatei. Mas se tivesse chamado o delegado de lindo, teriam feito a mesma coisa", afirmou Quartiero em relação à prisão. "Vamos resistir, sim, e vamos vencer. Porque eles vêm e voltam e nós ficamos aqui. Independentemente das dificuldades, não podemos nos acovardar. O governo vai ter que entender que aqui existem patriotas dispostos a defender o seu patrimônio", acrescentou.

A manifestação em que foi preso e que resultou na interdição da BR-355 e na destruição de uma ponte, foi definida pelo arrozeiro como uma "reação à atitude do governo federal de querer tirar pessoas à força".

Cassado, por compra de votos, do cargo de prefeito de Pacaraíma (município nos limites da Terra Indígena), Quartiero garantiu que vai reaver na Justiça o comando local para defender seus ideais: "Os índios têm seus interesses, mas o município de Pacaraíma também tem. Querem nos roubar 5% da nossa área, onde há plantações que geram emprego e ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços]".

O arrozeiro também criticou as condições de reassentamento oferecidas pelo governo federal aos produtores: "As pessoas que saíram estão hoje passando fome".

Indagado sobre o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) do estado proveniente das plantações de arroz, Quartiero não soube informar: "Isso é coisa de matemático, que não vem ao caso. Mais importante é nossa vontade de fazer com que Roraima não se torne mais uma Brasília, que só consome verba sem dar retorno aos nossos compatriotas."

Ao final da entrevista, o arrozeiro seguiu na caminhonete para um hangar onde embarcaria, em companhia do deputado federal Márcio Junqueira (DEM-RR), em um avião que os levaria a Pacaraíma. No município, segundo Quartiero, 60 índios armados de arco e flecha estariam ameaçando moradores que protestam contra a retirada dos produtores de Raposa Serra do Sol.
 

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