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Crimes ambientais na COP do Clima
01/04/2025
Autor: CARVALHO, Ilona Szabó
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Crimes ambientais na COP do Clima
Motor do desmatamento na Amazônia, esses crimes precisam ser tema central na COP30
Ilona Szabó de Carvalho
Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)
01/04/2025
A associação entre as mudanças climáticas e as cadeias ilícitas responsáveis pelo desmatamento e perda de biodiversidade em biomas fundamentais como as florestas tropicais ainda não é compreendida como prioridade no debate global sobre financiamento climático, pautado pelos países desenvolvidos. E precisa ser.
A presidência da COP30, na Amazônia brasileira, traz uma oportunidade única para trazer as florestas para o centro das COPs e priorizar o enfrentamento aos crimes ambientais na agenda de ação sobre clima e natureza, mobilizando apoio e capital internacionais. E, com essa lente, a conversa sobre investimento não se restringe a comando e controle, mas traz o foco para novas economias regenerativas, que ofereçam alternativas econômicas a quem hoje destrói a floresta por necessidade.
E por que isso é prioritário?
O desmatamento ilegal, impulsionado por crimes ambientais e crimes convergentes, gera perda de biodiversidade, alterações no uso do solo e tem transformado partes do bioma amazônico -um sumidouro essencial de carbono- em emissor de carbono, contribuindo e acelerando as alterações climáticas.
Essas mudanças criam as condições ideais para incêndios florestais que devastam ainda mais as florestas. Isso se deve ao aumento da temperatura, à redução da umidade do solo e do ar e à intensificação de eventos climáticos extremos, como secas e ondas de calor.
Esse ciclo de retroalimentação é mortal e direciona a floresta ao ponto de não retorno. Não podemos permitir que isso continue.
Não há como limitar o aquecimento global a 1,5oC, a meta do Acordo de Paris, sem a bacia Amazônica.
No Brasil, que abriga mais de 60% da bacia Amazônica, cerca de 90% do desmatamento é ilegal. Uma proporção igualmente alta ocorre nos demais países amazônicos. Alimentados por mercados ilícitos interconectados, os crimes ambientais -a terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo- são, portanto, o motor do desmatamento. Isso inclui grilagem de terras, extração seletiva de madeira, mineração ilegal e uma agropecuária marcada por ilicitudes.
Na maioria dos países, os crimes ambientais ainda são tratados como de segunda classe pelas polícias e pelo sistema de justiça criminal. Dependendo dos governos, podem ser incentivados, em vez de punidos.
Muitos investidores, públicos e privados, ainda se esquivam do tema, tido como estranho aos negócios, fazendo vista grossa para suas conexões com cadeias produtivas globais e com o sistema financeiro internacional, por onde circulam e são lavados os produtos e os lucros da destruição ambiental.
A boa notícia é que o Brasil tem, por um lado, reduzido o desmatamento e, por outro, oferecido oportunidades de investimento, como o restauro ecológico e produtivo florestal, que precisa virar mainstream. Afinal, restaurar florestas é a tecnologia de captura de carbono mais acessível e escalável disponível.
Na COP30, temos a chance de protagonizar a integração da natureza e das florestas à agenda climática. O principal resultado que a agenda de ação pode entregar para as florestas tropicais é a mobilização do investimento necessário para transformar os ecossistemas de crimes ambientais em ecossistemas de empreendimentos verdes, nos quais bioeconomias íntegras e inclusivas redefinam os modelos econômicos insustentáveis vigentes.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ilona-szabo/2025/04/crimes-ambientais-na-cop-do-clima.shtml
Motor do desmatamento na Amazônia, esses crimes precisam ser tema central na COP30
Ilona Szabó de Carvalho
Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)
01/04/2025
A associação entre as mudanças climáticas e as cadeias ilícitas responsáveis pelo desmatamento e perda de biodiversidade em biomas fundamentais como as florestas tropicais ainda não é compreendida como prioridade no debate global sobre financiamento climático, pautado pelos países desenvolvidos. E precisa ser.
A presidência da COP30, na Amazônia brasileira, traz uma oportunidade única para trazer as florestas para o centro das COPs e priorizar o enfrentamento aos crimes ambientais na agenda de ação sobre clima e natureza, mobilizando apoio e capital internacionais. E, com essa lente, a conversa sobre investimento não se restringe a comando e controle, mas traz o foco para novas economias regenerativas, que ofereçam alternativas econômicas a quem hoje destrói a floresta por necessidade.
E por que isso é prioritário?
O desmatamento ilegal, impulsionado por crimes ambientais e crimes convergentes, gera perda de biodiversidade, alterações no uso do solo e tem transformado partes do bioma amazônico -um sumidouro essencial de carbono- em emissor de carbono, contribuindo e acelerando as alterações climáticas.
Essas mudanças criam as condições ideais para incêndios florestais que devastam ainda mais as florestas. Isso se deve ao aumento da temperatura, à redução da umidade do solo e do ar e à intensificação de eventos climáticos extremos, como secas e ondas de calor.
Esse ciclo de retroalimentação é mortal e direciona a floresta ao ponto de não retorno. Não podemos permitir que isso continue.
Não há como limitar o aquecimento global a 1,5oC, a meta do Acordo de Paris, sem a bacia Amazônica.
No Brasil, que abriga mais de 60% da bacia Amazônica, cerca de 90% do desmatamento é ilegal. Uma proporção igualmente alta ocorre nos demais países amazônicos. Alimentados por mercados ilícitos interconectados, os crimes ambientais -a terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo- são, portanto, o motor do desmatamento. Isso inclui grilagem de terras, extração seletiva de madeira, mineração ilegal e uma agropecuária marcada por ilicitudes.
Na maioria dos países, os crimes ambientais ainda são tratados como de segunda classe pelas polícias e pelo sistema de justiça criminal. Dependendo dos governos, podem ser incentivados, em vez de punidos.
Muitos investidores, públicos e privados, ainda se esquivam do tema, tido como estranho aos negócios, fazendo vista grossa para suas conexões com cadeias produtivas globais e com o sistema financeiro internacional, por onde circulam e são lavados os produtos e os lucros da destruição ambiental.
A boa notícia é que o Brasil tem, por um lado, reduzido o desmatamento e, por outro, oferecido oportunidades de investimento, como o restauro ecológico e produtivo florestal, que precisa virar mainstream. Afinal, restaurar florestas é a tecnologia de captura de carbono mais acessível e escalável disponível.
Na COP30, temos a chance de protagonizar a integração da natureza e das florestas à agenda climática. O principal resultado que a agenda de ação pode entregar para as florestas tropicais é a mobilização do investimento necessário para transformar os ecossistemas de crimes ambientais em ecossistemas de empreendimentos verdes, nos quais bioeconomias íntegras e inclusivas redefinam os modelos econômicos insustentáveis vigentes.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ilona-szabo/2025/04/crimes-ambientais-na-cop-do-clima.shtml
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