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Urnas funerárias milenares lançam luz sobre rituais indígenas ancestrais no Amazonas
12/06/2025
Autor: Ligia Moraes
Fonte: Revista Veja - https://veja.abril.com.br/
Urnas funerárias milenares lançam luz sobre rituais indígenas ancestrais no Amazonas
A descoberta aconteceu por acaso no município de Fonte Boa, interior do Amazonas, quando a queda de uma árvore expôs raízes entrelaçadas a fragmentos de cerâmica. Sete urnas funerárias foram encontradas enterradas a 40 centímetros de profundidade em uma área de várzea que integra o sítio arqueológico Lago do Cochila - parte de um conjunto de ilhas artificiais construídas por povos indígenas há séculos ou milênios com terra e fragmentos de cerâmica, elevando o terreno alagado para a construção de casas e atividades sociais.
O achado, divulgado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, só foi possível graças à mobilização da comunidade local. O manejador de pirarucu Walfredo Cerqueira acionou o padre Joaquim Silva, que levou o caso ao arqueólogo Márcio Amaral, do Instituto Mamirauá, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A partir disso, iniciou-se uma expedição em parceria com moradores da comunidade de São Lázaro do Arumandubinha
O que revelam os objetos encontrados?
No interior das urnas estavam fragmentos de ossos humanos, restos de peixes e quelônios, sugerindo que os sepultamentos envolviam práticas funerárias e rituais alimentares. Segundo a pesquisadora Geórgea Layla Holanda, duas urnas de grande volume chamaram atenção por não apresentarem tampas cerâmicas visíveis, o que indica a possibilidade de uso de materiais orgânicos para o selamento - hoje já decompostos.
Além disso, as cerâmicas recolhidas trazem traços inéditos para a arqueologia da região. Entre os fragmentos analisados, foram identificadas peças feitas com uma rara argila esverdeada e decoradas com engobes e faixas vermelhas. Esses traços não se alinham diretamente com nenhuma das tradições cerâmicas conhecidas na Amazônia, como a Tradição Polícroma, indicando a possível existência de um horizonte cultural ainda pouco explorado no Alto Solimões.
O que isso muda na compreensão sobre os povos da várzea?
As evidências reforçam a tese de que as áreas de várzea da Amazônia não eram ocupadas apenas de forma temporária, como se pensava. A existência de sepultamentos sob antigas moradias, em estruturas elevadas e planejadas, aponta para uma ocupação contínua e adaptada ao regime de cheias. Segundo os pesquisadores, os achados demonstram o nível de sofisticação técnica, social e simbólica dos povos indígenas ancestrais - e a importância de valorizar tanto os vestígios arqueológicos quanto os conhecimentos tradicionais ainda vivos nas comunidades ribeirinhas da região.
https://veja.abril.com.br/ciencia/urnas-funerarias-milenares-lancam-luz-sobre-rituais-indigenas-ancestrais-no-amazonas/
A descoberta aconteceu por acaso no município de Fonte Boa, interior do Amazonas, quando a queda de uma árvore expôs raízes entrelaçadas a fragmentos de cerâmica. Sete urnas funerárias foram encontradas enterradas a 40 centímetros de profundidade em uma área de várzea que integra o sítio arqueológico Lago do Cochila - parte de um conjunto de ilhas artificiais construídas por povos indígenas há séculos ou milênios com terra e fragmentos de cerâmica, elevando o terreno alagado para a construção de casas e atividades sociais.
O achado, divulgado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, só foi possível graças à mobilização da comunidade local. O manejador de pirarucu Walfredo Cerqueira acionou o padre Joaquim Silva, que levou o caso ao arqueólogo Márcio Amaral, do Instituto Mamirauá, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A partir disso, iniciou-se uma expedição em parceria com moradores da comunidade de São Lázaro do Arumandubinha
O que revelam os objetos encontrados?
No interior das urnas estavam fragmentos de ossos humanos, restos de peixes e quelônios, sugerindo que os sepultamentos envolviam práticas funerárias e rituais alimentares. Segundo a pesquisadora Geórgea Layla Holanda, duas urnas de grande volume chamaram atenção por não apresentarem tampas cerâmicas visíveis, o que indica a possibilidade de uso de materiais orgânicos para o selamento - hoje já decompostos.
Além disso, as cerâmicas recolhidas trazem traços inéditos para a arqueologia da região. Entre os fragmentos analisados, foram identificadas peças feitas com uma rara argila esverdeada e decoradas com engobes e faixas vermelhas. Esses traços não se alinham diretamente com nenhuma das tradições cerâmicas conhecidas na Amazônia, como a Tradição Polícroma, indicando a possível existência de um horizonte cultural ainda pouco explorado no Alto Solimões.
O que isso muda na compreensão sobre os povos da várzea?
As evidências reforçam a tese de que as áreas de várzea da Amazônia não eram ocupadas apenas de forma temporária, como se pensava. A existência de sepultamentos sob antigas moradias, em estruturas elevadas e planejadas, aponta para uma ocupação contínua e adaptada ao regime de cheias. Segundo os pesquisadores, os achados demonstram o nível de sofisticação técnica, social e simbólica dos povos indígenas ancestrais - e a importância de valorizar tanto os vestígios arqueológicos quanto os conhecimentos tradicionais ainda vivos nas comunidades ribeirinhas da região.
https://veja.abril.com.br/ciencia/urnas-funerarias-milenares-lancam-luz-sobre-rituais-indigenas-ancestrais-no-amazonas/
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