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Projeto ilumina comunidades quilombolas na Ilha de Marajó com postes solares
10/07/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Projeto ilumina comunidades quilombolas na Ilha de Marajó com postes solares
'Ver luz é um privilégio', diz beneficiada por ação da Copa Energia e ONG Litro de Luz em área remota da Amazônia Legal, onde 1 milhão vive sem energia
10/07/2025
Victória Pacheco
Quando a noite pairava sobre a comunidade quilombola de Tartarugueiro, na Ilha de Marajó (PA), seus moradores não arriscavam sair de casa. Todos sabiam que quem se aventurasse pela escuridão com lamparina em mãos poderia ser surpreendido por uma picada de cobra.
Durante anos, Carmen Viana, 43, viu a situação se repetir com vizinhos e familiares, incluindo o filho e a sogra. Era por esse e outros medos que ela própria evitava sair sozinha após o entardecer, mesmo para caminhadas de poucos minutos.
Recentemente, os hábitos noturnos da população local começaram a mudar. Entre os dias 12 e 15 de junho, a ONG Litro de Luz e a Copa Energia instalaram 35 postes solares na comunidade e outros 45 em Santana do Arari (PA), em ação que envolveu moradores e voluntários.
Os dispositivos feitos com garrafas PET e canos de PVC têm bateria de lítio e placa solar, que carrega durante o dia e fornece iluminação por aproximadamente oito horas à noite.
"Sentar na frente de casa, olhar para longe e ver luz é um privilégio. Queria que minha mãe, falecida há três anos, e minha avó, que passou a vida inteira usando lamparina, tivessem visto isso", diz Carmen.
Ainda em 2023, foram realizadas reuniões para apresentar o projeto e entender as necessidades do território. Além de participar ativamente da instalação dos postes, moradores passaram por treinamento para realizar manutenções nos equipamentos.
Pelos próximos cinco anos, a ONG manterá contato com 20 representantes de ambas as localidades, do total de 175 famílias beneficiadas (cerca de 750 pessoas).
"O intuito é dar autonomia, sem deixar de apoiá-los caso eles precisem de nós. Por isso, fizemos um trabalho prévio de capacitação ao longo de três meses", explica Tayane Belém, diretora de Marketing e Parcerias do Litro de Luz.
Foram necessários três dias para instalar os postes nas comunidades, que ficam a quatro horas de barco de Belém e apresentam desafios logísticos como estradas sem asfalto e falta de conectividade.
Esta foi a quarta edição da parceria entre a ONG e a empresa do setor energético, iniciada em 2023 com o objetivo de ampliar o acesso à energia limpa em áreas urbanas e rurais. O Pará foi escolhido na última ação por ser um dos estados com os maiores índices de pobreza energética do país.
Relatório do Instituto de Energia e Meio Ambiente mostra que o número de pessoas sem acesso à energia elétrica na Amazônia Legal beira 1 milhão, sendo o Pará o estado com o maior contingente. Lá, mais de 409 mil habitantes vivem sem eletricidade -quase 5% da população.
Segundo Tayane, a opção de focar na iluminação pública partiu dos territórios quilombolas. "Trabalhamos também com soluções internas, para casas, mas percebemos que a demanda por postes era maior. Além do medo de ataques de animais, havia o receio de que crianças e idosos se acidentassem no escuro."
A chegada da iluminação pública ajudou a "revelar a beleza da comunidade à noite", na visão de Gustavo Ferreira, 18, de Tartarugueiro.
"A gente não tinha o hábito de sair de casa depois que escurecia", conta. "Mas as pessoas agora se sentam nos bancos para conversar, as crianças brincam, e já teve até luau ao pé de um dos postes."
Para Lavinia Hollanda, diretora de Sustentabilidade da Copa Energia, a ação evidencia o potencial da articulação entre diferentes atores para ampliar o acesso de grupos vulneráveis à eletricidade.
A empresa especializada em engarrafamento, comercialização e distribuição de GLP (gás liquefeito de petróleo) estuda como levar essa e outras experiências de sua agenda de sustentabilidade para a COP30.
"Precisamos de propostas na COP que envolvam sociedade civil e os setores privado e público, porque a pobreza energética é um problema que empresas não resolverão sozinhas, tampouco o poder público. Mais do que isso, é necessário ouvir quem sofre as consequências disso diariamente", diz Lavinia.
https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2025/07/projeto-ilumina-comunidades-quilombolas-na-ilha-de-marajo-com-postes-solares.shtml
'Ver luz é um privilégio', diz beneficiada por ação da Copa Energia e ONG Litro de Luz em área remota da Amazônia Legal, onde 1 milhão vive sem energia
10/07/2025
Victória Pacheco
Quando a noite pairava sobre a comunidade quilombola de Tartarugueiro, na Ilha de Marajó (PA), seus moradores não arriscavam sair de casa. Todos sabiam que quem se aventurasse pela escuridão com lamparina em mãos poderia ser surpreendido por uma picada de cobra.
Durante anos, Carmen Viana, 43, viu a situação se repetir com vizinhos e familiares, incluindo o filho e a sogra. Era por esse e outros medos que ela própria evitava sair sozinha após o entardecer, mesmo para caminhadas de poucos minutos.
Recentemente, os hábitos noturnos da população local começaram a mudar. Entre os dias 12 e 15 de junho, a ONG Litro de Luz e a Copa Energia instalaram 35 postes solares na comunidade e outros 45 em Santana do Arari (PA), em ação que envolveu moradores e voluntários.
Os dispositivos feitos com garrafas PET e canos de PVC têm bateria de lítio e placa solar, que carrega durante o dia e fornece iluminação por aproximadamente oito horas à noite.
"Sentar na frente de casa, olhar para longe e ver luz é um privilégio. Queria que minha mãe, falecida há três anos, e minha avó, que passou a vida inteira usando lamparina, tivessem visto isso", diz Carmen.
Ainda em 2023, foram realizadas reuniões para apresentar o projeto e entender as necessidades do território. Além de participar ativamente da instalação dos postes, moradores passaram por treinamento para realizar manutenções nos equipamentos.
Pelos próximos cinco anos, a ONG manterá contato com 20 representantes de ambas as localidades, do total de 175 famílias beneficiadas (cerca de 750 pessoas).
"O intuito é dar autonomia, sem deixar de apoiá-los caso eles precisem de nós. Por isso, fizemos um trabalho prévio de capacitação ao longo de três meses", explica Tayane Belém, diretora de Marketing e Parcerias do Litro de Luz.
Foram necessários três dias para instalar os postes nas comunidades, que ficam a quatro horas de barco de Belém e apresentam desafios logísticos como estradas sem asfalto e falta de conectividade.
Esta foi a quarta edição da parceria entre a ONG e a empresa do setor energético, iniciada em 2023 com o objetivo de ampliar o acesso à energia limpa em áreas urbanas e rurais. O Pará foi escolhido na última ação por ser um dos estados com os maiores índices de pobreza energética do país.
Relatório do Instituto de Energia e Meio Ambiente mostra que o número de pessoas sem acesso à energia elétrica na Amazônia Legal beira 1 milhão, sendo o Pará o estado com o maior contingente. Lá, mais de 409 mil habitantes vivem sem eletricidade -quase 5% da população.
Segundo Tayane, a opção de focar na iluminação pública partiu dos territórios quilombolas. "Trabalhamos também com soluções internas, para casas, mas percebemos que a demanda por postes era maior. Além do medo de ataques de animais, havia o receio de que crianças e idosos se acidentassem no escuro."
A chegada da iluminação pública ajudou a "revelar a beleza da comunidade à noite", na visão de Gustavo Ferreira, 18, de Tartarugueiro.
"A gente não tinha o hábito de sair de casa depois que escurecia", conta. "Mas as pessoas agora se sentam nos bancos para conversar, as crianças brincam, e já teve até luau ao pé de um dos postes."
Para Lavinia Hollanda, diretora de Sustentabilidade da Copa Energia, a ação evidencia o potencial da articulação entre diferentes atores para ampliar o acesso de grupos vulneráveis à eletricidade.
A empresa especializada em engarrafamento, comercialização e distribuição de GLP (gás liquefeito de petróleo) estuda como levar essa e outras experiências de sua agenda de sustentabilidade para a COP30.
"Precisamos de propostas na COP que envolvam sociedade civil e os setores privado e público, porque a pobreza energética é um problema que empresas não resolverão sozinhas, tampouco o poder público. Mais do que isso, é necessário ouvir quem sofre as consequências disso diariamente", diz Lavinia.
https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2025/07/projeto-ilumina-comunidades-quilombolas-na-ilha-de-marajo-com-postes-solares.shtml
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