De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Noticias
Calouros indígenas da UFMG vão passar por processo de adaptação
05/04/2010
Autor: Rayder Bragon
Fonte: UOL - http://vestibular.uol.com.br/
Nem bem refeitos da alegria de terem passado no 1 vestibular para indígenas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), realizado em março deste ano, 12 calouros (4 mulheres e 8 homens) de etnias como Xacriabá e Tupinikim precisam se adaptar à realidade da convivência com os outros alunos na sala de aula, a exigência do curso escolhido e a distância que os separa da tribo.
Houve 138 inscrições homologadas pela universidade de várias partes do país no vestibular. Os que passaram vão frequentar cursos de agronomia, ciências biológicas e sociais, enfermagem, odontologia e medicina, nos quais foram criadas duas vagas extras para os indígenas, sem prejuízo ao número ofertado aos demais candidatos que fizeram o vestibular tradicional. As aulas começam em agosto deste ano.
Até lá, para se afeiçoarem à rotina escolar, já que vão passar ao menos 6 meses longe de onde moram a cada período, os índios terão um tempo extra para conhecer a universidade. Eles vão frequentar aulas que os auxiliarão a compreender a dinâmica dos cursos (disciplinas básicas de cada área) e a inserção deles no ritmo acadêmico.
A grade curricular dos cursos não será alterada em razão da admissão dos estudantes indígenas, informou a assessoria da universidade.
Segundo Ana Maria Gomes, coordenadora do Programa de Acesso e Permanência de Estudantes Indígenas na UFMG, o intuito da "pré-temporada" é fazer com que essa turma de alunos seja inserida de forma mais harmônica ao dia a dia da universidade e aos seus rigores.
"O problema da educação superior para grupos minoritários não é somente resolvido estabelecendo formas de acesso e definindo um vestibular específico com percentual de vagas. Não tendo um programa que garanta a permanência, em alguns casos, os alunos abandonam os estudos, especialmente em cursos da área da saúde, que demandam muito esforço e investimento", explicou.
Os alunos vão ser monitorados por "tutores", professores dos cursos nos quais foram matriculados e que terão a incumbência acompanhar a performance escolar dos estudantes. Eles podem interferir caso surja algum problema de ordem acadêmica ou pessoal.
"A vida comunitária (entre os índios) é muito forte. Organizar um sistema de vida na cidade, sem a possibilidade de retornar a aldeia durante seis meses, pode ser um complicador. E é isso que a gente está querendo evitar.", ressaltou a especialista.
Profissional identificado com a tribo
De acordo com os recém-chegados, o desejo da maioria é que, a partir da conclusão do curso e de uma maior oferta de vagas para seus pares, as aldeias passem a contar com profissionais identificados com as tribos. "Por exemplo, alguns médicos vão lá para a nossa tribo, passam alguns meses, mas não voltam mais. Nós queremos assumir essa função e dar mais tranquilidade ao nosso povo", revelou Sidiney Pinheiro, da etnia Xacriabá e oriundo do Norte de Minas Gerais.
Em relação aos possíveis percalços durante o curso, Pinheiro disse estar com "um pouco de medo", mas pretende suplantar o receio com a ajuda dos demais colegas. "Além disso, eu tenho que superar a saudade da família e dos amigos da comunidade", completou.
Para o índio Tupinikim Guldierri Rui Benedito, que veio do Espírito Santo, um componente a mais complica a sua adaptação. Segundo ele, o "medo da cidade grande" pode atrapalhar os seus planos de cursar Ciências Biológicas. "Assusta. Porque eu vim de um lugar que a violência não é tão grande e podemos dormir sem preocupação de ser roubado. Na cidade grande é complicado, tenho de ter cuidado", descreveu.
Ele disse esperar ser recebido de forma amistosa pelos companheiros de turma. "Eu vou tentar fazer o máximo para me enturmar. Mas se não der, fazer o quê? Vou ficar no meu canto", resumiu Benedito.
Convênios
De acordo com a coordenadora do programa, a UFMG firmou convênio entre a universidade e a Funai (Fundação Nacional do Índio), que inicialmente vai bancar bolsa mensal de R$ 300 a cada um dos 12 índios, durante três anos. "Juridicamente, a Funai não pode fazer convênio com duração superior a 36 meses. Mas as bolsas vão ser renovadas com certeza", frisou a antropóloga. O órgão também vai arcar com as passagens de ida e volta dos estudantes, em períodos de férias, a suas aldeias.
Ainda conforme ela, outro convênio, desta feita com a Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) do MEC (Ministério da Educação), vai proporcionar o pagamento de aluguel de imóvel para acomodar os estudantes indígenas e o custo do material didático a cada semestre. O transporte diário para a frequência nos curso será fornecido pela UFMG.
Na universidade já existe curso de licenciatura (especial) para formação de professores indígenas (ficam aptos a lecionar para níveis fundamental e médio nas próprias tribos). No entanto, as aulas são ministradas em módulos e eles passam períodos de, no máximo, cinco semanas na universidade, a cada semestre. O restante do curso é dado na aldeia de origem.
http://vestibular.uol.com.br/ultimas-noticias/2010/04/05/calouros-indigenas-da-ufmg-vao-passar-por-processo-de-adaptacao.jhtm
Houve 138 inscrições homologadas pela universidade de várias partes do país no vestibular. Os que passaram vão frequentar cursos de agronomia, ciências biológicas e sociais, enfermagem, odontologia e medicina, nos quais foram criadas duas vagas extras para os indígenas, sem prejuízo ao número ofertado aos demais candidatos que fizeram o vestibular tradicional. As aulas começam em agosto deste ano.
Até lá, para se afeiçoarem à rotina escolar, já que vão passar ao menos 6 meses longe de onde moram a cada período, os índios terão um tempo extra para conhecer a universidade. Eles vão frequentar aulas que os auxiliarão a compreender a dinâmica dos cursos (disciplinas básicas de cada área) e a inserção deles no ritmo acadêmico.
A grade curricular dos cursos não será alterada em razão da admissão dos estudantes indígenas, informou a assessoria da universidade.
Segundo Ana Maria Gomes, coordenadora do Programa de Acesso e Permanência de Estudantes Indígenas na UFMG, o intuito da "pré-temporada" é fazer com que essa turma de alunos seja inserida de forma mais harmônica ao dia a dia da universidade e aos seus rigores.
"O problema da educação superior para grupos minoritários não é somente resolvido estabelecendo formas de acesso e definindo um vestibular específico com percentual de vagas. Não tendo um programa que garanta a permanência, em alguns casos, os alunos abandonam os estudos, especialmente em cursos da área da saúde, que demandam muito esforço e investimento", explicou.
Os alunos vão ser monitorados por "tutores", professores dos cursos nos quais foram matriculados e que terão a incumbência acompanhar a performance escolar dos estudantes. Eles podem interferir caso surja algum problema de ordem acadêmica ou pessoal.
"A vida comunitária (entre os índios) é muito forte. Organizar um sistema de vida na cidade, sem a possibilidade de retornar a aldeia durante seis meses, pode ser um complicador. E é isso que a gente está querendo evitar.", ressaltou a especialista.
Profissional identificado com a tribo
De acordo com os recém-chegados, o desejo da maioria é que, a partir da conclusão do curso e de uma maior oferta de vagas para seus pares, as aldeias passem a contar com profissionais identificados com as tribos. "Por exemplo, alguns médicos vão lá para a nossa tribo, passam alguns meses, mas não voltam mais. Nós queremos assumir essa função e dar mais tranquilidade ao nosso povo", revelou Sidiney Pinheiro, da etnia Xacriabá e oriundo do Norte de Minas Gerais.
Em relação aos possíveis percalços durante o curso, Pinheiro disse estar com "um pouco de medo", mas pretende suplantar o receio com a ajuda dos demais colegas. "Além disso, eu tenho que superar a saudade da família e dos amigos da comunidade", completou.
Para o índio Tupinikim Guldierri Rui Benedito, que veio do Espírito Santo, um componente a mais complica a sua adaptação. Segundo ele, o "medo da cidade grande" pode atrapalhar os seus planos de cursar Ciências Biológicas. "Assusta. Porque eu vim de um lugar que a violência não é tão grande e podemos dormir sem preocupação de ser roubado. Na cidade grande é complicado, tenho de ter cuidado", descreveu.
Ele disse esperar ser recebido de forma amistosa pelos companheiros de turma. "Eu vou tentar fazer o máximo para me enturmar. Mas se não der, fazer o quê? Vou ficar no meu canto", resumiu Benedito.
Convênios
De acordo com a coordenadora do programa, a UFMG firmou convênio entre a universidade e a Funai (Fundação Nacional do Índio), que inicialmente vai bancar bolsa mensal de R$ 300 a cada um dos 12 índios, durante três anos. "Juridicamente, a Funai não pode fazer convênio com duração superior a 36 meses. Mas as bolsas vão ser renovadas com certeza", frisou a antropóloga. O órgão também vai arcar com as passagens de ida e volta dos estudantes, em períodos de férias, a suas aldeias.
Ainda conforme ela, outro convênio, desta feita com a Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) do MEC (Ministério da Educação), vai proporcionar o pagamento de aluguel de imóvel para acomodar os estudantes indígenas e o custo do material didático a cada semestre. O transporte diário para a frequência nos curso será fornecido pela UFMG.
Na universidade já existe curso de licenciatura (especial) para formação de professores indígenas (ficam aptos a lecionar para níveis fundamental e médio nas próprias tribos). No entanto, as aulas são ministradas em módulos e eles passam períodos de, no máximo, cinco semanas na universidade, a cada semestre. O restante do curso é dado na aldeia de origem.
http://vestibular.uol.com.br/ultimas-noticias/2010/04/05/calouros-indigenas-da-ufmg-vao-passar-por-processo-de-adaptacao.jhtm
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.