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Líder dos arrozeiros resiste à PF e só deixa reserva após mandado

02/05/2009

Autor: João Carlos Magalhães

Fonte: FSP, Brasil, p. A6



Líder dos arrozeiros resiste à PF e só deixa reserva após mandado
Operação de retirada na Raposa/Serra do Sol, que deve continuar por 30 dias, foi pacífica e a maioria dos não índios saiu do local acompanhada por agentes

João Carlos Magalhães
Da agência Folha, na Raposa/Serra do Sol (RR)

A operação de retirada dos não índios da terra indígena Raposa/Serra do Sol começou ontem de maneira pacífica, mas com a expulsão do principal líder dos arrozeiros da região, Paulo César Quartiero.
Programada para a madrugada, a ação só começou por volta das 9h, quando agentes da Polícia Federal, a FNS (Força Nacional de Segurança), a Funai (Fundação Nacional do Índio) e o Ibama iniciaram a movimentação na vila Surumu.
A despeito das expectativas de prisões e expulsões à força, a maior parte dos não índios saiu apenas acompanhada pelos agentes. Eram, basicamente, funcionários das fazendas. A PF disse que evitará conflitos.
Em ao menos uma delas, da família Faccio, os proprietários conseguiram negociar com a cúpula da operação para que a colheita dos grãos e a retirada de máquinas agrícolas fossem estendidas até o final da tarde.
Segundo decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), o prazo máximo para essa saída era até a 0h de ontem. Em março, o tribunal confirmou a demarcação contínua da Raposa/Serra do Sol.
Até a conclusão desta edição, não havia um número exato das pessoas que saíram escoltadas pelos agentes. Apenas em uma das propriedades dos Faccio havia 30 pessoas na noite de anteontem, colhendo o arroz.
Funcionários de ao menos quatro fazendas foram levados para fora da reserva ontem. Além de outra dos Faccio, uma de Quartiero e outra pequena propriedade, na qual ainda havia 250 cabeças de gado -que foram retiradas por um caminhão alugado pela Funai.
José Maria Fonseca, superintendente da PF em Roraima, disse que o dia foi "tranquilo".
Em relação a Quartiero, ele cumpriu sua promessa de resistir e foi encontrado pelos policiais por volta das 10h em outra de suas fazendas, já vazia, chamada Providência. Estava só.
Passara a noite no local, retirando partes dos destroços da sede da propriedade, que ele mesmo mandou destruir. Esperou 16 horas para sair, porque disse que só o faria com uma ordem judicial.
Como os primeiros agentes da PF que chegaram não tinham o documento, resolveram chamar o presidente do TRF da 1ª Região, Jirair Meguerian, que está na reserva para ajudar na ação.
O magistrado chegou no final da tarde e redigiu à mão, em uma folha em branco, debaixo de uma mangueira, um "mandado de desocupação", no qual ordenava que o fazendeiro saísse imediatamente, o que Quartiero, depois de discutir e voltar a criticar o governo federal, acabou fazendo.
"Estar escrevendo debaixo de um pé de mangueira é muito amadorismo. Só em Roraima mesmo", ironizou Quartiero.
Ele passou dez anos tentando na Justiça continuar na Raposa/Serra do Sol.
Quartiero não foi algemado. Até onde a Folha o acompanhou, voltava a pé pela estrada de terra, a mais de 50 km de qualquer saída da reserva. "Estou esperando uma carona", disse. A operação deve continuar pelos próximos 30 dias.

FSP, 02/05/2009, Brasil, p. A6
 

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