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INDÍGENAS BRASILEIROS: OS WARI' E O CANIBALISMO
03/06/2019
Autor: Joseane Pereira
Fonte: Aventuras na história https://aventurasnahistoria.uol.com.br
Os Wari', grupo indígena que originalmente se situa no noroeste da Amazônia, são uma das várias etnias brasileiras com costumes ainda não totalmente compreendidos por nós. Sua sociedade é igualitária (sem chefes ou especialistas de qualquer espécie) e para eles, certas espécies de plantas e animais também são consideradas humanas, por serem dotados de espírito.
Em 1960, após serem reduzidos à metade da população por conflitos com seringueiros e epidemias, os Wari' foram agrupados em um pequeno território do Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Isso fez com que o grupo deixasse de praticar outro ato característico: o canibalismo ritual, que ocorria por dois motivos muito diferentes.
Canibalismo de guerra
Os Wari' consideram seus inimigos como parentes que se distanciaram e cujas relações de amizade foram rompidas. Durante as guerras, quando os inimigos eram mortos, partes deles eram levadas às aldeias dos matadores e comidas por suas esposas e outros adultos da aldeia. A carne era assada e ingerida em grandes pedaços.
Os matadores entravam em reclusão, permanecendo deitados e evitando ferimentos. A ideia era que o sangue do inimigo morto, que simbolicamente estava dentro do guerreiro, continuasse por lá. Seu único alimento era uma bebida de milho não fermentada, chamada Chicha.
Por conter dentro de si o sangue do inimigo, o matador não podia comer seu corpo. Isso simbolizaria um auto-canibalismo, e provocaria sua morte.Com a invasão das terras Wari' pelos seringueiros, no início do século 20, os brancos é que viraram os inimigos, devido a ataques que causavam a morte de membros da aldeia.
Com isso, o governo se apressou em agrupá-los num território específico, para acabar com as mortes e, principalmente, abrir caminho para a extração da borracha.
Canibalismo funerário
A segunda prática de canibalismo se dava entre os mortos do grupo. Quem organizava o funeral eram os parentes de sangue, considerados seus parentes verdadeiros, e quem fazia a coisa acontecer eram os parentes distantes (geralmente a família da esposa ou do marido do falecido).
Como alguns parentes de sangue viviam em outras aldeias, o funeral demorava cerca de 3 dias para acontecer. Enquanto isso, o cadáver apodrecia. E era nesse estado que o morto era oferecido para os parentes distantes comerem: sua carne podre, cortada e desfiada, era depositada sobre uma esteira com pamonha e milho.
Espetada em pauzinhos, a carne era quase intragável e às vezes impossível de comer. O que não se comia era queimado junto com cabelos e órgãos internos. Os ossos eram macerados e ingeridos com mel, geralmente pelos netos do morto.
Laços imortais
Segundo a crença Wari', após o ritual de canibalismo o espírito do parente passava a viver no mundo subaquático dos mortos, em uma sociedade paralela formada por aldeias sob as águas. O morto que sentisse saudade de seus familiares vivos, ou tivesse vontade de passear pela terra, poderia voltar na forma de queixada, uma espécie de porco selvagem, que era caçada e comida pelos Wari'.
O ancestral em forma de animal se aproximava de um caçador que era seu parente próximo, permitindo que este o matasse para que sua carne alimentasse a própria família. Assim, os laços de ajuda mútua, que são o cerne da vida familiar Wari', continuavam depois da morte em uma relação na qual os vivos e os mortos se alternavam na posição de predador e presa.
Saiba Mais
Informaçõs sobre os Wari' no Instituto Sociocioambiental: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Wari'
CASTRO, Eduardo Viveiros de. A Inconstância da Alma Selvagem. Editora Cosac Naify, 2014.
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/os-wari-e-o-canibalismo.phtml
Em 1960, após serem reduzidos à metade da população por conflitos com seringueiros e epidemias, os Wari' foram agrupados em um pequeno território do Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Isso fez com que o grupo deixasse de praticar outro ato característico: o canibalismo ritual, que ocorria por dois motivos muito diferentes.
Canibalismo de guerra
Os Wari' consideram seus inimigos como parentes que se distanciaram e cujas relações de amizade foram rompidas. Durante as guerras, quando os inimigos eram mortos, partes deles eram levadas às aldeias dos matadores e comidas por suas esposas e outros adultos da aldeia. A carne era assada e ingerida em grandes pedaços.
Os matadores entravam em reclusão, permanecendo deitados e evitando ferimentos. A ideia era que o sangue do inimigo morto, que simbolicamente estava dentro do guerreiro, continuasse por lá. Seu único alimento era uma bebida de milho não fermentada, chamada Chicha.
Por conter dentro de si o sangue do inimigo, o matador não podia comer seu corpo. Isso simbolizaria um auto-canibalismo, e provocaria sua morte.Com a invasão das terras Wari' pelos seringueiros, no início do século 20, os brancos é que viraram os inimigos, devido a ataques que causavam a morte de membros da aldeia.
Com isso, o governo se apressou em agrupá-los num território específico, para acabar com as mortes e, principalmente, abrir caminho para a extração da borracha.
Canibalismo funerário
A segunda prática de canibalismo se dava entre os mortos do grupo. Quem organizava o funeral eram os parentes de sangue, considerados seus parentes verdadeiros, e quem fazia a coisa acontecer eram os parentes distantes (geralmente a família da esposa ou do marido do falecido).
Como alguns parentes de sangue viviam em outras aldeias, o funeral demorava cerca de 3 dias para acontecer. Enquanto isso, o cadáver apodrecia. E era nesse estado que o morto era oferecido para os parentes distantes comerem: sua carne podre, cortada e desfiada, era depositada sobre uma esteira com pamonha e milho.
Espetada em pauzinhos, a carne era quase intragável e às vezes impossível de comer. O que não se comia era queimado junto com cabelos e órgãos internos. Os ossos eram macerados e ingeridos com mel, geralmente pelos netos do morto.
Laços imortais
Segundo a crença Wari', após o ritual de canibalismo o espírito do parente passava a viver no mundo subaquático dos mortos, em uma sociedade paralela formada por aldeias sob as águas. O morto que sentisse saudade de seus familiares vivos, ou tivesse vontade de passear pela terra, poderia voltar na forma de queixada, uma espécie de porco selvagem, que era caçada e comida pelos Wari'.
O ancestral em forma de animal se aproximava de um caçador que era seu parente próximo, permitindo que este o matasse para que sua carne alimentasse a própria família. Assim, os laços de ajuda mútua, que são o cerne da vida familiar Wari', continuavam depois da morte em uma relação na qual os vivos e os mortos se alternavam na posição de predador e presa.
Saiba Mais
Informaçõs sobre os Wari' no Instituto Sociocioambiental: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Wari'
CASTRO, Eduardo Viveiros de. A Inconstância da Alma Selvagem. Editora Cosac Naify, 2014.
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/os-wari-e-o-canibalismo.phtml
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