De Pueblos Indígenas en Brasil
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Índios dão curso de práticas da agricultura tradicional do Rio Negro (AM)
05/05/2014
Autor: Wilde Itaborahy e Laure Empreraire
Fonte: ISA- http://www.socioambiental.org/
Entre 22 e 24/4, em Santa Isabel do Rio Negro (AM), aconteceu o curso Relevância dos Saberes e Práticas da Agricultura Tradicional do Rio Negro (AM). Indígenas conhecedores das práticas relacionadas ao Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SAT-RN) ministraram aulas aos técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam) sobre os processos de abertura, manejo e práticas de roça.
O curso teve como objetivo dar maior visibilidade e apresentar os elementos principais dos saberes e práticas que estão na base do SAT-RN, reconhecido como Patrimônio Imaterial Brasileiro, em 2010 (saiba mais). No evento, foram enfatizadas a soberania alimentar das famílias, as especificidades locais desses saberes e práticas e seus papeis numa agricultura de baixo impacto ambiental que permite a seleção e a conservação de mais de 300 espécies e variedades cultivadas, sendo 110 variedades de manivas.
Durante os três dias do curso, 16 professores indígenas das etnias Baré, Tukano, Pira-Tapuia, Baniwa e Tariano ministraram aulas sobre como abrir uma roça, derrubada de áreas, manejo, cuidados e importância do fogo, escolha do local, tipos de solos; "criação" das manivas, variedades existentes, diferenciação e atributos das plantas; a importância das outras plantas, cultivo e manejo de frutíferas, ervas medicinais, e plantas de uso ritual. Além disso, foram abordados importantes aspectos do processo de transmissão de conhecimento tradicional, a necessidade de envolvimento dos jovens nas atividades da roça e práticas associadas, como benzimentos e confecção de utensílios.
O curso contou ainda com a participação das pesquisadoras Patrícia Bustamante e Tatiana de Sá, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Laure Emperaire, do Institut de Recherche pour le Développemente (IRD), e Raquel Camargo, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) de Roraima, que apresentou experiências de agricultura sustentável desenvolvida na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
O curso faz parte de um conjunto de ações de salvaguarda previstas para o SAT-RN e visa fornecer novas bases para atuação dos agentes técnicos no apoio à agricultura indígena do Rio Negro.
No total, cerca de 40 alunos participaram integralmente do curso. Além dos gerentes, técnicos e extensionistas indígenas e não indígenas do Idam de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos, participaram do evento profissionais da Secretaria de Estado da Produção Rural do Amazonas (Sepror), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), ISA, alunos de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e parceiros das associações indígenas locais: Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN) e Associação Indígena de Barcelos (Asiba).
Mudanças
A demanda das cidades por farinha e outros produtos, o clima, o mercado, o êxodo rural e o uso intensivo da terra na área periurbana, a perda de determinadas variedades de plantas, a escolarização e o distanciamento das crianças das atividades tradicionais e a proposta de modernização oferecida pelo Estado foram temas do debate realizado no último dia do curso.
A mecanização vem sendo proposta como solução para reaproximar os jovens da agricultura, diminuir o esforço gasto no trabalho e a incidência de doenças associadas ao sol e à fumaça. Entretanto, comunidades indígenas e pesquisadores advertem que esse processo precisa acontecer em consonância com as práticas tradicionais, sob o risco de trazer sérios impactos à produtividade e à diversidade de plantas em curto prazo.
A inserção das praticas da agricultura tradicional no currículo escolar foi considerada pelos indígenas como fundamental para manutenção da atividade, uma vez que, atualmente, as crianças deixam de ir à roça para frequentar a escola formal.
Próximos passos
Além do curso, no contexto do processo de salvaguarda do SAT-RN está sendo formado um conselho da roça (Ubuesaita Kupixa Resewara),no qual conhecedores e jovens discutirão as políticas e ações relacionadas ao patrimônio e às formas de envolver a juventude nas atividades tradicionais (leia mais). A primeira reunião geral do conselho está prevista para novembro, na assembleia geral da Foirn, em Santa Isabel do Rio Negro, e terá como tema central o SAT.
Em agosto, em Barcelos, deve acontecer um debate sobre políticas públicas e geração de renda no contexto do SAT, durante o encontro de produtores realizado pela Asiba em parceria com a FOIRN.
O curso foi organizado pela ACIMRN, Asiba, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), Embrapa, Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Iphan, IDR Unidade "Patrimônios Locais" (FR), ISA, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Populações, Agrobiodiversidade e Conhecimentos Tradicionais Associados (Pacta, projeto de pesquisa IRD-Unicamp), Sepror e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A iniciativa teve apoio da Fundação Ford, Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e Ministério da Cultura e da Comunicação da França (MCC).
http://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/indios-dao-curso-de-praticas-da-agricultura-tradicional-do-rio-negro-am
O curso teve como objetivo dar maior visibilidade e apresentar os elementos principais dos saberes e práticas que estão na base do SAT-RN, reconhecido como Patrimônio Imaterial Brasileiro, em 2010 (saiba mais). No evento, foram enfatizadas a soberania alimentar das famílias, as especificidades locais desses saberes e práticas e seus papeis numa agricultura de baixo impacto ambiental que permite a seleção e a conservação de mais de 300 espécies e variedades cultivadas, sendo 110 variedades de manivas.
Durante os três dias do curso, 16 professores indígenas das etnias Baré, Tukano, Pira-Tapuia, Baniwa e Tariano ministraram aulas sobre como abrir uma roça, derrubada de áreas, manejo, cuidados e importância do fogo, escolha do local, tipos de solos; "criação" das manivas, variedades existentes, diferenciação e atributos das plantas; a importância das outras plantas, cultivo e manejo de frutíferas, ervas medicinais, e plantas de uso ritual. Além disso, foram abordados importantes aspectos do processo de transmissão de conhecimento tradicional, a necessidade de envolvimento dos jovens nas atividades da roça e práticas associadas, como benzimentos e confecção de utensílios.
O curso contou ainda com a participação das pesquisadoras Patrícia Bustamante e Tatiana de Sá, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Laure Emperaire, do Institut de Recherche pour le Développemente (IRD), e Raquel Camargo, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) de Roraima, que apresentou experiências de agricultura sustentável desenvolvida na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
O curso faz parte de um conjunto de ações de salvaguarda previstas para o SAT-RN e visa fornecer novas bases para atuação dos agentes técnicos no apoio à agricultura indígena do Rio Negro.
No total, cerca de 40 alunos participaram integralmente do curso. Além dos gerentes, técnicos e extensionistas indígenas e não indígenas do Idam de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos, participaram do evento profissionais da Secretaria de Estado da Produção Rural do Amazonas (Sepror), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), ISA, alunos de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e parceiros das associações indígenas locais: Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN) e Associação Indígena de Barcelos (Asiba).
Mudanças
A demanda das cidades por farinha e outros produtos, o clima, o mercado, o êxodo rural e o uso intensivo da terra na área periurbana, a perda de determinadas variedades de plantas, a escolarização e o distanciamento das crianças das atividades tradicionais e a proposta de modernização oferecida pelo Estado foram temas do debate realizado no último dia do curso.
A mecanização vem sendo proposta como solução para reaproximar os jovens da agricultura, diminuir o esforço gasto no trabalho e a incidência de doenças associadas ao sol e à fumaça. Entretanto, comunidades indígenas e pesquisadores advertem que esse processo precisa acontecer em consonância com as práticas tradicionais, sob o risco de trazer sérios impactos à produtividade e à diversidade de plantas em curto prazo.
A inserção das praticas da agricultura tradicional no currículo escolar foi considerada pelos indígenas como fundamental para manutenção da atividade, uma vez que, atualmente, as crianças deixam de ir à roça para frequentar a escola formal.
Próximos passos
Além do curso, no contexto do processo de salvaguarda do SAT-RN está sendo formado um conselho da roça (Ubuesaita Kupixa Resewara),no qual conhecedores e jovens discutirão as políticas e ações relacionadas ao patrimônio e às formas de envolver a juventude nas atividades tradicionais (leia mais). A primeira reunião geral do conselho está prevista para novembro, na assembleia geral da Foirn, em Santa Isabel do Rio Negro, e terá como tema central o SAT.
Em agosto, em Barcelos, deve acontecer um debate sobre políticas públicas e geração de renda no contexto do SAT, durante o encontro de produtores realizado pela Asiba em parceria com a FOIRN.
O curso foi organizado pela ACIMRN, Asiba, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), Embrapa, Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Iphan, IDR Unidade "Patrimônios Locais" (FR), ISA, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Populações, Agrobiodiversidade e Conhecimentos Tradicionais Associados (Pacta, projeto de pesquisa IRD-Unicamp), Sepror e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A iniciativa teve apoio da Fundação Ford, Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e Ministério da Cultura e da Comunicação da França (MCC).
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