De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

A cegueira seletiva contra indígenas

09/06/2009

Fonte: Envolveverde - http://envolverde.ig.com.br/




Durante 2008, um determinado grupo social brasileiro perdeu 60 de seus membros - todos assassinados. Também registrou seis lesões corporais dolosas; 16 casos de racismo e discriminação étnico culturais; 29 tentativas de assassinato; seis casos de violências sexuais; 12 ameaças de morte, 19 ocorrências de abuso de poder, seis casos de ameaças várias; três apropriações indébitas. Os crimes foram cometidas em 21 das 27 unidades da federação, quase sempre no meio rural.

A razão de tanta violência é a má e velha disputa pela posse de terras e o acesso a recursos naturais. Uma disputa tão antiga quanto o próprio Brasil. Ela põe em confronto aqueles que, de seu lado, há séculos habitam territórios de intensa e extensa ocorrência de todo tipo de bem natural e, em lado oposto, o Estado brasileiro e os agentes econômicos que operam o modelo de desenvolvimento que o País escolheu. Para este grupo social, que a cada ano conta seus mortos às dezenas, nunca houve nada a comemorar nos dias 5 de junho, formalmente declarados Dias Mundial do Meio Ambiente.

Apesar de ser da maior gravidade, essa violência sistemática e dirigida não atraiu a atenção pública. Não foi criada qualquer força tarefa da Polícia Federal para combatê-la, os nobres parlamentares não perderam sequer um segundo de suas viagens para questioná-la, nem as empresas de comunicação, que se esmeram em denunciar cada papel de bala jogado nas calçadas dos Jardins e do Leblon, detonaram outra de suas campanhas moralizadoras.

A cegueira seletiva se explica pelo fato de o grupo social atingido serem os povos indígenas, que constituem a mais emblemática vítima do modelo de desenvolvimento e da estrutura de ocupação territorial no Brasil. São eles que integram as estatísticas trágicas divulgadas há mais de 20 anos pelo Conselho Indígena Missionário (CIMI), um órgão da CNBB para a defesa dos 241 povos indígenas brasileiros.

No relatório de violências cometidas em 2008, divulgado no início de maio, o CIMI chama a atenção para três problemas específicos. O primeiro é quanto a ação e a omissão do Estado brasileiro nas violências perpetradas contra indígenas. Seja porque órgãos públicos, como a Funasa, do Ministério da Saúde, falham no cuidado com a saúde indígena e até levam pessoas à morte, seja devido ao preconceito do Executivo, Legislativo e Judiciário em assuntos que envolvem indígenas.

O segundo problema específico diz respeito à infraestrutura e terras indígenas. O CIMI se refere a 450 projetos que incidem sobre o território supostamente protegido de povos indígenas, cuja presença torna-se "um empecilho para os que buscam um desenvolvimento que favorece apenas as grandes empresas e o agronegócio, exigindo liberação de terras para o cultivo de monoculturas".

O terceiro problema são os suicídios e assassinatos de Guaranis Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, na frente de expansão da indústria sucroalcooleira. "O Brasil está assistindo à dolorosa autodestruição dos Guarani Kaiowá", escreveu no relatório Dom Erwin Kräutler, bispo de Xingu (PA) e presidente do CIMI. As violências cometidas contra essa etnia são quase 50% dos casos registrados.

Aliás, em 30 de maio, o corpo do indígena Osvaldo Pereira, secretário da associação Guarani Kaiowá em Coronel Sapucaí (MS), foi encontrado em uma estrada próximo à sua residência com marcas de tiro logo abaixo da costela e na cabeça, embora a PM tenha informado que tudo não havia passado "apenas" de um acidente de trânsito. Por alegada falta de efetivo, a Policia Federal não compareceu ao local.

* Carlos Tautz é jornalista.
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.