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Bonecas Karajá ganham Plano de Salvaguarda elaborado pelo Iphan
30/04/2025
Autor: Clenon dos Santos
Fonte: O Popular - opopular.com.br
Tombadas como patrimônios imateriais do Brasil, as bonecas Karajá e seus modos de fazer ganham um Plano de Salvaguarda para garantir a continuidade da prática cultural
Por meio do barro da região do Araguaia, pouco a pouco as bonecas ganham formas únicas, feitas de argila modeladas e pintadas com urucum e ixarunina. Para os adornos, cera de abelha, linha de algodão e miçangas. Tombadas como patrimônios imateriais brasileiros desde 2012, as bonecas Karajá e seus modos de fazer agora conquistam um Plano de Salvaguarda elaborado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
As bonecas representam a cultura e a vida de determinados povos originários da região de Goiás, Tocantins, Pará e Mato Grosso. Mais do que simples objetos lúdicos, as criações falam sobre a cultura dos povos originários. Também reproduzem o ordenamento sociocultural e familiar daqueles povos que se concentram, principalmente, às margens do Araguaia.
"Da comunidade Karajá, foi reconhecido o modo de fazer das bonecas e o hitiokô, que é a cosmologia vinculada a esse modo de fazer", explica a historiadora do Iphan, Renata Galvão, que esteve na equipe de pesquisa do documento. "Inicialmente, elas eram feitas para que as mulheres repassassem para as filhas. Elas têm uma concepção de ensinamento de transmissão de valores", completa.
Elder Rocha Lima deixa projeto em homenagem aos 300 anos da cidade de Goiás
A elaboração do Plano de Salvaguarda é resultado de um extenso trabalho de mobilização coordenado conjuntamente pelas equipes técnicas das superintendências do Iphan nos estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins, desde 2019. A ideia era de que representantes das comunidades detentoras de diferentes localidades do território Karajá pudessem reunir-se com parceiros institucionais e, de forma participativa, elaborassem o documento coletivo.
Durante o período da pesquisa, foram realizados contatos com os caciques, as lideranças de cada aldeia, para obter os dados sobre as representantes de cada local e intermediar o deslocamento das participantes com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas. "A cada contato foi reforçada a importância da participação na reunião, sobretudo das mulheres", comenta Renata.
O documento chega em uma boa hora para as comunidades indígenas. É a partir do Plano de Salvaguarda que o Iphan vai poder trabalhar na manutenção, preservação e acolhimento das demandas para que os modos de fazer das bonecas não se percam com o tempo. "Agora, temos que manter a mobilização com a comunidade detentora e a articulação com os parceiros envolvidos para começarmos a executar os trabalhos", diz a pesquisadora.
Mecanismos
A primeira ação que a equipe tenta organizar é a criação de uma estrutura física com ferramentas para garantir a continuidade da prática cultural. "Ter um espaço para que as mulheres possam realizar as atividades é o ponto de partida para pensarmos nas outras ações prioritárias, como a comercialização dos produtos evitando os atravessadores que exploram comprando os produtos em valores muito baixos e revendendo com altos preços, a logística das vendas e a realização de oficinas de transmissão dos saberes", destaca Renata.
Os desafios são muitos para que as ações do Plano de Salvaguarda possam seguir adiante. Segundo a historiadora, doutoranda em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG), a comunidade indígena tem língua e tempo próprios, além de outras dinâmicas de vida. Tudo isso faz com que as ações se tornem bem mais complexas.
"Estamos falando de uma comunidade indígena, que está em territórios espalhados por quatro unidades da federação. Algumas estão em locais de difícil acesso, logo, qualquer ação de mobilização impõe uma articulação complexa e cara de logística de deslocamento", salienta Renata. A questão dos investimentos destinados também dificulta a efetivação das ações do Plano. "Infelizmente, a Cultura tem um dos menores orçamentos, logo, recurso para nós é sempre um desafio enfrentado", lamenta.
Com motivos mitológicos, de rituais, da vida cotidiana e da fauna, as bonecas Karajá são instrumentos de socialização das crianças que se enxergam nesses objetos e aprendem a ser Karajá. Elas recebem ensinamentos, conhecem as técnicas e os saberes associados à sua confecção e aos usos. Por representarem cenas do cotidiano e dos ciclos rituais, elas portam e articulam sistemas de significação da cultura Karajá.
Segundo o Plano de Salvaguarda do Iphan, a pintura e a decoração das cerâmicas estão associadas, respectivamente, à pintura corporal dos Karajá e às peças de vestuário e adorno consideradas tradicionais. Indicativos de categorias de gênero, idade e estatuto social, a pintura e os adereços complementam a representação figurativa das bonecas. "Um detalhe é que Karajá é um termo que foi atribuído a eles. Hoje eles até se apropriaram do nome, mas dentro da comunidade eles se autodenominam como Iny. É assim que eles se veem", completa a historiadora Renata Galvão.
Ritos ancestrais
Com motivos mitológicos, de rituais, da vida cotidiana e da fauna, as bonecas Karajá são instrumentos de socialização das crianças que se enxergam nesses objetos e aprendem a ser Karajá. Elas recebem ensinamentos, conhecem as técnicas e os saberes associados à sua confecção e aos usos. Por representarem cenas do cotidiano e dos ciclos rituais, elas portam e articulam sistemas de significação da cultura Karajá.
Segundo o Plano de Salvaguarda do Iphan, a pintura e a decoração das cerâmicas estão associadas, respectivamente, à pintura corporal dos Karajá e às peças de vestuário e adorno consideradas tradicionais. Indicativos de categorias de gênero, idade e estatuto social, a pintura e os adereços complementam a representação figurativa das bonecas. "Um detalhe é que Karajá é um termo que foi atribuído a eles. Hoje eles até se apropriaram do nome, mas dentro da comunidade eles se autodenominam como Iny. É assim que eles se veem", completa a historiadora Renata Galvão.
https://opopular.com.br/magazine/bonecas-karaja-ganham-plano-de-salvaguarda-elaborado-pelo-iphan-1.3258646
Por meio do barro da região do Araguaia, pouco a pouco as bonecas ganham formas únicas, feitas de argila modeladas e pintadas com urucum e ixarunina. Para os adornos, cera de abelha, linha de algodão e miçangas. Tombadas como patrimônios imateriais brasileiros desde 2012, as bonecas Karajá e seus modos de fazer agora conquistam um Plano de Salvaguarda elaborado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
As bonecas representam a cultura e a vida de determinados povos originários da região de Goiás, Tocantins, Pará e Mato Grosso. Mais do que simples objetos lúdicos, as criações falam sobre a cultura dos povos originários. Também reproduzem o ordenamento sociocultural e familiar daqueles povos que se concentram, principalmente, às margens do Araguaia.
"Da comunidade Karajá, foi reconhecido o modo de fazer das bonecas e o hitiokô, que é a cosmologia vinculada a esse modo de fazer", explica a historiadora do Iphan, Renata Galvão, que esteve na equipe de pesquisa do documento. "Inicialmente, elas eram feitas para que as mulheres repassassem para as filhas. Elas têm uma concepção de ensinamento de transmissão de valores", completa.
Elder Rocha Lima deixa projeto em homenagem aos 300 anos da cidade de Goiás
A elaboração do Plano de Salvaguarda é resultado de um extenso trabalho de mobilização coordenado conjuntamente pelas equipes técnicas das superintendências do Iphan nos estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins, desde 2019. A ideia era de que representantes das comunidades detentoras de diferentes localidades do território Karajá pudessem reunir-se com parceiros institucionais e, de forma participativa, elaborassem o documento coletivo.
Durante o período da pesquisa, foram realizados contatos com os caciques, as lideranças de cada aldeia, para obter os dados sobre as representantes de cada local e intermediar o deslocamento das participantes com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas. "A cada contato foi reforçada a importância da participação na reunião, sobretudo das mulheres", comenta Renata.
O documento chega em uma boa hora para as comunidades indígenas. É a partir do Plano de Salvaguarda que o Iphan vai poder trabalhar na manutenção, preservação e acolhimento das demandas para que os modos de fazer das bonecas não se percam com o tempo. "Agora, temos que manter a mobilização com a comunidade detentora e a articulação com os parceiros envolvidos para começarmos a executar os trabalhos", diz a pesquisadora.
Mecanismos
A primeira ação que a equipe tenta organizar é a criação de uma estrutura física com ferramentas para garantir a continuidade da prática cultural. "Ter um espaço para que as mulheres possam realizar as atividades é o ponto de partida para pensarmos nas outras ações prioritárias, como a comercialização dos produtos evitando os atravessadores que exploram comprando os produtos em valores muito baixos e revendendo com altos preços, a logística das vendas e a realização de oficinas de transmissão dos saberes", destaca Renata.
Os desafios são muitos para que as ações do Plano de Salvaguarda possam seguir adiante. Segundo a historiadora, doutoranda em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG), a comunidade indígena tem língua e tempo próprios, além de outras dinâmicas de vida. Tudo isso faz com que as ações se tornem bem mais complexas.
"Estamos falando de uma comunidade indígena, que está em territórios espalhados por quatro unidades da federação. Algumas estão em locais de difícil acesso, logo, qualquer ação de mobilização impõe uma articulação complexa e cara de logística de deslocamento", salienta Renata. A questão dos investimentos destinados também dificulta a efetivação das ações do Plano. "Infelizmente, a Cultura tem um dos menores orçamentos, logo, recurso para nós é sempre um desafio enfrentado", lamenta.
Com motivos mitológicos, de rituais, da vida cotidiana e da fauna, as bonecas Karajá são instrumentos de socialização das crianças que se enxergam nesses objetos e aprendem a ser Karajá. Elas recebem ensinamentos, conhecem as técnicas e os saberes associados à sua confecção e aos usos. Por representarem cenas do cotidiano e dos ciclos rituais, elas portam e articulam sistemas de significação da cultura Karajá.
Segundo o Plano de Salvaguarda do Iphan, a pintura e a decoração das cerâmicas estão associadas, respectivamente, à pintura corporal dos Karajá e às peças de vestuário e adorno consideradas tradicionais. Indicativos de categorias de gênero, idade e estatuto social, a pintura e os adereços complementam a representação figurativa das bonecas. "Um detalhe é que Karajá é um termo que foi atribuído a eles. Hoje eles até se apropriaram do nome, mas dentro da comunidade eles se autodenominam como Iny. É assim que eles se veem", completa a historiadora Renata Galvão.
Ritos ancestrais
Com motivos mitológicos, de rituais, da vida cotidiana e da fauna, as bonecas Karajá são instrumentos de socialização das crianças que se enxergam nesses objetos e aprendem a ser Karajá. Elas recebem ensinamentos, conhecem as técnicas e os saberes associados à sua confecção e aos usos. Por representarem cenas do cotidiano e dos ciclos rituais, elas portam e articulam sistemas de significação da cultura Karajá.
Segundo o Plano de Salvaguarda do Iphan, a pintura e a decoração das cerâmicas estão associadas, respectivamente, à pintura corporal dos Karajá e às peças de vestuário e adorno consideradas tradicionais. Indicativos de categorias de gênero, idade e estatuto social, a pintura e os adereços complementam a representação figurativa das bonecas. "Um detalhe é que Karajá é um termo que foi atribuído a eles. Hoje eles até se apropriaram do nome, mas dentro da comunidade eles se autodenominam como Iny. É assim que eles se veem", completa a historiadora Renata Galvão.
https://opopular.com.br/magazine/bonecas-karaja-ganham-plano-de-salvaguarda-elaborado-pelo-iphan-1.3258646
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