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Por que não vamos à COP30
16/06/2025
Autor: ROCHA, Nathalia
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Por que não vamos à COP30
Conferências se tornaram uma bolha de ativistas progressistas que pouco dialoga com a população; ambientalismo deve unir prosperidade e preservação
16/06/2025
Nathalia Rocha
Diretora-executiva da organização ambiental Morada Comum
A COP30, que ocorrerá em Belém do Pará em novembro próximo, é a mais nova edição de um ritual que se repete ano após ano: grandes discursos, promessas solenes, imagens oficiais. Mas, enquanto as palavras ecoam nas salas de conferência, a crise climática segue se agravando no mundo real. A amazônia continua sendo desmatada -inclusive no próprio Pará- e milhões de pessoas ainda enfrentam os efeitos diários das mudanças no clima.
As conferências do clima da ONU têm se tornado palanques políticos, mais voltados à encenação do que à construção de soluções concretas. Foi com base nessa constatação que nossa organização ambiental, a Morada Comum, decidiu não participar da COP30.
A experiência recente mostra o motivo. A COP29, em Baku, foi um espetáculo de greenwashing. Terminou sem um plano claro para levantar o US$ 1,3 trilhão anuais que o mundo precisa para enfrentar a crise climática até 2035. Questões cruciais, como adaptação, transição justa e a necessidade de medidas de mitigação, avançaram pouco ou nada. No lugar de resultados, prevaleceu a frustração, sobretudo nos países mais vulneráveis.
Além disso, participar da COP30 tornou-se logisticamente inviável. Os custos de hospedagem e transporte explodiram. A falta de coordenação entre iniciativas reduz a efetividade da presença de organizações da sociedade civil.
Mas o problema vai além. Eventos como a COP30 vêm afastando o ambientalismo da sociedade. As conferências se tornaram uma bolha de ativistas progressistas que pouco dialoga com a população. O resultado é que cresce o ceticismo em relação à capacidade dessas instituições de liderar soluções reais.
Segundo o Edelman Trust Barometer, menos de 50% da população global acredita hoje na eficácia das organizações multilaterais. Em pesquisas que realizamos em 2023, descobrimos que 75% dos brasileiros se preocupam com as mudanças climáticas e uma parcela similar vê a natureza como um dos principais motivos de orgulho do país. Mas só 8% se sentem representados por ambientalistas.
Como já dizia o filósofo britânico conservador Roger Scruton, as soluções mais eficazes para a crise climática nascem nas comunidades, entre pessoas que conhecem seu território e têm um vínculo real com ele. Não em salas fechadas nem em compromissos genéricos.
Enquanto o mundo estará reunido em Belém, o povo gaúcho ainda tenta reconstruir suas vidas após uma das piores enchentes da história do Brasil. É por isso que escolhemos a ação. Em novembro, em parceria com igrejas locais, realizaremos uma travessia simbólica pelo rio Taquari. Vamos ajudar a população a ressignificar sua relação com o rio e reconstruir esperanças. Isso é impacto real.
Não somos contrários às negociações multilaterais. Elas têm um papel importante, mas precisam urgentemente de renovação. A COP30 só terá relevância se marcar o início de um novo modelo: centrado nas pessoas, em soluções práticas e em participação cidadã.
Enquanto isso não acontece, seguiremos outro caminho. Um ambientalismo que une prosperidade e preservação. Um ambientalismo de resultados. Com menos holofotes -e mais coerência. Por isso, não vamos à COP30. E temos plena convicção dessa escolha.
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2025/06/por-que-nao-vamos-a-cop30.shtml
Conferências se tornaram uma bolha de ativistas progressistas que pouco dialoga com a população; ambientalismo deve unir prosperidade e preservação
16/06/2025
Nathalia Rocha
Diretora-executiva da organização ambiental Morada Comum
A COP30, que ocorrerá em Belém do Pará em novembro próximo, é a mais nova edição de um ritual que se repete ano após ano: grandes discursos, promessas solenes, imagens oficiais. Mas, enquanto as palavras ecoam nas salas de conferência, a crise climática segue se agravando no mundo real. A amazônia continua sendo desmatada -inclusive no próprio Pará- e milhões de pessoas ainda enfrentam os efeitos diários das mudanças no clima.
As conferências do clima da ONU têm se tornado palanques políticos, mais voltados à encenação do que à construção de soluções concretas. Foi com base nessa constatação que nossa organização ambiental, a Morada Comum, decidiu não participar da COP30.
A experiência recente mostra o motivo. A COP29, em Baku, foi um espetáculo de greenwashing. Terminou sem um plano claro para levantar o US$ 1,3 trilhão anuais que o mundo precisa para enfrentar a crise climática até 2035. Questões cruciais, como adaptação, transição justa e a necessidade de medidas de mitigação, avançaram pouco ou nada. No lugar de resultados, prevaleceu a frustração, sobretudo nos países mais vulneráveis.
Além disso, participar da COP30 tornou-se logisticamente inviável. Os custos de hospedagem e transporte explodiram. A falta de coordenação entre iniciativas reduz a efetividade da presença de organizações da sociedade civil.
Mas o problema vai além. Eventos como a COP30 vêm afastando o ambientalismo da sociedade. As conferências se tornaram uma bolha de ativistas progressistas que pouco dialoga com a população. O resultado é que cresce o ceticismo em relação à capacidade dessas instituições de liderar soluções reais.
Segundo o Edelman Trust Barometer, menos de 50% da população global acredita hoje na eficácia das organizações multilaterais. Em pesquisas que realizamos em 2023, descobrimos que 75% dos brasileiros se preocupam com as mudanças climáticas e uma parcela similar vê a natureza como um dos principais motivos de orgulho do país. Mas só 8% se sentem representados por ambientalistas.
Como já dizia o filósofo britânico conservador Roger Scruton, as soluções mais eficazes para a crise climática nascem nas comunidades, entre pessoas que conhecem seu território e têm um vínculo real com ele. Não em salas fechadas nem em compromissos genéricos.
Enquanto o mundo estará reunido em Belém, o povo gaúcho ainda tenta reconstruir suas vidas após uma das piores enchentes da história do Brasil. É por isso que escolhemos a ação. Em novembro, em parceria com igrejas locais, realizaremos uma travessia simbólica pelo rio Taquari. Vamos ajudar a população a ressignificar sua relação com o rio e reconstruir esperanças. Isso é impacto real.
Não somos contrários às negociações multilaterais. Elas têm um papel importante, mas precisam urgentemente de renovação. A COP30 só terá relevância se marcar o início de um novo modelo: centrado nas pessoas, em soluções práticas e em participação cidadã.
Enquanto isso não acontece, seguiremos outro caminho. Um ambientalismo que une prosperidade e preservação. Um ambientalismo de resultados. Com menos holofotes -e mais coerência. Por isso, não vamos à COP30. E temos plena convicção dessa escolha.
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2025/06/por-que-nao-vamos-a-cop30.shtml
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