De Pueblos Indígenas en Brasil
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Noticias
Fatos sobre Belo Monte
01/06/2010
Autor: MEDEIROS, Hermes Fonsêca de
Fonte: FSP, Tendências/Debates, p. A3
Fatos sobre Belo Monte
O governo nega, mas nada impede, legalmente, que outras cinco usinas sejam construídas, como estava planejado originalmente
Hermes Fonsêca de Medeiros
Em 19/5, Rogério Cezar de Cerqueira Leite veio à Folha defender o projeto da hidrelétrica de Belo Monte ("Belo Monte, a floresta e a árvore", "Tendências/Debates").
Apesar de se basear mais em ofensas do que em argumentos -chamou os críticos à usina de "ecopalermas", "fanfarrões" e "pseudointelectuais"-, seu texto tem grande potencial de desinformar, por ter sido publicado aqui. Do ponto de vista ambiental, Cerqueira Leite afirmou que o único problema seria a perda de biodiversidade na área de florestas a ser inundada pela usina, um equívoco.
Os dois maiores impactos ambientais do projeto são a destruição de uma das maiores bacias hidrográficas do mundo e a aceleração do desmatamento. Ou seja, para ser eficiente em geração de energia, Belo Monte necessita de pelo menos mais uma represa no Xingu para produzir o ano todo. O governo nega, mas nada impede, legalmente, que outras cinco usinas sejam construídas, como planejado originalmente.
Belo Monte também atrairia centenas de milhares de pessoas para a região, sendo que, ao final das obras, restariam só 900 empregos (conforme dados do projeto).
O que restará aos demais são atividades que levarão a um aumento incontrolável no desmatamento.
Por outro lado, o projeto prevê o deslocamento do rio para outro curso, deixando com filete de água 100 km de corredeiras no trecho do Xingu conhecido como Volta Grande, que é considerado "de importância biológica extremamente alta" pelo Ministério do Meio Ambiente, com espécies endêmicas.
Nos próprios estudos do projeto, cinco das equipes que estudaram a região afirmam que a vazão residual é insuficiente para impedir a destruição dos ecossistemas da Volta Grande.
Também são esperados impactos em outras áreas extremamente importantes, como um arquipélago fluvial, cavernas, 30 terras indígenas e 12 unidades de conservação.
Cerqueira Leite diz que o índio "pouco ou nada sofrerá". Duas terras indígenas estão às margens da Volta Grande, e todas sofreriam pela imigração. Os índios se posicionam com base nas experiências de outras tribos no enfrentamento de fatos semelhantes, portanto, falam com muita propriedade.
O autor diz ainda que as hidrelétricas reduzem as emissões de gases de efeito estufa. Esse é um erro grave, afinal, ele é físico.
Hidrelétricas produzem metano, pelo menos 25 vezes pior do que o CO2 na promoção do efeito estufa.
Estudos sobre o aproveitamento hidrelétrico do Xingu indicam que ele seria tão ruim quanto ou até pior do que termoelétricas capazes de gerar energia equivalente.
Isto sem contar com o carbono da aceleração do desmatamento, nossa principal contribuição para o aquecimento global.
HERMES FONSÊCA DE MEDEIROS, 37, biólogo, mestre e doutor em Ecologia pela Unicamp, é professor da UFPA (Universidade Federal do Pará) e faz parte do Painel de Especialistas para Avaliação Independente dos Estudos de Impacto Ambiental de Belo Monte.
FSP, 01/06/2010, Tendências/Debates, p. A3
O governo nega, mas nada impede, legalmente, que outras cinco usinas sejam construídas, como estava planejado originalmente
Hermes Fonsêca de Medeiros
Em 19/5, Rogério Cezar de Cerqueira Leite veio à Folha defender o projeto da hidrelétrica de Belo Monte ("Belo Monte, a floresta e a árvore", "Tendências/Debates").
Apesar de se basear mais em ofensas do que em argumentos -chamou os críticos à usina de "ecopalermas", "fanfarrões" e "pseudointelectuais"-, seu texto tem grande potencial de desinformar, por ter sido publicado aqui. Do ponto de vista ambiental, Cerqueira Leite afirmou que o único problema seria a perda de biodiversidade na área de florestas a ser inundada pela usina, um equívoco.
Os dois maiores impactos ambientais do projeto são a destruição de uma das maiores bacias hidrográficas do mundo e a aceleração do desmatamento. Ou seja, para ser eficiente em geração de energia, Belo Monte necessita de pelo menos mais uma represa no Xingu para produzir o ano todo. O governo nega, mas nada impede, legalmente, que outras cinco usinas sejam construídas, como planejado originalmente.
Belo Monte também atrairia centenas de milhares de pessoas para a região, sendo que, ao final das obras, restariam só 900 empregos (conforme dados do projeto).
O que restará aos demais são atividades que levarão a um aumento incontrolável no desmatamento.
Por outro lado, o projeto prevê o deslocamento do rio para outro curso, deixando com filete de água 100 km de corredeiras no trecho do Xingu conhecido como Volta Grande, que é considerado "de importância biológica extremamente alta" pelo Ministério do Meio Ambiente, com espécies endêmicas.
Nos próprios estudos do projeto, cinco das equipes que estudaram a região afirmam que a vazão residual é insuficiente para impedir a destruição dos ecossistemas da Volta Grande.
Também são esperados impactos em outras áreas extremamente importantes, como um arquipélago fluvial, cavernas, 30 terras indígenas e 12 unidades de conservação.
Cerqueira Leite diz que o índio "pouco ou nada sofrerá". Duas terras indígenas estão às margens da Volta Grande, e todas sofreriam pela imigração. Os índios se posicionam com base nas experiências de outras tribos no enfrentamento de fatos semelhantes, portanto, falam com muita propriedade.
O autor diz ainda que as hidrelétricas reduzem as emissões de gases de efeito estufa. Esse é um erro grave, afinal, ele é físico.
Hidrelétricas produzem metano, pelo menos 25 vezes pior do que o CO2 na promoção do efeito estufa.
Estudos sobre o aproveitamento hidrelétrico do Xingu indicam que ele seria tão ruim quanto ou até pior do que termoelétricas capazes de gerar energia equivalente.
Isto sem contar com o carbono da aceleração do desmatamento, nossa principal contribuição para o aquecimento global.
HERMES FONSÊCA DE MEDEIROS, 37, biólogo, mestre e doutor em Ecologia pela Unicamp, é professor da UFPA (Universidade Federal do Pará) e faz parte do Painel de Especialistas para Avaliação Independente dos Estudos de Impacto Ambiental de Belo Monte.
FSP, 01/06/2010, Tendências/Debates, p. A3
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