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Mercado de carbono ganha protagonismo na corrida por financiamento climático, dizem especialistas

21/08/2025

Fonte: OESP - https://www.estadao.com.br/



Mercado de carbono ganha protagonismo na corrida por financiamento climático, dizem especialistas
COP-30 aumenta pressão por acordos entre países e pressiona busca por investimentos na área, avaliam especialistas no Estadão Summit ESG 2025

21/08/2025

Juliana Portugal

O ano da COP-30, que ocorrerá em novembro, no Brasil, marca a largada para a implementação de um novo compromisso climático global: o Novo Objetivo Coletivo Quantificado (NCQG, na sigla em inglês), compromisso firmado pelas economias desenvolvidas para apoiar países em desenvolvimento na adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

Revisada durante a COP-29 no Azerbaijão, a meta substitui o compromisso anterior de destinar US$ 100 bilhões anuais, valor considerado muito abaixo dos US$ 5,9 trilhões necessários por ano até 2030. O debate envolve não apenas a liberação de recursos, por meio do Fundo Clima e de fundos soberanos, mas também mecanismos de mercado, como o comércio de créditos de carbono, que vem atraindo cada vez mais as atenções no Brasil.

De acordo com o conselheiro da Ambipar, empresa focada em soluções ambientais, Plínio Ribeiro, o primeiro passo para entender o mercado de carbono é distinguir a divisão que há nele. "Há o mercado regulado e o voluntário. O primeiro é muito maior, mas ele é algo que funciona apenas dentro de um único país. Não tem histórico de crédito de carbono. Ele conta com as permissões de emissões para as empresas que precisam comprar obrigatoriamente aquela compensação", afirma.

O executivo foi um dos participantes do Estadão Summit ESG 2025, realizado em São Paulo nesta quinta-feira, 21.

Já o voluntário, segundo Ribeiro, ao contrário do que o nome sugere, acontece por ação das empresas que estão comprando (crédito) e não por voluntarismo. "O mercado voluntário vem para que aconteça antes da regulação porque se gasta muito tempo discutindo regulação, mas, na prática, os resultados das regulações são pequenos." Outro diferencial entre os mercados é o preço. Ribeiro afirma que o voluntário obedece a uma lógica de oferta e demanda mais clara, ressaltando que é uma demanda global, com uma ordem de US$ 2 bilhões por ano.

"É preciso não esquecer que o mercado de carbono existe para combater a mudança climática. Um dos desafios para destravar financiamento é que ainda é um mercado novo e algumas iniciativas do passado ficaram com fama de apenas vender sonho", afirma Caio Franco, head de Políticas Públicas da Mombak, startup brasileira focada na regeneração florestal e remoção de carbono da atmosfera através do reflorestamento.

O mercado de carbono também tem visibilidade no artigo 6 do Acordo de Paris, que segundo a gerente de Políticas Climáticas e Mercados de Carbono da LaClima, uma rede de advogados de direito das mudanças climáticas na América Latina, Juliana Marcussi, é uma via para conquistar recursos financeiros e estimular iniciativas de redução de gás carbônico.

De acordo com Juliana, dentro do artigo 6 há dois itens que merecem destaque: o 6.2 e o 6.4. "O 6.2 é um mercado entre países. A troca vai ser entre os resultados de mitigação de emissões. Um país que conseguiu (alcançar o seu resultado) e não vai precisar para bater a sua meta de NDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada) vai vender para países que precisam", explica. Já o 6.4 é semelhante ao mercado voluntário detalhado por Ribeiro. "Qualquer pessoa pode participar, não só países. Expectativa de começar ano que vem", complementa.

Recursos nacionais
Com mudanças constantes nas áreas, as soluções muitas vezes precisam ser revistas. "Quando o Acordo de Paris foi negociado, tinha a meta de mobilização de US$ 100 bilhões anuais dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos para que a transição energética fosse feita nos países que ainda não tinha uma base para isso. E essa meta nunca foi cumprida", afirma o superintendente da Área de Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nabil Kadri.

Kadri cita o Fundo Clima como uma "contribuição nacional, criado em 2009, com um conceito inovador para a época e até hoje, que parte do conceito de blended finance (forma de investimento que permite que organizações com objetivos diferentes invistam lado a lado enquanto alcançam seus próprios objetivos: financeiro, impacto socioambiental ou ambos)."

Em 2024, o Fundo Clima Ano passado executou R$ 10 bilhões. De acordo com Kadri, a expectativa é parecida para este ano. "Mais do que o valor movimentado é preciso analisar o que gera de impacto. O que o Fundo de Clima financiou de projetos econômicos de redução de emissão, no ano passado, equivale a nove meses de toda a frota de carro de São Paulo", diz.

O Fundo Clima é administrado pelo BNDES, porém, operado por toda a rede bancária brasileira. "O Bradesco é um dos maiores repassadores do Fundo Clima. A iniciativa é parte da nossa estratégia climática. Além disso, contamos com um time dedicado para garantir que os riscos socioambientais não sejam efetivados", diz o gerente de Finanças Sustentáveis e Mudanças Climáticas do Bradesco, Guilherme Rinco.

https://www.estadao.com.br/economia/mercado-carbono-protagonismo-financiamento-climatico-estadao-summit-esg/
 

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