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COP30: Lideranças devem apontar territórios indígenas como resposta à crise climática
03/06/2025
Autor: Ana Cláudia Leocádio
Fonte: Agencia Cenarium - https://agenciacenarium.com.br
BRASÍLIA (DF) - Lideranças indígenas de nove países da Bacia Amazônica discutem, durante um encontro em Brasília, como assegurar que os territórios indígenas sejam considerados como instrumentos fundamentais no combate à crise climática e constem nos documentos finais que serão assinados durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada de 10 a 21 de novembro em Belém (PA).
Liderada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a Pré-COP Indígena é um encontro estratégico que marca a elaboração e lançamento da Contribuição Nacionalmente Determinada Indígena (NDC), um documento paralelo à NDC oficial do Brasil, divulgado no ano passado, mas que não contou com as contribuições dos povos originários. O evento tem o apoio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da coalizão internacional G9 da Amazônia Indígena.
Na manhã desta terça-feira, 3, o encontro reuniu representantes dos países da Bacia Amazônica, como Colômbia, Peru, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela e Bolívia, para discutir estratégias que assegurem os direitos dos povos indígenas aos seus territórios, além de garantir que essa proposta seja levada em conta pelos países partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC).
Mas antes da COP30, a NDC indígena deverá ser levada a Bonn, na Alemanha, durante uma reunião das delegações negociadoras da Conferência, entre os dias 16 e 26 deste mês, onde serão tomadas as primeiras decisões antes do encontro na capital do Pará.
Para a representante da Coiab na Bacia Amazônica, Ângela Kaxuyana, as últimas 29 COPs realizadas discutiram planos e metas para o clima sem considerar, de fato, o conhecimento, a sabedoria e a tecnologia indígena para o enfrentamento e equilíbrio do clima.
"Levou-se 30 anos para a gente, de fato, trazer para o mundo inteiro uma resposta muito direta de que não se avançará mais com planos, metas e tratados para o equilíbrio do clima se não considerar todo o conhecimento e toda a sabedoria dos povos indígenas nos seus territórios", afirmou Kaxuyana, cujo território está localizado no município de Oriximiná, no Pará.
A dirigente ressalta que os debates, durante o encontro da Pré-COP Indígena, deixam claro que os povos indígenas dos demais países têm em comum os mesmos temas e ações estratégicas como bandeiras de luta, como a demarcação e titulação de seus territórios como resposta à crise climática.
"Como a gente avança com metas e planos de enfrentamento da crise climática se não considerar os territórios indígenas como mecanismos, como uma resposta concreta para garantir isso? O centro da discussão é conectar o quanto o território dos povos indígenas é a partida principal para a discussão de qualquer outra meta", ressaltou Kaxuyana.
Ela também critica o fato de a NDC brasileira ter sido elaborada sem a escuta ativa dos povos indígenas, sem levar em conta a realidade por que passam e seus anseios. "Ela continua sendo uma NDC que não está de acordo, não casa e não conecta com o que a gente, de fato, tem trazido para o espaço de discussão. Continua sendo um plano de cima para baixo, sem considerar as autoridades, a potência que os povos indígenas têm de transformar essas metas em realidade", avaliou.
Aproveitar espaços da COP30
Escolhida para estar entre os 30 enviados especiais do governo brasileiro para apoiar o engajamento e a escuta de setores e regiões prioritárias para a COP30, a indígena Wapichana Sinéia do Vale disse que se prepara para essa conferência desde 2011. Ela acredita que o encontro será um espaço importante para que os povos originários levem suas vozes e estratégias para serem escutadas pelos Estados que participam da conferência.
Mesmo ciente de que a COP30 é uma reunião técnica, cujos temas geralmente já estão pré-estabelecidos e decididos anteriormente, Sinéia conta com a experiência acumulada como presidente da América Latina e Caribe no Fórum Mundial de Povos Indígenas na UNFCCC. Por isso, a expectativa é de acolher os povos indígenas na garantia de seus direitos dentro de todos os temas que serão discutidos durante a conferência, para que eles possam levar, concretamente, suas estratégias.
"Uma COP no Brasil, com todas as questões que nós temos, de logística, de credenciamento para chegar à COP, os povos indígenas têm de fazer desse momento um espaço de oportunidade, de trazer e pautar tudo aquilo que nós temos de mais rico, que são os territórios indígenas. Para falar de mitigação, os territórios indígenas são os que mais mitigam. Para falar de adaptação, os territórios indígenas são os que mais se adaptam", reiterou Sinéia.
Um dos grandes desafios para os povos indígenas nessa COP será estar dentro dos espaços de decisão, e Sinéia acredita que sua indicação como enviada especial, além da presidência do Caucus para a América Latina e Caribe, a insere no acompanhamento de como o governo brasileiro está trabalhando para garantir que a participação dos povos indígenas nesses espaços seja real.
"A minha expectativa, cada vez mais, é que a gente venha a ocupar esses espaços de decisão. Onde eles estão? Nas mesas de negociação. E é lá que a gente precisa estar", afirmou, acrescentando que, somente nos espaços credenciados, serão mil representantes indígenas de todo o mundo, com participação garantida na COP, e será importante que cada um deles esteja preparado para ocupar os espaços e levar suas demandas.
A NDC Indígena será divulgada pelas lideranças da Bacia Amazônica, nessa quinta-feira, 5, e deve contar com a participação das ministras dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
https://agenciacenarium.com.br/cop30-liderancas-devem-apontar-territorios-indigenas-como-resposta-a-crise-climatica/
Liderada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a Pré-COP Indígena é um encontro estratégico que marca a elaboração e lançamento da Contribuição Nacionalmente Determinada Indígena (NDC), um documento paralelo à NDC oficial do Brasil, divulgado no ano passado, mas que não contou com as contribuições dos povos originários. O evento tem o apoio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da coalizão internacional G9 da Amazônia Indígena.
Na manhã desta terça-feira, 3, o encontro reuniu representantes dos países da Bacia Amazônica, como Colômbia, Peru, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela e Bolívia, para discutir estratégias que assegurem os direitos dos povos indígenas aos seus territórios, além de garantir que essa proposta seja levada em conta pelos países partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC).
Mas antes da COP30, a NDC indígena deverá ser levada a Bonn, na Alemanha, durante uma reunião das delegações negociadoras da Conferência, entre os dias 16 e 26 deste mês, onde serão tomadas as primeiras decisões antes do encontro na capital do Pará.
Para a representante da Coiab na Bacia Amazônica, Ângela Kaxuyana, as últimas 29 COPs realizadas discutiram planos e metas para o clima sem considerar, de fato, o conhecimento, a sabedoria e a tecnologia indígena para o enfrentamento e equilíbrio do clima.
"Levou-se 30 anos para a gente, de fato, trazer para o mundo inteiro uma resposta muito direta de que não se avançará mais com planos, metas e tratados para o equilíbrio do clima se não considerar todo o conhecimento e toda a sabedoria dos povos indígenas nos seus territórios", afirmou Kaxuyana, cujo território está localizado no município de Oriximiná, no Pará.
A dirigente ressalta que os debates, durante o encontro da Pré-COP Indígena, deixam claro que os povos indígenas dos demais países têm em comum os mesmos temas e ações estratégicas como bandeiras de luta, como a demarcação e titulação de seus territórios como resposta à crise climática.
"Como a gente avança com metas e planos de enfrentamento da crise climática se não considerar os territórios indígenas como mecanismos, como uma resposta concreta para garantir isso? O centro da discussão é conectar o quanto o território dos povos indígenas é a partida principal para a discussão de qualquer outra meta", ressaltou Kaxuyana.
Ela também critica o fato de a NDC brasileira ter sido elaborada sem a escuta ativa dos povos indígenas, sem levar em conta a realidade por que passam e seus anseios. "Ela continua sendo uma NDC que não está de acordo, não casa e não conecta com o que a gente, de fato, tem trazido para o espaço de discussão. Continua sendo um plano de cima para baixo, sem considerar as autoridades, a potência que os povos indígenas têm de transformar essas metas em realidade", avaliou.
Aproveitar espaços da COP30
Escolhida para estar entre os 30 enviados especiais do governo brasileiro para apoiar o engajamento e a escuta de setores e regiões prioritárias para a COP30, a indígena Wapichana Sinéia do Vale disse que se prepara para essa conferência desde 2011. Ela acredita que o encontro será um espaço importante para que os povos originários levem suas vozes e estratégias para serem escutadas pelos Estados que participam da conferência.
Mesmo ciente de que a COP30 é uma reunião técnica, cujos temas geralmente já estão pré-estabelecidos e decididos anteriormente, Sinéia conta com a experiência acumulada como presidente da América Latina e Caribe no Fórum Mundial de Povos Indígenas na UNFCCC. Por isso, a expectativa é de acolher os povos indígenas na garantia de seus direitos dentro de todos os temas que serão discutidos durante a conferência, para que eles possam levar, concretamente, suas estratégias.
"Uma COP no Brasil, com todas as questões que nós temos, de logística, de credenciamento para chegar à COP, os povos indígenas têm de fazer desse momento um espaço de oportunidade, de trazer e pautar tudo aquilo que nós temos de mais rico, que são os territórios indígenas. Para falar de mitigação, os territórios indígenas são os que mais mitigam. Para falar de adaptação, os territórios indígenas são os que mais se adaptam", reiterou Sinéia.
Um dos grandes desafios para os povos indígenas nessa COP será estar dentro dos espaços de decisão, e Sinéia acredita que sua indicação como enviada especial, além da presidência do Caucus para a América Latina e Caribe, a insere no acompanhamento de como o governo brasileiro está trabalhando para garantir que a participação dos povos indígenas nesses espaços seja real.
"A minha expectativa, cada vez mais, é que a gente venha a ocupar esses espaços de decisão. Onde eles estão? Nas mesas de negociação. E é lá que a gente precisa estar", afirmou, acrescentando que, somente nos espaços credenciados, serão mil representantes indígenas de todo o mundo, com participação garantida na COP, e será importante que cada um deles esteja preparado para ocupar os espaços e levar suas demandas.
A NDC Indígena será divulgada pelas lideranças da Bacia Amazônica, nessa quinta-feira, 5, e deve contar com a participação das ministras dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
https://agenciacenarium.com.br/cop30-liderancas-devem-apontar-territorios-indigenas-como-resposta-a-crise-climatica/
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