De Pueblos Indígenas en Brasil

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Banda formada por indígenas do nordeste ganha destaque em festivais

20/08/2015

Fonte: Rádio Yandê (Rio de Janeiro - RJ) - www.radioyande.com



O Grupo musical Coisa de Índio é formado por seis indígenas, uma parte de Pernambuco e outros da Bahia. Eles possuem músicas autorais mas priorizam as regionais, composições indígenas de outros autores como do músico Gean Ramos, da etnia Pankararu, grande fonte de inspiração do grupo. Conscientes da importância de suas culturas e força da identidade indígena nordestina, lutam pelo combate aos preconceitos e respeito aos povos indígenas.

A banda é formada por Andeson Cleomar, do Povo Pankararu de Pernambuco, no violão e vocal. Ele aprofunda seus conhecimentos musicais fazendo curso de música. Douglas Gomes, também Pankararu, que é estudante de Direito, na flauta transversal e pífano. Emanuel Santana,Tumbalalá da Bahia, na guitarra e cursa Engenharia da Computação. Daniel Luan, etnia Pankararu, é o atual baixista e estuda odontologia. Jonas Tuxá, na percussão e cajon, estudante de Agronomia, etnia Tuxá de Ibotirama na Bahia. Edivan Queiroz, etnia Fulni-ô de Pernambuco e Pataxó Hã hã hãe da Bahia, também estudante de Agronomia, no violino, escaleta, teclado e vocal.

Com carisma e talento o grupo vem conquistando destaque em eventos e festivais de música em diferentes cidades. Foram classificados neste ano, em segundo lugar no Festival de Musica da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS.

"Ficamos muito felizes, foi um incentivo muito grande pra continuarmos nessa jornada. Só em participar do festival foi muito interessante, não esperávamos ficar entre os finalistas. Mas nossa alegria maior estava em poder mostrar nosso trabalho aos estudantes da UEFS, dizer que estamos aqui, sempre presentes, mostrar a realidade indígena, a diversidade, quem somos atualmente e quebrar esse conceito falso que as pessoas tem dos indígenas, as mentiras que aprendem nos livros didáticos sobre índios escritos por não índios. Sentimos que em cada show, nossa identidade indígena fica mais forte, que ao menos uma pessoa naquela multidão, vai levar na mente um pouco dos índios contemporâneos, um pouco da própria história. É justamente esse um dos objetivos do grupo, levar nossas demandas, a realidade enquanto indígena do século XXI através da musica, promovendo conhecimento sobre a diversidade cultural indígena e Nordestina com suas especificidades, despertando, assim, a reflexão em torno do indígena na contemporaneidade, descontraindo alguns estereótipos." comenta Edivan.

O grupo já possui fãs e músicas próprias, pretendem gravar um cd em breve, de músicas também em línguas indígenas, com o objetivo de estarem reforçando a identidade indígena brasileira. Em suas apresentações trabalham muito com cover, nas músicas do repertório, entra até Lenini, Alceu Valença, Luiz Gonzaga, Zeca Baleio, Maria Betânia, Elba Ramalho, entre outros.

"Até então fizemos shows apenas no estado da Bahia, na maioria das vezes em universidades como a UFBA, UEFS, UFRB e outras. Participamos de dois festivais de música, no primeiro conseguimos o terceiro lugar, e no outro, ficamos em segundo lugar, acho que estamos melhorando a cada dia (risos). Nas universidades tocamos em eventos que de alguma forma tenha a temática indígena nordestina e em eventos culturais da cidade de Feira de Santana. Possivelmente tocaremos no III Encontro Nacional de Estudantes Indígenas- ENEI, em Florianópolis, se tudo ocorrer bem, será nosso primeiro show fora da Bahia.", diz Edivan Queiroz.

A banda também busca mudar a visão preconceituosa de alguma pessoas sobre indígenas do nordeste e os estereótipos a respeito dos povos indígenas em todo país.

"Com certeza, tem sempre aqueles que dizem: 'Desde quando índio tem banda. Falam português?. Esses ai são índios nada.Que legal essa banda, eles se fantasiam de índio.' Certo que em muitos comentários é simplesmente por deficiência de informações referentes aos indígenas, outras vezes por maldade irrigada pelo preconceito. Mas o que realmente me deixa irritado é as pessoas que conhecem a realidade indígena e mesmo assim fazem o máximo possível pra nos colocar pra baixo. Não só por ter uma banda indígena, e sim por sermos indígenas." desabafa Edivan.

O trabalho dos artistas indígenas ainda é pouco divulgado no Brasil, todos enfrentam dificuldades e obstáculos. Bandas indígenas permanecem na invisibilidade, apesar de já existirem músicos profissionais.

"Infelizmente os brasileiros não conhecem os trabalhos de músicos indígenas. O Brasil possui um acervo enorme de riquezas culturais indígena dentro da musica, nacional, a exemplo disso o próprio Gean Ramos, indígena Pankararu tem um trabalho incrível que não deixa a desejar em nenhum aspecto, musicalmente falando. Infelizmente esses trabalhos são muito pouco divulgados nas grandes mídias, evitados, talvez, pois são musicas que estimulam a reflexão critica dos ouvintes, musicas que libertam, e isso para quem esta no poder é arriscada, então eles preferem não arriscar e continuar produzindo as mesmas progressões harmônicas. Para entrar na grade nacional, temos que conquistar primeiramente os povos indígenas e aí invadirmos as portas dos fundos do reconhecimento desse trabalho. Os obstáculos são muitos, desde a falta de recursos financeiros para instrumentos e equipamentos de som, até mesmo o reconhecimento da banda em questão para possíveis convites, contratos, gravações etc.", reflete Edivan.

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