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Padre Justino: 'A igreja presente entre os povos indígenas precisa ser diferente'

01/01/2025

Autor: Luana Ibelli e Lucas Weber

Fonte: Brasil de Fato - https://www.brasildefato.com.br/



Padre Justino: 'A igreja presente entre os povos indígenas precisa ser diferente'
O Bem Viver traz a história do primeiro padre indígena da etnia Tuyuka, que tem mais 30 anos de sacerdócio
Luana Ibelli e Lucas Weber
01 de janeiro de 2025 às 11:00

O Bem Viver inicia 2025 com a história do padre Justino Rezende, primeiro sacerdote católico indígena da etnia Tuyuka. Ele nasceu na aldeia Onça-Igarapé, em São Gabriel da Cachoeira, município mais indígena do Brasil, que fica no estado do Amazonas. Padre Justino é mestre, doutor e pós-doutorando em antropologia social pela Universidade Federal do Amazonas, com 30 anos de sacerdócio. Durante os preparativos do Sínodo da Amazônia, ele teve a oportunidade de se reunir com o Papa Francisco.

Padre Justino relembra a motivação para se tornar um sacerdote salesiano: "O que me motivou era ver os missionários falando português para os velhinhos que não entendiam português. Eu ficava pensando que eu poderia ser padre para falar na língua Tuyuka, para eles entenderem melhor. Isso que mexeu comigo".

No entanto, os dias de seminário em Manaus, com outros jovens não-indígenas, foram difíceis para ele. "Lá foi mais sofrido, porque eles viviam chamando a gente de 'índio, índio, índio'. Isso vinha de um ambiente onde a ideia principal era civilizar, fazer com que os indígenas deixassem de ser indígenas. Quando cheguei em Manaus foi um choque, porque aquilo que eu não desejava ser chamado, aconteceu. Por isso, outros jovens indígenas deixavam o seminário. Então, eu fui enfrentando", relembra.

Outra grande motivação do padre Justino foi acolher a cultura de seu povo. "Quando me tornei sacerdote, eu queria criar uma nova forma de atuar como missionário, de fazer as celebrações de missa, uma língua própria, a inserção dos ritmos de música, as pinturas, nossos cocares. Hoje em dia está mais do que claro que a igreja que está presente entre os povos indígenas precisa ser uma igreja diferente, valorizando suas linguagens próprias, suas músicas, dialogar com nossa espiritualidade", defende.

Para além do sacerdócio, padre Justino ressalta a importância da trajetória acadêmica na valorização dos conhecimentos indígenas.

"Agora mais recentemente, de 15 anos para cá, nós temos entrado nas universidades. E aí que a gente se sente mesmo com vontade de fazer a diferença, mostrar que nós temos conhecimentos para oferecer para a universidade. Enquanto eles dizem 'os indígenas vão tirar a qualidade do ensino', a gente pensa 'não, nós vamos trazer conhecimentos para enriquecer a universidade'. Existem ainda essas tensões internas, por isso que esses títulos de mestre, doutorado, pós-doutorado, que a gente vai fazendo, também é para provar que nós temos capacidade. Hoje em dia tem muitos indígenas nas universidades brasileiras, vai tomando corpo o pensar e os conhecimentos indígenas", afirma Justino.

A entrevista completa está no áudio que acompanha esta reportagem.

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