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Preservar o pau-brasil é questão ambiental e cultural
08/07/2025
Autor: NEVES, Daniel
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/
Preservar o pau-brasil é questão ambiental e cultural
Perda da árvore, matéria-prima para arcos de instrumentos de corda, comprometeria séculos de tradição artesanal e sonora
08/07/2025
Daniel Neves
Presidente da Associação Nacional da Indústria da Música
Símbolo nacional e protagonista discreto em salas de concerto ao redor do mundo, o pau-brasil vive hoje entre a história e a sobrevivência. Nativo da Mata Atlântica e ameaçado de extinção, ainda é a matéria-prima mais valorizada para arcos de instrumentos de corda, como os violinos. Insubstituível para músicos profissionais, sua perda comprometeria séculos de tradição artesanal e sonora.
A Associação Nacional da Indústria da Música, representante dos archeteiros - artesãos que produzem esses arcos -, atua ao lado de universidades, instituições públicas e centros de pesquisa na preservação da espécie. No Espírito Santo, milhares de mudas de pau-brasil - ou Pernambuco wood, como é conhecido internacionalmente - vêm sendo plantadas desde 2006 pelo Programa de Fomento Florestal, parceria entre Instituto Verde Brasil, governo estadual e Incra.
A Universidade Federal do Espírito Santo conduz, há mais de uma década, estudos sobre variações na densidade da madeira e características genéticas que favorecem seu uso industrial. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro também é referência no manejo sustentável da espécie.
Esses avanços, porém, precisam ser convertidos em políticas públicas. Defendemos duas frentes fundamentais. A primeira é garantir que pesquisas com árvores reflorestadas avancem sem barreiras burocráticas. A segunda é apoiar, junto ao Ibama e ao Itamaraty, a inclusão do pau-brasil nativo no Anexo I da Cites - convenção que regula o comércio internacional de espécies -, conferindo-lhe máxima proteção. A proposta será votada na próxima conferência, no Uzbequistão, entre 24 de novembro e 5 de dezembro. Em paralelo, propomos manter a madeira reflorestada no Anexo II, com uso legal e sustentável.
Mais de 50 representantes de universidades, centros de pesquisa, luthiers, músicos e orquestras assinaram a "Carta de Vitória", enviada a autoridades brasileiras e internacionais. O documento expressa o compromisso do setor com a sustentabilidade e com normas claras de uso da madeira.
Apesar dos avanços, o cenário internacional ainda resiste à proposta brasileira, muitas vezes por desconhecimento da realidade. O Ibama cumpre seu papel, mas é necessário considerar as especificidades do mercado musical. A atenção concentra-se nas pessoas físicas envolvidas em crimes ambientais, mas ignora os compradores estrangeiros que financiam o tráfico da madeira. Sem combater esse elo, não será possível enfrentar um problema global.
O futuro de toda uma indústria - e da música clássica como a conhecemos - depende das decisões que tomarmos agora. Estamos prontos para ser parte da solução. Substituir o pau-brasil comprometeria séculos de tradição sonora. A regulamentação deve proteger, sim, a floresta - mas também quem planta e produz legalmente. O Brasil tem a oportunidade de liderar um modelo que concilie conservação ambiental e desenvolvimento. A madeira que deu nome a nosso país deve continuar a emocionar plateias em todo o mundo como símbolo de cultura, sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2025/07/preservar-o-pau-brasil-e-questao-ambiental-e-cultural.ghtml
Perda da árvore, matéria-prima para arcos de instrumentos de corda, comprometeria séculos de tradição artesanal e sonora
08/07/2025
Daniel Neves
Presidente da Associação Nacional da Indústria da Música
Símbolo nacional e protagonista discreto em salas de concerto ao redor do mundo, o pau-brasil vive hoje entre a história e a sobrevivência. Nativo da Mata Atlântica e ameaçado de extinção, ainda é a matéria-prima mais valorizada para arcos de instrumentos de corda, como os violinos. Insubstituível para músicos profissionais, sua perda comprometeria séculos de tradição artesanal e sonora.
A Associação Nacional da Indústria da Música, representante dos archeteiros - artesãos que produzem esses arcos -, atua ao lado de universidades, instituições públicas e centros de pesquisa na preservação da espécie. No Espírito Santo, milhares de mudas de pau-brasil - ou Pernambuco wood, como é conhecido internacionalmente - vêm sendo plantadas desde 2006 pelo Programa de Fomento Florestal, parceria entre Instituto Verde Brasil, governo estadual e Incra.
A Universidade Federal do Espírito Santo conduz, há mais de uma década, estudos sobre variações na densidade da madeira e características genéticas que favorecem seu uso industrial. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro também é referência no manejo sustentável da espécie.
Esses avanços, porém, precisam ser convertidos em políticas públicas. Defendemos duas frentes fundamentais. A primeira é garantir que pesquisas com árvores reflorestadas avancem sem barreiras burocráticas. A segunda é apoiar, junto ao Ibama e ao Itamaraty, a inclusão do pau-brasil nativo no Anexo I da Cites - convenção que regula o comércio internacional de espécies -, conferindo-lhe máxima proteção. A proposta será votada na próxima conferência, no Uzbequistão, entre 24 de novembro e 5 de dezembro. Em paralelo, propomos manter a madeira reflorestada no Anexo II, com uso legal e sustentável.
Mais de 50 representantes de universidades, centros de pesquisa, luthiers, músicos e orquestras assinaram a "Carta de Vitória", enviada a autoridades brasileiras e internacionais. O documento expressa o compromisso do setor com a sustentabilidade e com normas claras de uso da madeira.
Apesar dos avanços, o cenário internacional ainda resiste à proposta brasileira, muitas vezes por desconhecimento da realidade. O Ibama cumpre seu papel, mas é necessário considerar as especificidades do mercado musical. A atenção concentra-se nas pessoas físicas envolvidas em crimes ambientais, mas ignora os compradores estrangeiros que financiam o tráfico da madeira. Sem combater esse elo, não será possível enfrentar um problema global.
O futuro de toda uma indústria - e da música clássica como a conhecemos - depende das decisões que tomarmos agora. Estamos prontos para ser parte da solução. Substituir o pau-brasil comprometeria séculos de tradição sonora. A regulamentação deve proteger, sim, a floresta - mas também quem planta e produz legalmente. O Brasil tem a oportunidade de liderar um modelo que concilie conservação ambiental e desenvolvimento. A madeira que deu nome a nosso país deve continuar a emocionar plateias em todo o mundo como símbolo de cultura, sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2025/07/preservar-o-pau-brasil-e-questao-ambiental-e-cultural.ghtml
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